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1ª Carta a Álvaro de Campos

Triste verdade inconsequente, profunda nos versos que escreves-te... E depois? Vives disso? És feliz por isso? Portanto, como eu, invejas o rato do esgoto por ser cego e és infeliz!

Não fujas da simplicidade outra vez!, mas se tiveres alento para tal, leva contigo a certeza de que deixas a feliz momentânea alegria para trás, para ir em busca daquilo que acreditas valer a pena e sabes que não o vale.
Mas também sei, por certo que, o infeliz buraco onde te escondes, que dá acesso a um mundo onde reina a Lógica e tu és cavaleiro que enfrenta uma infinidade de aventuras para arrecadares os tesouros desse mundo (e fica aqui a promessa de eu voltar outrora a falar delas), é-te muito mais acolhedor que fora dele, pois não esperas mais que a habitual solidão, tristeza e sabedoria oferecida pelo mesmo; em contraponto surge a alegria de momentos bem passados no ceio da sociedade, que criam as mais altas expectativas e nunca as cumprem.
Porém a sociedade existe!
Mas se fora só isso menos mal, com a sua existência podíamos nós bem. O problema que surge (mesmo tu negando-o) é o de a sociedade ser uma das coisas que amamos. Sabes bem, mesmo não o aceitando que, o pobre coitado que passa na rua faz-te tremer mais que algum cismo faria. Nem que seja o mais ignorante de todos, faz-te revelar a mais profunda insegurança e fraquejas!
Vejo-te sentado a avaliar as formas que o fumo do cigarro faz no teu quarto. E nessa poltrona questionas-te "no que hás de pensar?". E eu aqui escondido, num qualquer recanto, numa qualquer brecha no tempo, com ou sem caneta, com ou sem papel, questiono os mesmo e até o nada questiono como fosse tudo.
Mas aviso-te que quando estiveres a olhar da janela do teu quarto para o Exterior da Tabacaria de Defronte, não fiques só a olhar;
desce desse teu estado puro, de permanente pensamento e dirige-te a ela;
mas não fiques à porta, entra e pede um maço de tabaco;
e por fim quando te deres por vencido, ao ouvires-te a ti ou a outro qualquer (talvez um qualquer irmão) dizer "tens medo",
regressa da rua, e de novo à Tabacaria, mete conversa com a cliente que estava indecisa sobre a cor de isqueiro, talvez a conheças ou venhas a conhecer, mas pelo menos sais-te um pouco daquele teu pequeno/grande mundo e aventuraste-te na sociedade!

(...)

Ser pórtico na moral, não é por certo escolher uma face ou ver as duas, mas sim poder viver em ambas.
quando descobrires como fazê-lo, meu caro amigo, avisa-me!

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domingo, maio 9, 2010 - 12:01

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Rui_Valdemar

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