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Almas Noturnas - Capítulo 3: Revelações

Alex sentia-se fraco.
Os pesadelos pareciam conduzi-lo por uma longa estrada que o esgotava física e psicologicamente. Esta situação já se vinha a arrastar há imenso tempo e o seu corpo ressentia-se disso.
Agora encontrava-se mais calmo. O estranho sabor que lhe envenenava a garganta desaparecera, dando lugar a um vazio e a uma terrível angústia que o deixava abatido.
Era uma sensação louca que lhe vincava cicatrizes no coração.
Apesar de apenas a conhecer em sonhos, Alex começava a sentir-se, de certa forma, atraído mas também dominado por esta estonteante mulher.
Quem seria ela? E porque razão teimava em o visitar, noite após noite, no recanto mais secreto dos seus sonhos?
Enquanto isso, Carlos e Catarina observavam boquiabertos o jovem que fizera questão em os visitar naquele dia cinzento.
- Quem és tu? – Perguntou Carlos – E como é que nos conheces?
Apesar do frio que se fazia sentir, o rapaz tinha a testa carregada de suor. Notava-se uma certa intranquilidade no seu olhar e ânsia na sua forma de falar.
- Pois bem. Eu chamo-me Pedro. – Apresentou-se – E estou aqui porque vocês precisam de mim.
Carlos soltou uma gargalhada estridente.
- Precisamos de ti? Para quê?
Pedro deu dois passos na direcção de Carlos e fitou-o directamente nos olhos.
- O que me sabes dizer sobre os sonhos que andam a inquietar o Alex?
- Qual é o problema dos meus sonhos? – Ouviu-se por detrás dele.
Alex acabara de entrar em casa e observava-o de cima a baixo.
O azul dos seus olhos sobressaía no tom pálido da sua pele.
Alex era um jovem atraente, cheio de charme. Tinha um ar inocente e uma expressão tranquila e confiante.
- E então? Qual é o problema dos meus sonhos? – Voltou a perguntar.
Catarina correu para os seus braços e agarrou-o, num abraço apertado.
- Ainda bem que chegaste. – Desabafou ela.
- Perfeito! – Comentou Pedro, com um enorme sorriso nos lábios – Agora sim, estamos todos reunidos.
Alex, Catarina e Carlos entreolhavam-se confusos, sem conseguirem descortinar o que estava a acontecer.
- Muito bem… – Falou Pedro – Vou tentar explicar-vos o que está a acontecer.
Além de desconfiados, todos se encontravam intrigados e ansiosos por ouvir o que o jovem tinha para lhes contar.
- Alex, continuas a sonhar com ela?
Alex acenou afirmativamente com a cabeça.
- Sim, continuo. Mas não sei quem é… Tu sabes?
Pedro soltou um sorriso amarelo e procurou por algo nos bolsos interiores do seu casaco.
As suas mãos agarraram um livro de aspecto antigo e comido pelo tempo, devido ao tom envelhecido e amarelado das suas folhas.
- Já ouviram falar de Nesfiriti, rainha dos vampiros, deusa das trevas?
Alex e Catarina encolheram os ombros, dando a entender que nunca tinham ouvido falar de tal personagem.
Por seu lado, Carlos manteve-se imóvel, nada demonstrando.
- Pois bem… – Prosseguiu Pedro – Nesfiriti é uma figura lendária, personagem de histórias fantásticas. Conta a lenda que é a rainha de todos os vampiros e que tem o poder de os observar a todos, na sua busca incessante por aquele que um dia se juntará a ela no altar, de modo a concretizar a união que ditará o fim da humanidade e o inicio de um reinado de trevas e caos.
Pedro alicerçava as suas palavras em pequenos conteúdos retirados do livro que trazia nas mãos.
- Nesfiriti é o expoente máximo da maldade. É uma mulher bela, com milhares de anos e um coração repleto de dor, desgraça, miséria e solidão. Contudo ela procura precisamente o seu oposto. Um vampiro com bom coração, neste caso, o expoente máximo da bondade. Alguém que a contraste, tal como a noite faz com o dia. Dessa união resultará uma fusão entre o bem e o mal e apenas o mais forte sobreviverá. Neste caso concreto, Nesfiriti será o elo mais forte e com essa união multiplicará todos os seus poderes transformando-se na mais temível deusa que um dia o mundo conheceu. Ninguém terá forças para lhe fazer frente e o mundo inteiro será dominado pelo seu exército de vampiros sanguinários que escravizarão toda a raça humana, espalhando o terror por todos os continentes e por todos os mares.
