CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
Cupido
As palavras provocam-nos, atiçam-nos com verbos repletos de intenções até conseguirem de nós o que pretendem: mais e mais palavras.
Curiosamente, ao interagir com uma amiga sobre o amor à primeira vista ou qualquer relação que tenha por base este cliché, a minha mente divagou em direcção ao Olimpo e não mais parei de pensar numa das suas criaturas amorosas, associada a uma imagem eternamente infantil: Cupido!
Escrevia eu à minha amiga que "(...)para além de considerar o miúdo amoroso e seja absolutamente contra o trabalho infantil, eu não consigo destituir o Cupido do seu cargo", mas sou forçada a reconhecer que se pudesse, tentaria convencê-lo a arrumar o arco e as flechas e em último recurso tirava-lhe a porcaria do brinquedo ou enviava o menino para um colégio eterno!
Alinhadas as asas, parti das Terras Altas rumo ao desconhecido reino dos Imortais, na esperança de falar com o mítico miúdo.
Não estou autorizada a falar-vos da sua localização e nem mesmo descrever as suas paisagens e cidades, só posso dizer-vos que a crise também lá chegou e com tantos impostos corri o risco de chegar com a Alma penhorada.
Todas as criaturas com que me cruzei, depois de lhes contar o que pretendia, riram a bom rir como se lhes tivesse contado a melhor piada do mundo, e solidárias acompanharam-me até à moradia celestial.
Como se fosse o acto mais natural do mundo bati à porta e perguntei: o Cupido está?
A porta abriu-se para um lindo jardim, repleto de corações esvoaçantes como se fossem aves.
Pensei tratar-se de um campo de treino, ou seja, seria ali que o pequeno praticava a pontaria. Os corações ao serem atingidos ora passavam a voar aos pares ora deixavam-se ficar caídos, palpitantes como se esperassem por algo.
Reparei que o pequeno me observava e ao centrar-me na sua figura notei como era diferente das gravuras da criança de caracóis loiros com asas branquinhas. Perguntou-me ao que vinha e eu deixei o meu coração falar:
_Não sei se já fui um coração deste teu jardim, mas eu não quero o Amor, assim como o Amor não me quer! Vim para te pedir para que guardes as tuas flechas e não mais me tentes com a mais leve esperança de o encontrar.
A criança riu-se e com uma voz pesada como o próprio Tempo respondeu:
_Todos os que daqui partem não vão sozinhos e quando descem à Terra encontram-se, ainda que toldados pela matéria que lhes bloqueia a vista. É preciso saber ver com o coração, todos têm uma luz que os distingue.
_E o que acontece, se perante a luz fecharmos os olhos? - Perguntei-lhe surpreendida pela ansiedade na minha voz.
_E quem viste viu-te?
_Não, verdadeiramente! Já te disse que o Amor não é para mim.
_Se não te viu e se não te encontrar, virá procurar-te aqui e daqui partirão de novo para uma nova viagem. Mas se ambos fecharam os olhos, algo neste mundo definhará até à morte.
Só então reparei no seu rosto contraído, nas asas de um cinza tumular e no número de corações tombados naquele jardim. Recordei como o Amor e a Esperança tornam qualquer lugar num paraíso, era impossível não acreditar naquela criança.
Alimenta-te! - Disse-lhe com firmeza, enquanto desnudava o peito.
Sem olhar para trás, com ele deixei tudo o que tinha e tudo o que te fará procurar por mim ali!
Publicado no Blog Broken Wings e na PEAPAZ
Submited by
Prosas :
- Se logue para poder enviar comentários
- 738 leituras
other contents of Ema Moura
Tópico | Título | Respostas | Views | Last Post | Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Prosas/Pensamentos | São ondas! | 0 | 666 | 07/07/2011 - 22:51 | Português | |
Prosas/Pensamentos | Ventura | 0 | 545 | 07/07/2011 - 22:50 | Português | |
Prosas/Pensamentos | Somente o amor subsiste! | 0 | 576 | 07/07/2011 - 22:48 | Português | |
Prosas/Pensamentos | Se fosse um rebento... | 0 | 1.136 | 07/07/2011 - 22:45 | Português | |
Prosas/Contos | O Encantador da Lua | 0 | 618 | 06/01/2011 - 23:33 | Português | |
Prosas/Romance | Pequeno cosmo | 1 | 760 | 05/19/2011 - 10:11 | Português | |
Poesia/Meditação | Uma verdade trancada... | 2 | 449 | 05/09/2011 - 10:42 | Português | |
Poesia/Desilusão | À deriva | 2 | 778 | 05/05/2011 - 18:08 | Português | |
Poesia/Paixão | Estrelas do meu desejo | 2 | 642 | 05/04/2011 - 00:27 | Português | |
Prosas/Romance | Não te dispas... Ainda... | 1 | 755 | 04/28/2011 - 19:26 | Português | |
Poesia/Amor | Porque não te amo | 3 | 969 | 04/27/2011 - 01:02 | Português | |
Prosas/Romance | Não pode ser amor | 0 | 810 | 04/25/2011 - 00:43 | Português | |
Prosas/Romance | Não pode ser amor (duplicado para anular) | 0 | 650 | 04/25/2011 - 00:43 | Português | |
Poesia/Amor | Só porque não estás apaixonado... | 0 | 518 | 04/22/2011 - 13:27 | Português | |
Prosas/Romance | Acorda Clara... Por favor! | 0 | 615 | 04/22/2011 - 13:22 | Português | |
Prosas/Romance | Penso, rendo-me e sorrio | 0 | 585 | 04/20/2011 - 02:31 | Português | |
Prosas/Erótico | As noites da Pantera | 0 | 719 | 04/15/2011 - 11:46 | Português | |
Prosas/Erótico | Uma sede crescente... | 0 | 595 | 04/15/2011 - 11:38 | Português | |
Críticas/Outros | "O mundo já não é das palavras" | 2 | 1.221 | 04/13/2011 - 12:19 | Português | |
Prosas/Erótico | Uma vontade que não cansa... | 2 | 1.265 | 04/08/2011 - 11:32 | Português | |
Poesia/Amor | Passado | 2 | 587 | 04/05/2011 - 11:46 | Português | |
Poesia/Amor | Passado | 7 | 526 | 04/05/2011 - 04:23 | Português | |
Prosas/Romance | Doce arrepio | 7 | 1.137 | 04/04/2011 - 16:13 | Português | |
Ministério da Poesia/Amor | A Razão... | 0 | 452 | 03/29/2011 - 15:03 | Português | |
Ministério da Poesia/Paixão | Delírio solitário | 0 | 411 | 03/28/2011 - 16:13 | Português |
Add comment