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Malogradas Gentes

Embalado pela fonte, que goteja,
Pelo relógio, no seu trabalhar,
Muito, pelo meu coração, que peleja…
Eu viajo lá, para o tão distante,
Sem sair do mesmo lugar!
E vejo tudo tão de perto…
São tantas, as caras fechadas
E tão poucas, as de sorriso aberto.

Vejo miríades de pessoas
Tomadas pela destreza.
Eu miro o seu semblante…
Em muitas, eu vejo um temido estar,
Em outras, uma pretensiosa esperteza.
Todas elas, num correr constante,
Que desenfreadas, sem parar,
Trilham os caminhos da incerteza.

Quantas olham, em seu redor
E sentem-se espavoridas…
Esgaravatam, por todos os lados,
Como, se o andar-se neste mundo,
Fosse, o garimpar-se ocasiões perdidas.
Todas elas querem sentir-se amadas,
Mas, lá, bem no seu mais profundo
Elas sentem-se, é, por aí, abandonadas.

É a gente, como o menino, que chora,
Por já não ter, onde se aconchegar.
Pois, todos, os seus foram-se embora…
Não sente ninguém, que o possa amar!
O que a fome, quase, o mata
O que, a todos, implora!
O que, simulando um sorriso de outrora,
Vende a sua alma à gente farta.

É a gente, que, um dia, irá compreender,
Porque vê-se, tanta face apagada…
Tanta criança a morrer!
São vidas, que não valem nada…
E tantas outras a serem ceifadas…,
Ou perdidas em insólitas guerras,
Pela mera posse de terras,
Que nunca serão semeadas.

É a gente, que vê gente sair da missa,
Com uma feição apaziguada…
Sentem cumprido o seu dever!
Porém é gente, que tudo cobiça,
Capaz de refastelar-se a comer,
Como, só isso, lhes desse prazer…,
Mesmo, que sentindo-se assediada,
Pelos olhares da gente esfomeada.

É a gente dos filhos, com fome,
Que perdeu a força do gritar.
É a gente, que a vida não abraça,
Que já nem consegue chorar…
Essa é a dor, que os consome!
O terem deixado as lágrimas secar…
Sentem-se encabulados, pela desgraça
E pela critiquice de quem passa.

É a gente, que verá tanta gente partir,
Com uma imensa vontade de ficar,
Encurralados, pelo ter que ir!
Isso é tão visível no seu olhar…
Mirando tudo em seu redor,
Despem-se da vida passada…
De seus pertences e da gente amada.
Levam a esperança, de uma vida melhor.

É a gente, que vai sentir-se impotente,
Por não poder fazer nada,
Quando, na face de outra gente
Vir declarada dor retratada.
Olharão o mundo em sua volta
E tudo o que conseguirão compreender,
Será o seu sentimento de revolta
E o choro do bebé, ao nascer.

apsferreira

É tanta da gente, com que a gente se cruza.

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quarta-feira, outubro 7, 2009 - 18:31

Poesia :

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apsferreira

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Comentários

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Re: Malogradas Gentes

Lindo poema, uma mensagem para ser lida, pensada, e refleitrmos..parabens!

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Re: Malogradas Gentes

apsferreira!
Malogradas Gentes

Embalado pela fonte, que goteja,
Pelo relógio, no seu trabalhar,
Muito, pelo meu coração, que peleja…
Eu viajo lá, para o tão distante,
Sem sair do mesmo lugar!
E vejo tudo tão de perto…
São tantas, as caras fechadas
E tão poucas, as de sorriso aberto.

Lindo Poema, grandes verdades, observadas no dia a dia nas grandes cidades!
Meus parabéns,
MarneDulinski

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