CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
LIRA DOS QUINZE ANOS * ANTONIO CABRAL FILHO http://letrastaquarenses.blogspot.com.br
daqueles colegas de infância
com seus mundos cor-de-rosa,
heróis de história em quadrinho,
coca-cola, chiclete, karmanguia,
lencinhos perfumados, documentos,
sem sombra de movimentos
que os anos não trazem mais
Como eram frios os versos
profundamente românticos!
Mas contra os versos
profundamente românticos
a alma dos versos meus
é francamente livre
e cospe na cara do eu-lírico
que caça borboletas azuis.
Oh que alegrias que eu trago
das minhas gazetas da infância,
daquelas tardes jongueiras
à sombra dos oitiseiros
entre o Largo da Carioca
e o Tabuleiro da Baiana
com tudo quanto é quitute,
e os chamegos da mulata.
cuscuz, cocada, quindins
e os chamegos da mulata.
Oh que saudades que eu tenho
da minha Avenida Central,
avenida dos meus sonhos
colhidos na Cinelândia
e comidos nos Arcos da Lapa
por alguma linda Brigite
com beijo gosto de menta
e seios de Marilyn Monroe.
Pobre do espírito pudico
que nunca esbarou com Cupido!
Jamaisse esbaldou
nas tabernas da Praça Mauá
degustando cuba-libre
com as nossas Bardots,
nem trocou beijos calientes
entre senha e contrassenha
com alguma companheira
aos cicios " pela revolução!"
nas esquinas da Rio Branco.
Livre filho suburbano,
desfilava satisfeito
por meu boulevard sem Paris
da minha Avenida Central,
que só virou Rio branco
para agradar ditos-cujos,
e ria com meus olhos leigos
da anarquia arquitetônica
daquele casario sem eiras,
que o Pereira "passo" extinguiu
com um só "bota- baixo ".
Naqueles tempos ruidosos
de ardente adolescência,
papai montava a cavalo
e saía pra campear,
mamãe brandia o chicote
e o leite fervia
no fogão a lenha,
eu era pingente de trem
e oficie-boy da Light
e Chê Guevara era bandeira
nas barricadas de Paris.
Ai que saudades que eu tenho
da Avenida Rio Branco
como um palco a céu aberto
p'rum côro de cem mil vozes
cantando Geraldo Vandré:
"Vem, vamos embora,
que esperar não é saber.
Quem sabe, faz a hora,
não espera a contecer."
Mas "saudades" que eu sinto,
"saudades" que me doem fundo mesmo
são da Avenida Rio Branco
na Passeata dos Cem Mil
no auge dos meus quinze anos,
daquela gente bronzeada
mostrando tanto valor
só pra mudar o Brasil,
dos "bailes" que eu dei nos "ome"
na Biblioteca Nacional
com o saco de bola-de-gude,
do Wladimir trepado no poste
gritando "Abaixo a Ditadura!"
alheio ao gás lacrimogênio,
das balas com endereço certo
e o sangue correndo solto.......
...........................................................
são "saudades" que a palavra
lhes recusa assinatura,
coisas muito duras para esquecer,
como diz o rei Roberto,
mas me fazem muito bem
que os anos não tragam mais.
Por isso, eu sigo cantando
"Caminhando" com Vandré:
"Vem, vamos embora,
que esperar não é saber,
quem sabe faz a hora,
não espera acontecer."
***
* Publicado no http://blogdopoetacabral.blogspot.com.br
***
Submited by
Poesia :
- Se logue para poder enviar comentários
- 426 leituras
other contents of Antonio Cabral Filho
- « início
- ‹ anterior
- 1
- 2
- 3
- 4
Add comment