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A campa

Joseph era um empresário de sucesso. Começara numa empresa da família, mas passado pouco tempo decidiu criar a sua própria empresa: FEMYL. Nunca ninguém percebeu o porque daquele nome, que deveria ser uma sigla, mas se assim era porque é que nunca disseram o que era aquela sigla. A empresa a pouco e poucos tornou-se conhecida, principalmente porque muitos jornalistas e entrevistadores tentaram tudo para descobrir o que estava por destras daquela sigla que fazia com que a empresa se tornasse, eventualmente, um sucesso, mas por mais perguntas que fizessem ao dono, nenhuma informação lhe conseguiriam tirar sobre o nome da empresa. Claro, devem estar-se a perguntar que tipo de empresa era a do senhor joseph? Pois bem, é uma empresa matrimonial. Aliás, é como se fosse uma família. Na empresa FEMYL, encontram-se pares perfeitos, preparam-se casamentos para que não seja muito stressante para os noivos; preparam-se festas tais como despedidas de solteiros, festas de noivado, e festas para haver declarações de amor; mas também quando o casal está longe, existe aconselhamento, arranja-se trabalhos e tarefas para se manterem ocupadas e também comunicarem com outras pessoas que estão na mesma situação.
Apesar de agora Joseph ser dos solteiros mais ricos e cobiçados do mundo, nem tudo era perfeito. Tinha um terrível segredo que poucas pessoas tinham conhecimento dele. Todos os dias, escrevia uma carta, mas não a chegava a enviar e colocava apenas numa grande caixa já preparada para as cartas.
“Querida,
Mais um dia que passo sem ti. Tento esquecer-te, mas não consigo. O nosso amor sempre foi tão intenso. Sinto o teu cheiro por toda a casa. Uma ligeira brisa a rosas me entope o nariz com o teu maravilhoso que me enfeitiça. Quando estou em casa sinto que tu estás comigo, por vezes até chego mesmo a ver-te como costumavas andar. Ahh, isto está a dar comigo em doido. Não acredito que te foste de vez. Eu nunca cheguei a dizer o quanto tu foste especial para mim, o quanto eu te amo. Quem me dera que eu tivesse ido contigo para… sei lá, para onde os mortos vão. Não consigo imaginar a minha vida sem ti. Criei esta empresa porque era um sonho teu, e então ela tornou-se das empresas mais famosas. Só gostava que estivesses aqui para apreciar o bem que a nossa empresa faz às pessoas. Daqui a uns dias faz 5 anos que tu desapareceste da minha vida, e mesmo assim não consigo relacionar-me com ninguém. Porquê? Não é por falta de propostas, porque por acaso tenho sempre muitas propostas, mas acho que nunca achei nenhuma que fosse marcante para mim. Okay, eu admito, eu queria que aparecesses à minha frente, que tudo o que tenho passado não fosse mais de um horrível pesadelo e que finalmente tu tinhas chegado para me resgatar desse maldito sonho. Eu quero acordar deste pesadelo, mas quando acordo de manhã, olho para o lado esperando ver-te como todos os dias, a dormir tão tranquilamente, sempre com um sorriso na cara, mesmo quando dormias. Ahh, como eu era feliz naquela altura e não me apercebi de que deveria mimar a pessoa que tinha ao meu lado em vez de a abandonar como a abandonei. Amor, desculpa-me. Não há um único dia em que eu não me sinta mal por te ter abandonado e não me ter despedido de ti. Mas eu sabia perfeitamente que tu não me irias deixar ir se eu te contasse que queria ir para uma missão fora do país defender o nosso país, a nossa casa. Parece que o sentimento de amor pela pátria chamou-me mais e sempre pensei que o amor que nós nutríamos um pelo outro nunca iria acabar. Mas também, não imaginei que quando regressasse da missão que não te teria visto à minha espera em casa, de braços abertos e com as lágrimas nos olhos, prontas a derramar assim que me visses. Quando eu te enviava cartas, tu sempre me respondias, quase todas as semanas me mandavas uma carta, a dizer que tinhas muitas saudades minhas e que me amavas, e pedias-me, imploravas-me até para voltar. Porquê é que eu não voltei? Não acredito que por causa do meu egoísmo te deixei escapar deste mundo.
Meu amor, minha flor, espero que me perdoes.
Do teu amor, eternamente arrependido”
Limpara as lágrimas que estavam a manchar o papel. Sempre que escrevia as cartas para ela, mas não conseguia deixar de as escrever. Então, tocaram à campainha, acordando-me do transe.
-Olá querido, então vamos?
-Ah olá Margarida. Sim, claro, deixa só ir buscar o meu casaco.
Iria hoje para a sua terra natal: Lizar. Iria fazer a visita anual à campa da sua pequena flor que não teve tempo de desabrochar. Enquanto Margarida, a sua sogra guiava o carro pela auto-estrada, ele observava a paisagem e não conseguiu deixar de pensar na Anna. Anna é a sua noiva, aliás, era a sua noiva. Passado tanto tempo e mesmo assim não se habituara a dizer que ela era a sua noiva que morrera. Lágrimas estavam prestes a escorregar contornando assim o rosto de um viúvo que amava muito a falecida.
-Joseph, então como tem ido o trabalho? Não temos falado muito… como tens ido?
-O trabalho tem ido muito bem mesmo. É um negócio que está a prosperar mais do que eu esperava.
-Que bom, e tu? Como estás? –Notava-se a preocupação que ela tinha pelo genro. Sempre soube que o rapaz amava a sua filha. Era um sentimento tão profundo que quando isso aconteceu, foi um tremendo choque para todos, mas para ele ainda foi pior. Lembrou-se dos meses que passaram a seguir àquele acontecimento foram infernais. Ele até esteve em risco de morrer, tudo porque não aceitava…
-Eu estou como sempre.
-Isso quer dizer que estás mal?
-Não me leve a mal, mas eu preferia não falar agora. –A voz era tão triste, tão melancólica que decidiu conceder-lhe o seu desejo.

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terça-feira, março 22, 2011 - 23:00

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