SURREAL

Rasgam-me os segundos, em tons de rosa-chá, areia e fotos.
Quebrei a forma do vaso, em fragmentos minúsculos
que encobriam o quadro, posto defronte ao pêndulo
do tempo que corta; da absurda hora,
equilibrada no muro das ideologias malsãs
ou dos idiotas sem respostas, na marginalidade servil.
São estes - os inúteis - na tumba rota
ou no zumbido da bomba pura, nas invernadas atômicas.
Criatura de mídia, quimera misógina, com olhar de pólen.
- És a atração do museu de novidades.
E doem as ostras rasgadas, as estrias foscas
e os abstratos em óleo.
Milhares de olhos fracos, sob tapetes de fleuma
e um sonho colado, na gravura de um quadro
de corpos e flores e fios de cobre.
Em ruas pretas, num sem fim de pontos coloridos e brancos;
gente rindo em contaminação, enquanto os santos,
condenados às trevas. Nem deuses, nem mestres: Bretonianos (a luz, a luz do teu retrato que me cega...)!
Tangente na sala de instalação,
doce de maracujá, na verdejante taça,
que embeveceu a memória,
SURREAL. (Ana Patricia Maximo)