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OLHAR DESAPARAFUSADO

Corpo,
sermões de ser
o que não parece,
prece de sangue fresco
chaga a solidão das mãos.

Invólucros de Bem encerram bocas vis.

Emoção,
conversas de meia-lua,
nua aragem de ventos desinibidos
abrem as portas rangentes da noite ao Mal.

Elogios desfilam cadáveres excêntricos.

Alma,
abundância fácil,
aquários de palavras angélicas,
arraiais de mentira infamam peles
em arrepios de ira contundida na mente.

Luz,
criaturas
de asas soltas,
néscias voltas diurnas
castram vermes com presas,
fobias acesas velam o sol posto
numa gargalhada espancada por si própria.

Sombra,
chapéu noctívago,
bago de lágrimas desanuviadas,
infidelidades viajadas ao fim do passado.

Amor,
caminhos pedestres,
moinho esbarrado em relógios agrestes.

Beijos,
chuva insípida,
esbanjos em bandeja de gelo vampírico.

Vida,
farda de rigor rasgado a frio,
fardos de utopia torturada sem azo,
energias gritadas ao acaso da paisagem.

Morte,
sonhos híbridos,
sentidos de sepulturas empinadas,
fadas viúvas choram flores de sono intenso.

Poesia,
santuário de musas,
bofetadas de elegâncias confusas,
sentimentos de olhar desaparafusado.

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segunda-feira, junho 14, 2010 - 02:06

Poesia :

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Henrique

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