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SOBRE LINHAS DE FRONTEIRAS

Fronteiras
se destacam
em desigualdades: ambos os lados
se ofendem em salvaguardas

a diferenciação dos corpos
sobre mentes distantes
uma cerca
um rio
uma ponte
um sorriso
e uma morte

a ilusão de que a diferença
sobreposta ao gesto
gosta do que vê

ouvir hinos diferentes:
considerar verbos
e saber que a distância
se estende em capitais
além da compreensão
de leis
e ordens

desordenadamente
repetidas na singularidade
das roupas sóbrias
na sobriedade do acaso
no ocaso das dificuldades

a quantificação entre possibilidades
permite acompanhar olhos dispostos
na linha de defesa: o ataque solidário
dos animais indistintos em sotaques

afrontar a terra ao lado
ladear a conquista do território
tornar terra inconquistada

quando olhar ao horizonte desprezar
a cerca
acercar-se
do que pode ser a igualdade

talvez os deuses sejam os mesmos:
a contrição igual
o pecado original
a culpa acidental

não se remoer pelo outro
nem reacender a chama
nem rescender o perfume
da fruta aqui
e ali
perpetradas
em árvores
singulares

fronteiriça: a linha imaginária
se realiza na alça de mira

olhares alcançam horizontes
humanamente desprovidos
da largura
da profundidade
do aprofundamento
naturalmente
colocados
pela ação
da terra
ante
o tempo
assim considerado

seus olhos repousam sobre os meus olhos
seu corpo disposto em alinhamento
seu sexo ocultado em uniformes

a uniformidade conduz o desgosto
no sofrimento pela (não) passagem

conserva a esperança de ser irmão
e irmã: sem servidão destacada
na aridez do solo
na serventia do caminho
na solidão

frente a frente: em frente ao consolo
repousam mãos elevadas em entrega

consumir o espaço: cada dia entender
(ou sonhar) o despropósito: descoser
a linha: esgarçar a distância
em romperes de aurora

acordar ao lado e saber-se
estrangeiro.

(Pedro Du Bois, inédito)

Submited by

domingo, maio 17, 2009 - 00:40

Poesia :

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PedroDuBois

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Comentários

imagem de Henrique

Re: SOBRE LINHAS DE FRONTEIRAS

O limiar da qualidade humana
é a ofensa entre ambos os lados!!!

:-)

imagem de angelofdeath

Re: SOBRE LINHAS DE FRONTEIRAS

Que fantástico poema sobre a nossas diferenças!

imagem de DomingosdaMota

Re: SOBRE LINHAS DE FRONTEIRAS

«acordar ao lado e saber-se/estrangeiro.»

Pedro Du Bois,

Belo o poema sobre as fronteiras exteriores (que as interiores são muito mais difusas e obscuras: quantas vezes acordamos dentro do país, de nós próprios, e nos sentimos exilados, para não dizer estrangeiros).

Domingos da Mota

imagem de jopeman

Re: SOBRE LINHAS DE FRONTEIRAS

Gostei imenso
Uma fronteira, o limite, somente calcar e sentir o prazer emanado do outro lado :-)
"acordar ao lado e saber-se estrangeiro"
Muito criativo
Abraço

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