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Cruz de Ferro

O meu cRISTO precisa de repouso… vou afrouxar os cravos…

Sobre o dorso de uma borboleta subi a Via Láctea e desci a Via Dolorosa, num carrossel de sentimentos com “pêlo na venta”! Para arejar o pensamento, dedilhei o rosário até rasgar em sangue a carne dos dedos.
Quando tudo parece uma maresia fresca de águas sonolentas, levanta-se o areal de dúvidas, impelido pelo sopro dos gigantes instigadores.
Então, o peito incha para dimensão ilimitada, tais são os fardos e as bagagens que nele se acumulam, sem destino determinado. Acondicionam-se as malas dos problemas e os males de um lado; os farnéis da alegria e os bens do outro.
Enquanto a viagem se mantém sob as estrelas tudo se sustenta em doce equilíbrio. Todavia, com mais um repentino abalo das correntes cósmicas, precipita-se o rumo da expedição pela rota do calvário. A carga desgoverna-se do seu estado comedido, para se misturar pelo porão do momento. Há males que vêm por bem e problemas que se impõem para relançar a dúvida. E, se a dúvida é o começo, descarto a inexistência de uma solução.

Dolorosamente, num curto minuto – diminuído na contagem dos segundos – a via deixa de ter sentido, a confusão inebria os sentidos e, mais, o pensamento. A lógica afoga-se no abstracto, e a reflexão no opaco.
Já não basta a dúvida do instante, todos os pesos se reúnem em solidariedade para afundar a nave do argonauta.

E eis que me ofereces uma mão, em amparo das minhas tonturas. Indica-me o caminho para a Cruz de Ferro, onde, alheado da vontade, expiro a dor, a cada passo de aproximação ao marco. Vejo-me em casa: tanto verde giestal, tanto cinzento granítico e tanta contemplação de um céu azul com fofos pingentes brancos. Relembro as fontes onde bebo o amor. Ressuscito os meus altares da fé.

Abro os porões e descarrego a carga triste sob uma chuva grossa e salgada. O calor da pluviosidade refresca-me o rosto aquecido pelo SOL persistente. A solução aparece com o soluço da garganta ressequida, que expele as poeiras amontoadas para libertar a voz límpida do pardal engaiolado.

Creio que não posso ser mais EU, cheguei ao meu estado mais puro, sem subtilezas ou asas de borboleta para dar alguma beleza ao que mostro. E aqui me reencontro após longos anos de alguns equívocos. Estou leve e disseminado pelo ar que reproduz a áurea da minha silhueta.
Repouso o pensamento cansado pela sobre dosagem do trabalho que lhe foi imputado nos últimos tempos.
Espero assim ficar durante muitos dias, de são conformismo…

Andarilhus “(º0º)”
XXXI : VII : MMVI

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segunda-feira, março 17, 2008 - 10:31

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Andarilhus

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Re: Cruz de Ferro

Bom texto que relata os dilemas da vida, dos quais precisamos mesmo repousar!!! Abraço

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