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A TERRA QUE EU PISO
A terra que eu piso
Em cada passo que for dando,
A terra eu vou pisando,
Para que ela me segure e não caia,
Sem feri-la ficando de atalaia,
Focando os meus olhos para a frente,
Que é assim que faz toda a gente.
A terra que piso me dá de comer,
Mas para isso eu tenho de mexer,
Agarrando -a com as minhas mãos,
E nunca esquecer os meus irmãos,
Que trabalham na terra mexendo,
Para que a nossa vida vá crescendo.
Na minha boca a terra não põe nada,
É com esforço que tem se ser lavrada,
Para fazer crescer aquilo que me alimento,
E assim, a terra me dá o meu sustento,
Derramando nela o meu suor,
Fazendo-o com alegria e com amor.
Eu piso a terra mas não é com desprezo,
É com a minha vontade e o meu desejo,
De semear nela o meu próprio sangue,
Para que a minha vida se prolongue,
No prazo de tempo que me quiser doar,
E a minha voz seja ouvida sem se calar.
Eu já piso esta terra há muito tempo,
Com todo o meu empenho e o meu talento,
E assim, com ela vou colaborando,
Umas vezes alegre e outras vezes chorando,
Extraindo do seu ventre a minha esperança,
Que a guardo dentro de mim desde criança.
Dos meus passos a terra nunca se queixou,
Sobre ela o tempo sempre me encaminhou,
Mas eu sei que ela um dia me vai guardar,
Para sempre me vai deixar lá ficar,
Os meus passos deixarão de existir,
E a minha alma certamente vai prosseguir.
Tavira, 24 de Janeiro de 2012-Estêvão
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