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Quando aqui chegaram

O mar abriu-se como uma ferida,
E dele saíram homens cobertos de sal e ferrugem,
Com o olhar afiado como lâmina.
Nós éramos a terra — eles, a fome.

Os seus passos esmagavam folhas
Como se quisessem calar a floresta.
Nossos olhos seguiam,
Mas a floresta não se calava.

Cheiravam a fumaça e ferro,
E traziam no corpo a cor do pó
Que não nasce daqui.
O vento, antes livre, aprendeu a temer.

Eles não vinham apenas com armas,
Vinham com a certeza de que tudo tinha dono,
E que o dono falava na língua deles.

O ouro não brilhava para nós,
Mas para eles era como sol engaiolado.
E não há bicho mais perigoso
Do que o homem que deseja prender o sol.

Trouxeram suas cruzes para plantar no chão,
Mas cada cruz era também um muro
Levantado entre os nossos sonhos
E o dia seguinte.

Os barcos voltaram ao mar,
Mas deixaram um rastro que não se apaga,
Um sabor de sangue misturado à seiva,
Um silêncio
Que aprendeu a gritar dentro da terra.

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

https://odairpoetacacerense.blogspot.com/2025/08/quando-aqui-chegaram.html


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sexta-feira, agosto 8, 2025 - 23:25

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