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AS VOLTAS DA VIDA
As voltas da vida
A vida dá muitas voltas e eu ando às voltas com ela.
Só deixarei de andar às voltas quando já não precisar dela,
Enquanto a minha mente pensar dela precisarei sempre,
Ela será sempre bela se eu estiver alegre e contente.
Há nascer e há morrer e no intervalo eu vou vivendo,
O melhor que eu souber viver mas nunca vivo correndo,
Devagar se vai ao longe, depressa e bem não faz ninguém,
Por isso eu quero viver dando os passos que me convém.
Devagar e com a razão da vida que eu escolhi,
Só quero o que tenho direito e que eu escolhi para mim,
Dando asas à minha imaginação sem pisar a de outra gente,
Sem lesar a minha consciência da minha condição de vivente.
Ancião eu já sou, já vivi muito e aprendi que a vida para ser bela,
É preciso saber viver, sem desperdiçar o tempo dela,
Vivendo o tempo que ela tem e também a que há-de ter,
Pertence ao futuro e eu não sei o tempo que vou viver.
Com o tempo não me preocupo mas com a saúde da minha vida,
Dos meus cuidados ela depende para me ser bem servida,
No tempo que vou vivendo com a razão da minha existência,
Sem desperdiçar o meu saber nem quero a sua falência.
Nasci há setenta anos, como o tempo passou por mim,
Estou muito contente por ser ancião e ainda andar por aqui,
Às voltas com a vida e a vida às voltas comigo,
E nestas voltas todas, toda a minha vida faz sentido.
Dias meses e anos e tantas e tantas horas já passaram,
Que o relógio me vai contando e outras ainda não chegaram,
Apenas o futuro me dirá quantas horas mais hei-de ter,
E quantas voltas a minha vida dará e eu ir pagando para viver.
Amanhã é outro dia, outro tempo que eu ainda não conheço
E ao tempo de hoje que vou vivendo eu apenas peço,
Que saúde me vá dando e lucidez no meu pensamento,
Para que vá vivendo a vida, todos os dias, momento a momento.
Tavira, 1 de Outubro de 2011-Estêvão
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