Porta da Alma

Tenho a cabeça a andar à roda e sinto-me muito tonta,
Fecho os olhos e sinto que estou a voar,
De repente, parece que regresso a onde a minha alma remonta,
E, me vejo a casa chegar…

Vejo uma casinha pequena, com meia dúzia de metros,
Toda feita em colmo e pedra rústica facetada,
Parece tão pequena, que ao entrar nela, não dou uma cabeçada, por centímetros,
E a porta é tão estreita e esguia, que mal passo, de tão apertada.

Dentro é bem mais grande, do que vista lá fora,
Tem uma pequena lareira, por sinal, já acesa e com lume brando,
Em cima, uma panela de farta sopa de lavradio, que como sem demora,

E, em seguida, reparo que afinal, até cama tem, onde vejo o meu corpo repousando.

Mas como pode ser possível, afinal estou aqui ou estou ali?
Terei entrado por ventura, no meu próprio sonho?
Como irei sair daqui?
E o meu corpo? Aonde eu o ponho?

Fecho os olhos, novamente, mas desta vez a cabeça já não anda à roda,
Apenas sinto que viajo, através do cronológico tempo,
Não importa se não trago nada comigo, nem mesmo se estou inteira, toda,
Importa unicamente a paz que carrego e que me dá alento.

Regresso, venho a mim, já não tenho medo,
Já posso ir e voltar ao passado, sem pensar no que aqui deixei,
Em qualquer parte do dia, tarde, noite, cedo,
O importante é, quem eu me tornarei.