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A atenção - alguns fragmentos

Situação 1: Em um elevador, duas pessoas, uma olhando para o alto, a outra olhando para o chão. Em seguida, a que estava olhando para o alto põe-se a admirar-se no espelho. Permanecem assim por um certo tempo. O elevador então chega no destino do primeiro. A pessoa sai, portanto, do elevador, sem dizer palavra alguma.

Situação 2: Na avenida dos Bandeirantes, estou como passageiro de um carro. De repente, na ponte que há na entrada para a 23 de maio, um grande caminhão sofre um acidente. Ele estava carregando uma espécie de objeto envidrado, porém, quando foi passar pela ponte, a altura não foi o suficiente e o objeto trincou. O caminhão então permaneceu ali, parado, nem indo adiante, nem retornando. E os carros começaram a buzinar. A motorista do meu carro começou a xingar o motorista do caminhão de burro. “Como ele não viu que não dava para passar!! Agora vou me atrasar para o trabalho!!” As buzinas só aumentavam!! E eu olhando para o caminhão, pensei no quão caro devia ser o objeto que foi trincado, e como o pobre motorista devia estar se sentindo!! Será que jogariam a culpa nele? Será que havia algum seguro que poderia cobrir isso? O que aconteceria com o emprego deste homem? Será que ele tinha família? Mas as pessoas apenas buzinavam, impacientes e irritadas, enquanto passavam com maior lentidão pelo local do acidente.

Situação 3: Quando era mais jovem, estava passando de carro ao lado de uma favela que ficava na lateral de uma grande avenida. Ao fitar a favela, vi que havia uma criança observando a avenida, estática, com o olhar perdido. Fiquei pensando o que esta criança buscava no passar dos carros, o que ela sentia naqueles momentos. Sonhos? Tristeza pela sua vida? Desejo de uma vida melhor? Por que ela, uma criança, ao invés de brincar, estava ali, na janela, contemplando o fluxo interminável da avenida? E, quando o carro voltou a andar, para o meu espanto, vi que havia mais outras duas crianças olhando a avenida, em outras duas casas de alvenaria sem pintura.

Situação 4: Um dia eu estava no ônibus e apareceu um homem. Um homem bem velho. Ele não estava pedindo dinheiro, nem nada. Apenas entrou e começou a falar sobre a Bíblia, sobre a importância de amarmos uns aos outros, de prestarmos atenção naquilo que nos rodeia, de vivermos com responsabilidade. As pessoas, como quase sempre fazem, sequer o olharam. Se incomodaram com a fala daquele homem, como se no fundo tivéssemos muito mais a fazer em um ônibus lotado e apertado - e não pudéssemos prestar atenção em alguém por alguns poucos minutos.

Pergunto-me às vezes: - Será que a vida deles é tão fantástica e envolvente assim?

Quando o homem desceu do ônibus, ele agradeceu aqueles que o ouviram, e ao motorista, por não ter lhe mandado calar a boca. Ele era um homem velho, de roupas gastas, terno surrado, faces vincadas e enrugadas. Mas quando o fitei, disse a mim mesmo: - "Eis um homem belo!" Foi aquele homem que atraiu o meu coração e os meus olhos. Pois há poucas coisas mais asquerosas neste mundo do que a indiferença e o desprezo... E é isto o que mais existe neste mundo. No entanto, o esforço daquele homem fez com que eu voltasse a mim - e deixasse de assistir passivamente o mundo por aquela caixinha motorizada chamada ônibus. Quiçá nós possamos manter tal beleza acesa dentro de nós mesmos, encontrando oportunidades que nos façam pensar, sentir e fascinar-se, saindo de um mundo vazio para vê-lo em toda sua beleza, profundidade e verdade – ou, pelo menos, no máximo que nos é possível.

Situação 5: No metrô, as pessoas, muito próximas umas das outras, sequer se olhavam. Permaneciam em seus mundos particulares. Algumas liam. Outras tentavam dormir. Outras olhavam para frente, mergulhadas em algum lugar indecifrável. De repente, um bebê que estava no colo de uma mulher sentada no banco cinza, começa a sorrir para a mulher ao lado. Ela então começa a brincar e interagir com o bebê. Logo em seguida, outras duas mulheres entram na brincadeira, elogiando a mãe pelo lindo sorriso do bebê. As quatro mulheres começam a conversar, motivadas pelo sorriso do bebê.

