CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
NÃO VOLTO PARA ÍTACA
Ἄλλα δὲν ἔχει νὰ σὲ δώσει πιά.
“Mas Ítaca não tem mais nada para dar-te”
in “Ítaca”, de Konstantinos Kavafis (trad. de Jorge de Sena)
não volto para Ítaca
não encontro o caminho
e se os pretendentes ocuparam
o trono? ou já não haja peixes
que se cheguem à mão das crianças
quando estas dão uns pequenos passos
nas águas das praias mornas?
já não há velhos imersos à sombra das árvores
a jogarem ao dominó, e lançando
piropos às jovens que passam
devagar de corpos de palmeira
nem há águias que façam ninho nas falésias
de Ítaca terão partido para a pátria dos Lestrígones?
lá os picos são mais altaneiros
ouvi das sereias que finalmente, os filhos
de Cila e Caríbdis invadiram Ítaca e lá impuseram a lei
mas tenho lá meu querido pai, Laertes
a minha Penélope, meu sol no zénite
e meu pequeno Telémaco — agora já adulto
não os posso deixar lá, sós
mas como destruíram de Ítaca
os portos e os barcos
só lhes posso pedir que venham
a nado até ao meu navio
bastar-me-á lançar a âncora, embora a placa continental
de Ítaca desça a pique até aos abismos
já não volto para Ítaca
ouvi que falam e escrevem lá
agora uma língua estrangeira — não, não é a dos Feaces
é de uma potência ascendente, o Púnico,
já antes ocupavam a Sicília, mas como não previ eu
o herói barbudo dos engenhos sem número,
que se lhes não estreitaria a ambição
o reino de Siracusa?
a ágora de Ítaca está despida de gente
já para lá não volto
para onde quer que eu vá,
é Ítaca o cristal dos meus olhos
por isso rumo para Olissipo
Rui Miguel Duarte
27/08/12
Submited by
Poesia :
- Se logue para poder enviar comentários
- 829 leituras
other contents of ruimiduarte
Tópico | Título | Respostas | Views | Last Post | Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Pensamentos | EXILADO | 0 | 972 | 10/11/2013 - 17:28 | Português | |
Poesia/Tristeza | À TARDE | 0 | 895 | 08/08/2013 - 01:23 | Português | |
Poesia/Meditação | FUNDAMENTOS DA LUZ | 0 | 764 | 05/01/2013 - 23:09 | Português | |
Poesia/Geral | FLORES DE CEREJEIRA | 0 | 1.080 | 05/01/2013 - 23:06 | Português | |
Poesia/Dedicado | ARMA | 0 | 747 | 03/16/2013 - 00:35 | Português | |
Poesia/Meditação | THE MYTH THAT CAME TRUE | 0 | 795 | 03/16/2013 - 00:34 | Português | |
Poesia/Geral | O QUE SE DIZ DO SANGUE | 0 | 909 | 03/16/2013 - 00:32 | Português | |
Poesia/Pensamentos | DOS POETAS | 0 | 1.070 | 12/27/2012 - 02:35 | Português | |
Poesia/Amizade | UM CAFÉ À BEIRA-MAR | 0 | 718 | 12/27/2012 - 02:33 | Português | |
Poesia/Meditação | OS PASTORES DE BELÉM | 0 | 1.641 | 12/27/2012 - 02:31 | Português | |
Poesia/Geral | BALADE POUR FORT VAUX | 0 | 762 | 09/01/2012 - 01:42 | Português | |
Poesia/Geral | NÃO VOLTO PARA ÍTACA | 0 | 829 | 09/01/2012 - 01:41 | Português | |
Poesia/Geral | FUGA | 1 | 797 | 07/16/2012 - 09:19 | Português | |
Poesia/Geral | MAIS ALTO | 0 | 871 | 07/15/2012 - 23:03 | Português | |
Poesia/Geral | NAUMAQUIA | 0 | 864 | 07/15/2012 - 23:02 | Português | |
Poesia/Canção | BALADA | 0 | 1.007 | 06/19/2012 - 22:57 | Português | |
Poesia/Meditação | EXORTAÇÃO | 4 | 958 | 06/19/2012 - 22:54 | Português | |
Poesia/Geral | OLHOS | 1 | 879 | 06/18/2012 - 11:14 | Português | |
Poesia/Geral | BALADA DA PÁTRIA | 1 | 812 | 06/18/2012 - 11:10 | Português | |
Poesia/Geral | ALI | 1 | 1.133 | 05/23/2012 - 15:19 | Português | |
Poesia/Geral | NO DORSO DAS ÁLEAS | 2 | 878 | 05/22/2012 - 14:07 | Português | |
Poesia/Geral | FIAPOS DE PRIMAVERA | 3 | 876 | 05/22/2012 - 14:06 | Português | |
Poesia/Geral | LUZ DO MUNDO | 0 | 936 | 05/08/2012 - 01:03 | Português | |
Poesia/Poetrix | INSTANTE | 4 | 1.009 | 05/07/2012 - 11:59 | Português | |
Poesia/Geral | MUDA | 0 | 919 | 05/07/2012 - 01:01 | Português |
Add comment