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Sampacaosmopolitana

Santo São Saulo
De Tarso, rico em cultura
Das alturas, herança deixou
E edificou a cidade assim:

Parques, Vilas e Jardins
Pinheiros, Maria e Mariana
Negra, rubra e ariana
Sampacaosmopolitana

De punhos cerrados
Recebe os afilhados
Com olhos de assombro
Em seu tapete negro

Retirantes, imigrantes, viajantes
Romarias, passeatas, procissões
Revoluções, campanhas, companhias

Aglomerações em suas vias
Devastações de suas ramas
Amálgama, é estrela tramontana
Sampacaosmopolitana

Reza às alturas, aos deuses
Por meses, em línguas, novenas
Terços, penitências, por horas
Ora as sagradas escrituras

Judia, Cristã, Protestante
Católica, Espírita, Testemunha
Umbandista, Budista, Ateia
Quadrangular, Pentecostal, Muçulmana
Cética, Política, Maometana

Ortodoxo só seu ecumenismo
Cigana, Agnóstica, Anglicana
A mistura é o seu absolutismo
Sampacaosmopolitana

Seus sons são somas
Gritos grunhidos das gargantas
Buzinas, balbúrdia, Babel
Ritmos retumbantes radiofônicos

Rock, Sertanejo, Baião
Reggae, Punk, Samba
Eletrônica, Rap, Clássica
Inglesa, Hispânica, Americana

Suas tribos se multiplicam
Na selva de pedra urbana
Aqui todos se coisificam
Sampacaosmopolitana

Grande centro financeiro
Do trem é a loucomotiva
Boas são as perspectivas
Que vive o ano inteiro

Os subúrbios desditosos
As periferias populosas
Casarões de muros grandiosos
Desigualdades escrabosas

Todos querem o montante
Da equação: trabalho x salário
E nisso não há nada de hilário
Pois o chicote estrala constante

Agora, o dinheiro é o seu fruto
Brota das mãos, das cabeças
Dos negócios, do tributo
Espessa nasce sua grama
Sampacaosmopolitana

Nas esquinas as meninas
Pintadas, pouco vestidas
Boca naquilo na Boca do Lixo
Aqui sexo não é pecado, é nicho

O bicho pega, a bicha
Que disputa pelo ponto: rixa
A polícia coerciva, ficha
E a Santa Hipocrisia, lincha

Prostituida por qualquer troco
O cafetão sempre nos engana
O prazer muitas vezes dura pouco
Sampacaosmopolitana

A solidão aqui é coletiva
O dia a dia gera ansiedade
A lágrima escorre corrosiva
Tamanha é a brutalidade

Parece até que é covardia
Mas é assim que ela ama
Nunca afaga sua cria
Sampacaosmopolitana

Viver aqui é uma arte
Arte que se vê em marquises
Prédios, pontes, grafites
Nos passos da porta-estandarte

Baluarte dos escritores, poetas
Pintores, antropófagos das letras
Modernistas das palavras
Pau-Brasil que o artista lavra

No cotidiano se forma o léxico
Reflexo da língua provinciana
Parnasiano agora disléxico
Sampacaosmopolitana

Assim ela se faz, refaz e desfaz
E nós vivemos meio a essa metamorfose
Simbiose que muito nos cansa
Dificilmente aqui se tem paz
Mas, quem não ama essa criança?

Sampa cosmopolita
Caótica, metropolitana
Agora é a bendita
Entre todas, a mais bonita
Sampacaosmopolitana

A minha cidade.
 

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segunda-feira, março 7, 2011 - 22:10

Poesia :

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André Alves Braga

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