Situação 6: Ainda no metrô, mas em outro dia, a porta se abre na estação do Paraíso. Após todo o fluxo de gente que saiu e entrou pela porta, uma mulher com um carrinho de bebê tenta entrar no metrô. No entanto, a roda do carrinho se prende no vão entre o vagão e a plataforma. Ela tentar, desesperadamente, tirar o carrinho e fazê-lo adentrar o vagão. Sem saber o que fazer, começa a gritar: “Ei!! Me ajudem, pelo amor de Deus!” Mas consegue logo em seguida fazê-lo entrar. A mulher, exasperada, após sentar-se, começa a reclamar com todos os que estão a sua volta, reclamando da passividade absurda das pessoas, que o coração dela estava a mil, que o bebê dela podia até morrer! E uma mulher disse: - “É assim mesmo! O mundo está perdido. As pessoas não olham para as outras!” Então a mãe fala que esta educação foi o que sua mãe lhe ensinou, e algo que ela procurará ensinar para seu filho. E que achava o cúmulo ninguém tê-la ajudado!! A mãe repetia a mesma conversa com todas as mulheres que entravam. E todas concordavam que era um grande absurdo tudo isso. “Como as pessoas podiam ser assim?” – diziam elas, indignadas.

Situação 7: Outro dia, estava no MAC (Museu de Arte Contemporânea) para fazer um trabalho para a faculdade. Era um trabalho sobre a fenomenologia da arte. Tinha de anotar e registrar todos os detalhes de alguma obra em especial e tudo o que eu sentia e passava pela minha cabeça durante este passeio. Quando estava fazendo a descrição do quadro escolhido (um do Alfredo Volpi chamado Reunião à Mesa, um quadro onde 12 pessoas estão em torno de uma grande mesa, cada uma entretida com seu grupo particular ou mesmo imersas em si mesmas – enquanto a figura principal permanece atônita, no centro do quadro, olhando em nossa direção), percebia atrás de mim um grupo de pessoas que passavam rapidamente por cada obra, sendo conduzidas por um monitor, que fazia a descrição, expunha os elementos principais e o signficado da obra. Tudo muito rápido, a fim de passar por todo o acervo no período estipulado. Então, algo surpreendente aconteceu: o segurança, de terno e gravata, chegou ao meu lado, afirmando que gostava bastante do quadro que estava vendo, que era um dos seus prediletos. Começamos a conversar e ele me disse que “gostava bastante de arte, pois a arte fazia com que as pessoas tivessem uma opinião”. E ele apreciava ficar admirando também por um bom tempo os quadros que gostava (pois eu, devido ao trabalho, estava a mais de uma hora e meia diante deste quadro). A opinião do segurança, diante do grupo conduzido pelo monitor, pareceu-me tão interessante que fiz questão de abrir uma sessão no trabalho de fenomenologia da arte para falar do ocorrido.

Situação 8: Uma mulher chega berrando no balcão antes de uma palestra de Fritjof Capra na Livraria Cultura. A moça do balcão disse que não sabia nada a respeito do que a mulher estava falando. A mulher, irritada, retruca dizendo que sabia sim, pois foi ela mesma que a atendeu há algumas horas. Então a moça diz: - “Senhora, eu sou a tradutora e acabei de chegar aqui! Por favor, tenha calma!”

Situação 9: Em um hospital psiquiátrico, conduzem os psicóticos para o jardim, a fim de que eles tomem sol. Entretanto, um deles foge, pulando o muro. Fazem uma busca dele, mas não o acham nas redondezas. Após uma semana, o homem retorna e é rapidamente preso. E ele diz: - “Vocês não podem mais me prender!! Eu já fugi. Só vim buscar minhas coisas!”

Situação 10: Na praça João Mendes, as pessoas passavam apressadas, algumas descendo em direção à Igreja da Sé, outros subindo de lá, alguns entrando nos sebos ou mesmo em outros locais. Um homem de terno, apressado, passa a frente de uma prostituta que estava parada. Ela então faz algum tipo de provocação ou proposta, e o homem passa rápido. Uma senhora que estava diante de mim, balança a cabeça como se não concordasse. A prostituta então faz algum tipo de comentário, rindo. E a mulher sai escandalizada.

Situação 11: Diante do Shopping Paulista, as pessoas saem com sacolas e mais sacolas de dentro do ambiente iluminado e colorido do Shopping. E no chão, misturada com as sombras da noite fria, uma mulher tem uma criança ao colo que chora. Lá dentro em algum lugar está o Papai Noel.

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sexta-feira, dezembro 4, 2009 - 20:26

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