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uno, e Bem e mal, infinidade e acaso

uno,

uno sou eu, meu corpo e minha alma
a caneta com que agora escrevo, do
elefante púrpura de metro e meio de
aquando era criança de quatro anos só

o perfeito caos, de movimentos, reacções e energias
no desencadeamento do próprio viver
e o mundo onde posso existir, com seu
chão que piso, e seu céu que sobre mim se estende

a maçã que hoje como, que é a melhor que já comi
a que guardo para amanhã, que será a melhor que comerei
a matéria fria de cada pedra, de cada construção
a beleza íntima de sistina, mahal ou chambord

a luz que do sol transborda,
e por entre janelas trespassa,
iluminando e aquecendo minha casa
sem pedido evidente


a luz do ser, em mim sempre presente
e que no momento do abandonar certo,
da carne fraca e perecível que me compõe,
desposar-se-á na perpetuidade do espírito mãe.

_

Bem e mal, infinidade e acaso

A vida é
O cego que ama as cores
O não cego que idolatra o cinzento
O lírio verde que resiste num campo de rosas vermelhas
A criança que num dia outonal rejubila ao saltar nas folhas caducas caídas sobre o chão enquanto os adultos cabisbaixos as pisam apenas por se encontrarem no seu caminho
A repugnância do sexo
A beleza do amor

O ladrão que trajado de negro rouba por lealdade ao amigo acamado
O padre que sempre de branco apregoa por si e pelos seus receios da própria mortalidade
O canceroso que saboreia intensamente cada refeição como se fosse sua última e que saboreará a sua última sem saber que é a sua última
O jovem deprimido que é deprimido sem razão e por tal abre mais a ferida da eternidade derramando ainda álcool por cima e deixando-a contorcer-se em agonia

É o Sol cândido e a Lua flamejante brincando nessa mesma eternidade
É aquele rapaz e aquela rapariga que tantas vezes se cruzaram sem se falar sem sequer se olhar não sabendo o futuro
É aquela futura mulher que deixará o mundo sem nunca ver os olhos do seu filho
O marido que passará a viúvo para além da dor e alegria
O finalmente avô orgulhoso que será também pai enlutado
O enterro onde estará Deus tal coveiro e o Diabo derramará uma lágrima

A intemporalidade vã
O infinito limitado.

Primeiro post que faço neste fórum. Tratam-se de dois textos que fazem parte do meu primeiro livro, Fúria e Desespero, que foi publicado no ano passado.

Desde já o meu obrigado por me receberem na comunidade.

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quarta-feira, julho 31, 2013 - 19:15
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Hugo Lourenço

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Comentários

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Uno

Gostei de te ler.
Continue postando.
Abraços

http://oacendedordecoracoes.blogspot.com.br

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