Rostos

Eu vejo pessoas sem rumo,
por cada rua, por cada madrugada adentro,
sem rumo, nem moral,
sem bussula para indicar o Norte,
no meio de tantos Paraisos existenciais.

Eu sinto o vazio por entre as ruas tão despidas e tão cheias,
mostrando na pele as cicatrizes da vida,
parcialmente saradas pela Luz humana,
parcialmente infectadas pela crueldade humana.

Eu vejo os rostos sem expressão,
faces velhas e gastas,
novos rostos sem sonhos,
pequenas alturas na alegre inconsciência da infância,
á procura de algo real para não cairem na escuridão.

Ouço os gritos mudos que saem por gargantas secas de desejo,
palavras cheias que saem ocas por entre os muros da sociedade,
vãs de significado no momento da Verdade,
ainda reluzindo, do rasto das estrelas-cadáveres.

Mas a madrugada traz uma nova esperança,
uma brisa de verão por entre as ruas frias,
uma luz tão forte capaz de iluminar desfiladeiros de dor ambulamte,
sonhos de infância desfeitos,
e até de iluminar o mais profundo dos corações.