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Paz de Oiro
Num tempo algures perdido
Vi-te por lá encontrada
Num sonho puro desafino
Uma melodia descuidada
Um novelo, um gato desvairado
Um mundo perdido nas minhas mãos
Um crepúsculo mal ensaiado
Uma vida sem refrão
Uma palavra ganhava vida
Numa rima pouco prendada
Entre uma carícia e uma mordida
Senti a juventude ser suspirada
E nesse suspiro de alívio
Vi meu jardim florir
Vi voar todo este tormento
Voar para bem longe daqui
Enchi-me assim de alegria
Como quem enche um balão
E foi na despedida
Que não resisti agarrar-te a mão
Renasci nesse momento
Tornei-me de novo infantil
Quis-te só minha
Por infinitos anos mais mil
Quero-te hoje tanto
Como te quis em sonho
E hoje digo que te amo
Deitando-me numa paz de oiro!
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