Se teu âmago eu não tocar

Ama-me no sopro dum momento
Na translúcida luz vagueante do entardecer
Escondidos na memória recôndita do teu toque…
Toca-me à tua “maniera”
Acaria-me os cantos gelados em minha alma
Espalha sob minha pele a tua sombra ,
Até agora desenhada apenas em pensamento …
Beija-me…desejoso,
Absorve-me com o teu olhar inquisidor.
A força abandona-me aos poucos,
Não desejo nadar contra a tua maré,
quero antes ser uma memória viva no
doce de teus lábios…
Olhar a tua alma e em tuas mãos entregar a minha
Perceptiva do teu querer,
Do momento unificador de dois pólos …
As noites não são mais repousantes.
Extravagantes e loucas sob ti…
Fazem-me sonhar alto, com a louca espiral
fantasmagórica vivida na correnteza de minhas veias.
É tortura desejada de olhos fechados
Em recantos antigos de uma cidade,
Desejo ser adivinha para saber o que pensas
Se tal como eu, desejas o meu toque em teu templo,
um roce, involuntariamente inocente, de uns lábios
enganadoramente voluptuosos…
sentir nossas peles roçantes na humidade sufocante
e a teu ouvido murmurar anseios tão velhos como o tempo …
Se a luz, de um momento mantém-te vigilante…
E à contraluz olhas o meu rosto …
Apenas toca-me… à tua “maniera”…
Abandona-te ao desejo de sentir, de ousar, de clamar…
Eu, mortal…
Se teu âmago eu não tocar…
Perdida fico, na maré que podia ter sido nossa.

JS