LUTA INTRÍNSECA

Luta intrínseca

Eu tenho aqui, na ponta de meus dedos, um luzir de estrelas com peso de paina.

É quase uma silhueta de lua crescente, que por ser tênue é também, pura.

Vem de meu refolho, esta flor rara, a se transformar em carinho.

Não são, entretanto, méritos meus este desprender de luzir de estrelas.

São sementes jogadas em meu solo por teus olhos, como se me luzissem,

insistentemente e incessantemente... permanentemente, no firmamento.

Se jamais sentistes a doçura de afagar-me ou a outrem, sem ter em ti este regozijo,

te perde em devaneios de sentir, ou ter sentido, a carícia que o amor se faz sentir.

Há neste afagar um joussence indefinível de prazer/doar/amar inigualável.
 

Se bem que ao poeta, ao seu entendimento do profundo desta nascente,

o queira reciprocidade na perfectibilidade deste sentir e as dores sejam prementes.

A luta intrínseca de minha alma fica assim para o altruísmo, em te aceitar.

O quanto eu te queria querer e me satisfazer apenas pela presença, forma um vácuo,

sem completude, que seria como roubar a cada anoitecer, algum brilho de estrela.

Mas roubar-te, retirar teu brilho: seria te apagar e não mais te ver...

Diante da pretensa escuridão de um céu apagado, um vaga-lume zanza,

na fuga de alguma teia, em busca de se encontrar, ao se encontrar.

Sem ti, também não tenho luz, nem nos olhos ou em meus dedos, apenas, medo.