A meus mortos

Os meus mortos

Sinto-me sem Tenho saudade dos meus mortos
Apenas saudade
Sem lágrimas
Apenas os risos
Sem história
O gingar de teu corpo
Teus dedos em riste
Teu corpo em movimento
Na conquista do mundo
E no fim apenas
Estou fodido Zé

E  partiste
Quanto a ti
Deixas-te teu corpo
Nessa cama de hospital
Agora de outros ,
E entre os uivos
Olhavas e insistias
“Não estou louca”
Na tua cabeça sem cabelo
Sorrias em teus olhos
Olhavas o mundo
Tinhas medo de partir
Teus rasgos de lucidez
No torpor da loucura
Teu filho ausente
E a travessa natalícia
Onde colocarias as memorias
Da vida que vivemos
A roda da mesa
A roda da vida
O Zeca gritando
“Essa força amigo”
Que te faltava
O olhar olhado
A certeza de teu fim
Na recusa dessa dor
Que traia teu sorriso

É
Hoje lembro meus mortos
Meus momentos sem vida
que ocupam meus bolsos
a terra os cobriu
e tudo ficou memoria
suspensa na indecisão do mar
que tanto amavam

Chove em mim

Dai-me margaridas
jeito
E não sei colocar as mão

Meu amor tenho medo