CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
Queda...
Foge-me o chão, corre à minha frente,
impedindo que o pise,
arrogante...
Encolhe-se com medo que eu o magoe,
que o humilhe, que o despreze...
Que lhe pese em cima mais os meus ombros,
que o encha de escombros ou entulho,
que o esmague com o peso do meu orgulho,
que o mantenha preso de baixo dos pés...
Invés de arriscar,
foge,
esconde-se
e eu a pedir-lhe que volte,
que me aceite, que me ouça um minuto,
a prometer não pesar muito...
Mas ele, não...
É o meu chão, mas não confia em mim...
E eu tacteio o abismo...
A ausência de suporte,
o buraco negro da morte dos meus passos,
o descolo da gravidade...
E as pernas não se sustêm,
perdem a rigidez dos ossos,
não fazem calço com os pés
e os pés não fazem força com os dedos...
E o meu chão lá ao fundo,
a ver-me tactear o nada,
desesperada a implorar-lhe com o olhar
para voltar...
E ele... Não...
É o meu chão, mas não confia em mim...
Agarro-me com os braços e esperneio no vazio,
os músculos doem-me e descubro que peso mais
do que pensava,
as mãos escorregam pela barra metálica
da minha resistência,
suam-me enquanto se esfregam
e tentam colar os dedos,
mas os dedos não têm velcro,
nem cola, nem nada e eu...
peso...
tanto...
E os braços...
estão...
tão...
can...sa...dos...
E as mãos gritam-lhes para os braços não desistirem
porque sozinhas não conseguem...
E o chão cada vez mais longe,
debaixo de outros pés, nem olha para trás...
Quando cair...
Caio no chão.
Inês Dunas
Libris Scripta Est
Submited by
Poesia :
- Se logue para poder enviar comentários
- 761 leituras
Add comment
other contents of Librisscriptaest
Tópico | Título | Respostas | Views | Last Post | Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Tristeza | Quimeras... | 2 | 4.876 | 06/27/2012 - 16:00 | Português | |
Poesia/Geral | Presa no transito numa sexta à noite... | 2 | 2.676 | 04/12/2012 - 17:23 | Português | |
Poesia/Dedicado | Santa Apolónia ou Campanhã... | 2 | 1.863 | 04/06/2012 - 20:28 | Português | |
Prosas/Outros | Gotas sólidas de gaz... | 0 | 2.111 | 04/05/2012 - 19:00 | Português | |
Poesia/Geral | Salinas pluviais... | 1 | 2.418 | 01/26/2012 - 15:29 | Português | |
Prosas/Outros | Relicário... | 0 | 2.509 | 01/25/2012 - 13:23 | Português | |
Poesia/Geral | A covardia das nuvens... | 0 | 3.006 | 01/05/2012 - 20:58 | Português | |
Poesia/Dedicado | Arco-Iris... | 0 | 3.151 | 12/28/2011 - 19:33 | Português | |
Poesia/Amor | A (O) que sabe o amor? | 0 | 2.701 | 12/19/2011 - 12:11 | Português | |
Poesia/Geral | Chuva ácida... | 1 | 2.378 | 12/13/2011 - 02:22 | Português | |
Poesia/Geral | Xeque-Mate... | 2 | 2.336 | 12/09/2011 - 19:32 | Português | |
Prosas/Outros | Maré da meia tarde... | 0 | 2.509 | 12/06/2011 - 01:13 | Português | |
Poesia/Meditação | Cair da folha... | 4 | 3.065 | 12/05/2011 - 00:15 | Português | |
Poesia/Desilusão | Cegueira... | 0 | 2.637 | 11/30/2011 - 16:31 | Português | |
Poesia/Geral | Pedestais... | 0 | 2.860 | 11/24/2011 - 18:14 | Português | |
Poesia/Dedicado | A primeira Primavera... | 1 | 2.635 | 11/16/2011 - 01:03 | Português | |
Poesia/Geral | Vicissitudes... | 2 | 2.976 | 11/16/2011 - 00:57 | Português | |
Poesia/Geral | As intermitências da vida... | 1 | 2.940 | 10/24/2011 - 22:09 | Português | |
Poesia/Dedicado | O silêncio é de ouro... | 4 | 2.603 | 10/20/2011 - 16:56 | Português | |
Poesia/Geral | As 4 estações de Vivaldi... | 4 | 3.396 | 10/11/2011 - 12:24 | Português | |
Poesia/Geral | Contrações (In)voluntárias... | 0 | 2.553 | 10/03/2011 - 19:10 | Português | |
Poesia/Geral | Adeus o que é de Deus... | 0 | 2.550 | 09/27/2011 - 08:56 | Português | |
Poesia/Geral | Limite | 2 | 3.021 | 09/22/2011 - 22:32 | Português | |
Poesia/Geral | Quem nunca fomos... | 0 | 3.126 | 09/15/2011 - 09:33 | Português | |
Poesia/Geral | Antes da palavra... | 1 | 3.690 | 09/08/2011 - 19:27 | Português |
Comentários
Re: Queda...
Foge-me o chão, corre à minha frente,
impedindo que o pise,
arrogante...
E o meu chão lá ao fundo,
a ver-me tactear o nada,
desesperada a implorar-lhe com o olhar
para voltar...
E o chão cada vez mais longe,
debaixo de outros pés, nem olha para trás...
Fantástico!!!
Nota 20!!!
:-)
Re: Queda...
...e tens, porque, sim, já sei que tens, a rara capacidade de construíres com as palavras o simbolismo perfeito para a introspecção imperfeita de todos nós. Ainda seguindo as palavras que deixei à Dolores, ainda bem, ainda bem, que não sou capaz de "criar" todos os poemas de que sou (também) raiz: assim, sobra-me o prazer e a surpresa de colher os frutos de outras árvores. De te ler. De gostar, sinceramente, que outras palavras me reconheçam o sentir. E o admirar.
Beijinho.
Re: Queda...
Desespero e beleza,
no cansaço de uma luta, pela
oportunidede, que vê
a escapar-se...
:-)