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O INFERNO
O inferno
Eu já conheci o inferno,
Assim que saí do ventre materno,
Tinha um mundo mau à minha espera,
Para me torturar de forma severa.
Consciência dos primeiros momentos,
Deles não tenho pensamentos,
Depois da consciência ter chegado,
Vi então o inferno que me foi legado.
Tinha frio e nada tinha para me aquecer,
Sem saber da razão deste acontecer,
A minha boca pedia alimento,
Em seu lugar entrava apenas o vento.
O inferno era feio e carrancudo,
Tinha medo dele, ficava mudo,
O meu coração estava tão tristonho,
O mundo para mim era medonho.
Pedaços de lixo para mim eram vida,
Como nada tinha ele servia de comida,
O inferno era muito mau para mim,
Andava sempre triste por ser assim.
Os meus pés pequeninos de nudez,
Pisavam o chão frio com altivez,
Era a única coisa que não queria perder,
Foi-me legado com o meu nascer.
O inferno andou muito tempo comigo,
Como eu o detestava este meu inimigo,
Agarrava-me não me deixava crescer,
Gelava-me a alma fazia-me sofrer..
Infelizmente conheci bem o inferno,
Nesta terra de vida de constante inverno,
Entrou muito cedo no meu caminho,
Nem quis saber se eu era menino.
O inferno tinha uma boca repugnante,
Dele eu tinha um medo constante,
Nesta luta a dois eu saí vencedor,
Em defesa do meu próprio amor.
Tavira, 1 de Junho de 2011 – Estêvão
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