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Acorda Clara... Por favor!

Não existe um final feliz nesta história, pelo que, ficam desde já advertidos para esse facto.
Clara se alguma vez duvidou que o caminho escolhido era contra natura, cedo confirmou as suas suspeitas. Ela optara pelo fel e com essa decisão viveria resignada e por essa decisão daria o melhor de si.
Clara era uma jovem que espantava os seus pares com a sua beleza inquietante e uma inteligência incisiva. Desde tenra idade diverti-a descortinar os enredos, descobrir os culpados das tramas. Algo que fazia muito bem dentro e fora do espaço de ficção, desde que não fosse ela própria um alvo. A ela não se via e todas as suas capacidades eram inúteis para sua defesa. Aliás, no que lhe dizia respeito nenhuma advertência surtia em Clara o efeito desejado, dado que ela , simplesmente, se entregava em sacrifício, em prole dos seus ideais românticos.
_ Nasci marcada por um sentido de missão! - Diria ela com toda a convicção, embora com um triste e sonhador sorriso, pedindo-vos que desviem os olhos dos cacos de vidro que optou pisar.
Existem pessoas assim que não pisam a relva fofa porque o caminho não lhes pertence. Outros existem que não querem saber e à mínima contrariedade invadem os terrenos vizinhos como se nada fosse.
Clara sabe que exagera. O seu zelo pelos outros chega a ser um acto de auto-flagelação. Ela dá o corpo à dor e deixa que esta amordace a sua alma no seu objectivo primordial de crescer e ser feliz.
A vida é misteriosa, um nevoeiro espesso que serpenteia como língua de gelo.
Quantas vezes pensamos, em demasia, nas coisas que perdemos ou que não temos... Na verdade tudo o que perdemos de mais valioso é Tempo. Tempo que podemos passar connosco e com os outros. Mas não vemos até ser tarde demais... Depois haverá Tempo para reflectir.
Ainda que acreditando na pureza das intenções, Clara sabe do que abre mão de cada vez que inspira e se força na trilha da dor. No caminho, foi despindo e despedindo-se da fé nos outros. Naturalmente, Clara já não acredita em si. Talhada foi para se abrir ao mundo, pelo que, não tem como se barricar dentro de si. Ela é pertença de outros... Nunca foi apenas sua e nada tem de seu.
Conseguem visualizar?
Fechem os olhos. Sintam as carícias do vento nos seus negros cabelos, contemplem os contornos da rosa em seus lábios, percam-se nas curvas alvas que serpenteiam o seu corpo. Esqueçam os pés pequenos e magoados.
Abram os olhos. Vejam as estrelas flutuantes no olhar dela. Vejam como os seus olhos sorriem, ainda que mergulhados numa calda angustiada. Esqueçam as lágrimas dentro do brilho, vejam o amor.
O Amor que Clara abraça como uma noção do qual depende como o ar que respira.
O Amor do qual é profeta e nunca destinatária.
Clara ama e não se deixa amar. O amor é uma gravura no horizonte. O caminho é longo e estilhaçado. Na trilha do amor sem o poder tocar. Tocada sem o poder sentir...
Clara sorri nas lágrimas que verte e que descem ondulantes acariciando o seu corpo, beijando os seus pés.
_Anda Clara! - parece-lhe ouvir - Vem e escolhe a liberdade... Escolhe a liberdade...
Abre os olhos e continua o seu caminho ainda que meia adormecida, para que sinta apenas meia dor.
_Clara! - ouve-se o vento por entre os seus cabelos, brincando no tecido que lhe cobre o corpo e lhe venda a alma.
Ele ama-a e Clara não sabe, não sente. Pergunta-se no seu torpor por que caminhos andará o seu amor.

Acorda Clara...Por favor!

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sexta-feira, abril 22, 2011 - 13:22

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Ema Moura

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