Quero Mais

Sinto-me por vezes á parte da restante Espécie Humana...

Digo isto sem rebuço a todos os meus Inimigos Imaginários...

Porque me dou de Alma e Coração e nada recebo em troca...

Apenas sorrisos Hipócritas e Eruditos...

Sinto que não recebo na mesma medida em que me Entrego...
Sinto que não se me dedicam na mesma medida em que me Ofereço...
Sinto-me desproporcional em razão das minhas Dádivas...

Porque distribuo Sinceridade e recebo Banalidades...
Porque ofereço a Alma...

E em troca tenho as Levezas Burocráticas do dia a dia...

Sinto-me por vezes á parte da restante Espécie Humana...

Se calhar sou eu que estou Errado...
Se calhar sou eu que vivo no Limbo do Além...

Se calhar sou eu que desejo demasiado o Manuscrito da Vida...
Se calhar sou eu a Dúvida e os outros a Razão...

Porque a dimensão humana pode-se medir nos Pequenos Gestos...
Porque o carácter do homem pode pesar-se em Simples Olhares...

Porque as amizades constroem-se em função do Tempo...
Porque o Coração é um Emigrante Clandestino...

Não sei se sou um Ensaio Errático...
Mas sei que sou uma História oral de Sentimentos...

Não sei se sou mais Um no meio de tantos...
Mas sei que sou tanto e mais que Um só...

Sou um Vencido da vida e um Derrotado Narcisista...

Porque Amo quem me Ama pouco...
E Amo desmesuradamente quem devia Pouco Amar...

Porque me Entrego a quem não me merece...
Porque me dou de Alma e Coração e nada recebo em troca...

Estendo a mão sempre na esperança ínfima de um Pequeno Gesto retributivo...
Estendo a vida sempre na procura de um sinónimo de Vida igual...

Eu estou quase sempre Lá...

Mas é sempre o Vazio Gélido que espera por Mim...

Eu estou sempre Perto...

Mas é sempre a distância que me Acolhe e Respeita...

Sinto-me por vezes á parte da restante Espécie Humana...

Digo isto sem rebuço a todos os meus Inimigos Imaginários...

Preciso de Mais...
Para ainda Mais Dar de Mim Mesmo...

Erudita Maternidade que o Destino me Obsequiou...