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Zepelim, per mim, pim, pim!

Cravo as unhas no meu pensamento
e gravo racionalidades padronizadas
e aceites politicamente pelos outros
nos lençóis freáticos do sentir...
Pudesse eu existir sem isto tudo...
Sem este deslocamento constante
que me faz ser nómada de alma...
Nasci assim, em demasia,
numa manha fria qualquer,
disparada,
porque não tinha tempo de ficar la dentro,
mais tempo,
nem queria magoar a minha mãe...
Mas sofro as dores de parto
de todas as desilusões
e rio-me porque cresci assim,
a fazer de conta que só dói amanhã
e se sorrir talvez só doa o bocadinho
de quem esfola um joelho no alcatrão...
Sempre amei numa escala diferente,
não sei porquê...
Como se o mundo à minha volta tivesse
saído de dentro de mim e eu o quisesse abraçar
e beijar e embalar e ensinar a andar...
Mas o mundo é um adolescente rebelde, mimado, mal educado
que vende o meu amor para comprar droga...
E o meu amor só se afoga em dividas
e sofre de o ver emagrecer e amarelecer de dia para dia...
Só queria, que por um dia,
os outros pudessem ver o mundo pelos meus olhos...
Um dia bastava...
Para verem a nitidez das minhas cores
e o que me faz apaixonar todos os dias!
Sim...
Sou louca...
Talvez...
Uma louca deslocada que aterrou aqui,
vinda sabe-se lá de onde...
Que não se esconde daquilo que sente,
mas mente muitas vezes a si própria para tentar encaixar,
numa caixa apertadinha que nem a deixa respirar...
Sim...
Sou louca...
Talvez...
Porque acredito que há alguém bonito
dentro de ti e dele e dela e do outro e daquele
mas que esta tão afogado em contradições que nem respira
com os pulmões cheios...
E eu sou uma louca que espreita pelas janelas das pessoas
e as vê despir as máscaras
e tantas vezes se apaixona por elas,
assim nuas, de olhos da alma cansados
e rostos desmascarados e risos soltos,
envoltos em inocência e essência,
escondidinhos de si mesmos em ermos, la dentro,
fechados e sufocados tanto tempo...
Sim, sou louca porque as beijo
e as vejo todos os dias dentro de mim
e elas nem nunca repararam em mim,
nem nunca me viram despir,
nem sabem o que fazer com o meu sentir
e só me querem possuir para me dissecar
e enviar para um laboratório
e abrir impacientes o resultado das analises...
Se elas soubessem...
Se elas soubessem que sou feita apenas de agua
já me teriam bebido, há muito tempo...

Inês Dunas
Libris Scripta Est

Submited by

quinta-feira, julho 29, 2010 - 10:41

Poesia :

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Librisscriptaest

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Comentários

imagem de Dakini

Re: Zepelim, per mim, pim, pim!

Se todos soubessem ver o mundo com os teus olhos, haveria pontos luminosos a brilhar a cada amanhecer, a cada sol por, a cada noite, a cada dia, a cada morte que por ter sido morte em vida, poderia então renascer para um novo mundo

Gosto imenso, imenso do que escreves Inês

Bem Haja

Bjs

imagem de Henrique

Re: Zepelim, per mim, pim, pim!

Se elas soubessem...
Se elas soubessem que sou feita apenas de agua
já me teriam bebido, há muito tempo...

Não páras de te superar a cada poema teu!!!

Bom, bom, bom, bom....

:-)

imagem de LilaMarques

Re: Zepelim, per mim, pim, pim!

Inês,

A tua loucura é linda! Nunca tornar-te-ás "normal", bem hajas por isso!
Vejas que lindo:
"Sou mais uma loucura no mundo, e essa normalidade vendida não me compra." Clarice Lispector

Um beijo, querida.
Lila.

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