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Almas Noturnas - Prólogo

Um grito agudo e aflitivo soou no escuro da noite como se de um relâmpago se tratasse.
As ruas encontravam-se desertas e o único que se ouvia era o som de passos acelerados de alguém que parecia correr, fugindo de algo ou de alguém.
- Ajudem-me! Por favor!
Mais uma vez se ouviu um berro de aflição.
Quem corria desesperada era uma jovem mulher alta, loira, de olhos azuis e corpo elegante. O vestido azul que trazia por cima do corpo estava despedaçado e havia sangue a jorrar-lhe do pescoço.
Não se via ninguém na rua, o que a fazia desesperar ainda mais.
O seu perseguidor encontrava-se perto pois ela conseguia ouvir a sua respiração ofegante e sentir o seu odor nauseabundo.
Apesar de continuar a correr sentia as pernas a ficarem fracas e o sangue que continuava a perder começava a deixá-la entontecida.
Ainda continuou a galgar alguns metros de terreno mas por fim foi alcançada por aquele que a perseguia, que prontamente a agarrou, arremessando-a ao chão com extrema violência.
A jovem bateu com a cabeça no chão de pedra quase perdendo os sentidos.
O seu agressor observava-a com satisfação.
O escuro da noite não deixava ver-lhe as feições. Apenas se contemplava um vulto alto, magro, completamente vestido de negro com um chapéu a tapar-lhe a cabeça.
Sem perder tempo deitou-se por cima do corpo dela e começou a lamber-lhe a cara e a saborear o seu sangue.
Parecia apreciar e ter prazer com o que estava a fazer.
A rapariga nada conseguia fazer além de contemplar com horror aquele que parecia querer sugar-lhe a vida.
A lua estava alta, iluminando entorpecidamente aquele espectáculo macabro.
Mas rapidamente o pesadelo da jovem terminou.
Com uma dentada canibalesca, o homem arrancou parte do pescoço da rapariga, fazendo-a esvair-se em sangue.
O som da carne a ser estilhaçada nos seus dentes era brutal e o cheiro a sangue que se fazia sentir, bastante nauseabundo e forte.
Em poucos minutos desfez aquele corpo tenro nos seus dentes.
Depois de saciado, correu desenfreadamente pelas ruas solitárias deixando aquele corpo despedaçado ali no meio da estrada, entregue aos ratos que se haviam aproximado, orientados pelo cheiro que a carne libertara.
A lua continuava alta, bem luminosa, transformando aquele cenário num quadro burlesco de mutilação.

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domingo, março 25, 2012 - 11:08

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Paulo Gomes Porto

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