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POEIRAS …

Dia que nasce adormecido,
arrepio arrependido,
pó.

Quasar andante pela noite,
utopia.

Pulsar açoite pelas profundezas da terra,
estrondo delirante,
guerra.

Escada de adeus
que sobre mim sobe aos céus da saudade.

Faca de gumes em fio de vaidade,
medo que dorme nas urtigas da verdade.

Vento que me cega com inverno,
grito que me prega ao chão do inferno.

Lágrima que sobre mim chove cantigas
da idade do tempo,
sangue ácido.

Violino tocado pelas cinzas do fogo,
destino incerto,
solidão.

Silêncio amargo,
escuridão,
deserto.

Labirinto tal beco absinto,
eco escrito no sol-pôr.

Amor insano,
dor.

Sombra que me enrija,
devaneio que me desfia num tear triste.

Culpa que me funde ao pecado do mundo tal pedra
amortalhada pelas poeiras da eternidade,
água turva.

Mão nua onde nada existe,
rua rouca de pranto em riste.

Lua louca,
asfixiada pua por luares eclipsados
por demorados instantes de um sono em branco.

Corpo morto,
sentimento absorto,
verso de um verbo que jaz sem paz.

Luz vazia sem ponte entre os infinitos
de um mar inverso,
luzir adverso.

Alma ardentemente fria,
cadáver quase gente,
poesia.

Lascas de paixão ardida pelas nascentes do nada,
voz perdida pela insónia da madrugada,
cor sem ritmo.

Cisterna de musas
cuja essência terna me pinta nos lábios
a Primavera da carne que arfa fome de carne.

.
.
.
.

D                    s                        p                        g
           e                      a                        e                        o ...

.
.
.
.
     

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domingo, agosto 26, 2012 - 18:24

Poesia :

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Henrique

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