Carlos soltou um sorriso.
- Andas a ler muitos livros, rapazinho. Isso é apenas ficção, nada mais.
- Será que é apenas ficção? – Perguntou Pedro, com os olhos postados em Alex.
Alex nada respondeu.
- Sendo assim, – Prosseguiu Pedro – os vampiros também são apenas ficção, não acham?
Após essas palavras, o silêncio foi geral.
Carlos aproximou-se então do jovem e observou-o, sarcasticamente.
- Conheces algum vampiro?
Pedro deu dois passos atrás, um pouco a medo e sorriu.
- Pessoalmente… Conheço dois. – Respondeu – A ti e ao Alex. Mas existem muitos mais por aí, disfarçados como pessoas normais. Os vampiros existem e vocês são a prova disso.
- Quem és tu? – Perguntou Carlos em tom ameaçador.
Pedro engoliu em seco, assustado.
- Calma! Eu explico tudo.
O jovem sentia-se ameaçado por Carlos mas era exactamente com o que estava à espera. Ele já preverá que tal fosse acontecer.
- Eu tenho um dom. Eu consigo visualizar o que vai acontecer no futuro.
Mais uma vez o silêncio voltou a instalar-se entre eles.
O ar parecia infestado de desconfiança, confusão, perplexidade…
- Desde novo que tenho este poder de ter visões. Há quem pense que isto é uma maldição mas eu tenho a certeza que é um dom que me foi concebido para poder ajudar aqueles que necessitam do meu auxílio.
- Então, estás aqui para nos ajudar? – Perguntou Alex – É isso?
- Sim – Respondeu Pedro – Vocês fazem parte do meu futuro, tal como eu faço do vosso. Somos essenciais uns aos outros. Eu precisava encontrar-me convosco para nos aliarmos contra este mal que se aproxima.
- E esse mal, se bem entendi, é essa tal de Nesfiriti?
- Sim Alex. Nesfiriti encontrou aquele que procurava há séculos. Tu és o escolhido para ser o seu noivo.
Catarina estremeceu e agarrou com força a mão do seu amigo.
- Então é ela quem me visita nos sonhos…
- Isso é tudo tretas. – Resmungou Carlos – Não me digas que acreditas nestas baboseiras?
Alex caminhou ao encontro de Carlos e abraçou-o firmemente.
- Eu já nem sei em que acreditar, meu amigo. Eu só sei que estes pesadelos são cada vez mais reais e estão a dar cabo de mim. Eu vou acabar por dar em louco se isto continuar assim.
Pedro aproximou-se e tentou-os tranquilizar.
- Confiem em mim. Estou aqui para vos ajudar. Sei que vai ser duro mas vamos conseguir resolver esta situação.
A tempestade que ameaçava ruir, instalara-se em definitivo.
Chuvas fortes esbarravam nas janelas e o vento uivava por entre as frinchas da porta.
Os quatro jovens dialogavam agora na sala, sentados em grandes cadeirões antigos, acastanhados em couro de Carlos.
Pedro voltara a contar toda a história de início, mostrando-lhes o livro que trouxera em seu auxílio.
- Entenderam agora quem ela é e o que pretende? – Perguntou no final.
- Sim. – Respondeu Catarina – Mas como é que podemos ter a certeza que é ela quem anda a aparecer em sonhos ao Alex?
O estranho rapaz aguçara a curiosidade dos três jovens e estes apenas procuravam fundamentos para poderem acreditar nas suas palavras.
Pedro estava agora muito mais tranquilo. A ansiedade e o nervosismo que sentira quando entrara naquela casa já se encontravam praticamente extintos. Restava-lhe aguardar que acreditassem no que dizia.
- Fácil. Ninguém sonha constantemente com a mesma pessoa. Nos sonhos de Alex, o único que muda é o cenário, pois as personagens são sempre as mesmas: Ele e Nesfiriti. Ela já o encontrou e agora está a fazer uso das suas habilidades para o seduzir e hipnotizar. Quando Alex estiver completamente atraído por ela, Nesfiriti aparecerá para completar a ligação que os unirá para sempre. Eu já tive a oportunidade de contemplar essa união nas minhas visões.
