A Rapariga da Aldeia

Rapariga da aldeia, fada do lar, Marta seu nome, passava a vida a suspirar,
O seu cabelo era longo e brilhante, compensava a beleza, que nada tinha de semblante.
As suas mãos eram de calos cravejadas, do árduo e longo trabalho no campo, a lavrar,
E sonhava que um dia, iria ser resgatada, por um cavaleiro andante.

Todos os dias, era a primeira a se levantar,
O seu irmão ainda ia no sétimo sono,
Já Marta andava no campo de girassóis a sonhar,
E dançava entre eles, com o seu coração sem dono.

A sua avó a tratava como uma filha, por si parida,
Porque via nela a oportunidade de remediar o passado,
Amava-a como à sua própria vida,
Mesmo sendo ela, fruto de um acto malvado.

Eram companheiras de longas conversas, de lareira acesa,
A avó fumava o seu cachimbo, enquanto Marta penteava o seu trançado branco,
Que de tão comprido que era, mais parecia uma antiga princesa.

Certo dia, Marta sozinha se viu,
Pois, seu querido irmão partiu.
Alguma coisa no peito lhe dizia,
Que seu pobre irmão sofria.

Afinal, metade da sua alma era dele…Porque sentia aquele arrepio na pele?

Haviam crescido com pouco materialmente,
Mas enquanto juntos e unidos, certamente seriam mais fortes,
Nunca haveria nada, ninguém, nem gente,
Que os separasse, a não ser as suas próprias mortes.

Lembrava agora a distância,
Desse alguém que é seu semelhante,
Recordava a terna e bonita infância,
Desse, que agora era um alegre caminhante.