Sem título (VI) - Diário da indefinição

Vejo-me lá o fundo
e cá (no meu não-meu
pseudo-canto)
não me encontro
sou Romeu,
onde andará a minha alma Julieta?

Sei que ela nos
céus se perde
não me encontra
(ou não quer?)
e por isso sou mais que um corpo
sou um corpo sem nada.

Se de nada me componho
e no nada me encontro
(já que o pseudo tem sentido)
onde procuro o final da estrada?
Aqui ou lá ao fundo
onde o fumo esvai?

(Nasce, flor sem cor,
algum dia brotarás
e nesse momento
a estrada acabará.)

Joaquim Salgueiro