- Então isso significa que eles vão-se unir? – Perguntou Catarina aflita.
- Não! – Respondeu Pedro prontamente – As minhas visões servem para me alertar e, consequentemente, para me darem a oportunidade de modificá-las. O futuro está em constante movimento e todas as acções que forem tomadas no presente, influenciarão e de que maneira o futuro. O que é certo hoje, amanhã poderá ser totalmente irreal, devido à consequência dos nossos actos. Se unirmos os nossos poderes conseguiremos derrotar esta rainha das trevas.
- E o que temos que fazer? – Perguntou Alex.
- Primeiro que tudo temos que aprender a lidar com as nossas maiores armas, ou seja, temos que conhecer os nossos verdadeiros poderes.
Catarina soltou uma gargalhada.
- Poderes? Que poderes? Eu sou uma miúda normal, não sou nenhuma heroína. Nem sequer sou vampira.
Pedro sorriu e piscou-lhe um olho.
- Não és vampira mas tens o poder de acalmar os vampiros ou ainda não te tinhas apercebido disso? O teu poder está no toque. Sempre que tocas na face dum ser não humano consegues retirar-lhe toda a raiva, todo o ódio, toda a força que ele tem e transforma-lo por minutos num ser fraco, com dor. O teu toque tem o poder de fazer um vampiro ficar fragilizado e numa angústia tremenda.
A rapariga ficou muda, quase em estado de choque. Agora percebera o que houvera acontecido poucos momentos atrás, quando Carlos se preparava para a atacar. O seu toque salvara-a duma morte que parecia anunciada.
Carlos e Alex encontravam-se boquiabertos. Nunca haviam suspeitado que ela tivesse este dom de auto-defesa.
- Então… – Balbuciou ela – Foi por isso que o Carlos não me atacou…
Perante tais palavras, uma expressão de surpresa apareceu no rosto de Alex.
Carlos parecia envergonhado, com os olhos postados no chão.
- Tu tentaste atacá-la? – Perguntou Alex enfurecido.
Carlos nada respondeu. Ele sabia que Alex e Catarina eram bons amigos e o que houvera acontecido não era bom para o clima de amizade deles.
- Já passou. – Disse Catarina, tentando amenizar o ambiente.
Alex estava furioso com ele.
Ele sabia que Carlos tinhas dificuldades na contenção da sua enorme sede, mas não admitia que ele tivesse tentado fazer mal à sua amiga.
Pedro, receando que eles se desentendessem, intrometeu-se de imediato, deitando água na fervura.
- Calma, vá lá. Nós precisamos de nos manter unidos. Só assim é que vamos conseguir fazer frente a este mal.
Alex suspirou irritado e tentou tranquilizar.
- Nós depois conversamos Carlos. Não te preocupes que na altura certa vamos falar sobre isto.
Carlos estava tremendamente embaraçado e notava-se um nervoso miudinho a crescer dentro dele.
- Pois bem… – Prosseguiu Pedro – Como eu dizia, depois de conhecermos os nossos verdadeiros poderes, precisamos recrutar uma outra pessoa para nos auxiliar. É alguém que, no fundo, será a força bruta do grupo. Um guerreiro que esteja habituado a lidar com a morte e em que o termo “matar” faça parte do seu dia-a-dia habitual. Conhecem alguém com essas características? Um vampiro talvez?
Carlos ergueu-se da sua cadeira num ápice e resmungou.
- Não, isso não! Se for quem eu estou a pensar, esquece! Não vou juntar-me a esse assassino sem escrúpulos.
Alex baixou a cabeça e balbuciou entre dentes.
- Estás a falar do Angel?
Pedro cerrou os dentes e silenciosamente acenou com a cabeça. Era precisamente sobre ele que se estava a referir.

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segunda-feira, abril 9, 2012 - 11:41

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Paulo Gomes Porto

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Almas Noturnas

Muito bom o conto. Você escreve muito bem. Parabéns!
Abraços

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