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Destino Improvável - Capítulo III – A separação

Depois de se terem dirigido ao balcão da Mútua seleccionada por ambos, que se encontrava próxima, na mesma avenida e celebrado o contrato de seguro de trabalho, tomaram caminho para casa. Já passava das 11 horas e Manuela pensou que Tony já tivesse chegado. Iria preparar um almoço ligeiro, à base de saladas, pois já era um pouco tarde para cozinhar algo mais complexo.
Quando entraram em casa, seguiram directamente cada um para o seu quarto para pousar as coisas e mudarem de roupa.
Alex desceu primeiro e, quando chegou a cozinha, viu sobre a mesa, um prato, um copo e talheres sujos de uma utilização e um guardanapo amarrotado. Não havia toalha sobre a mesa e esta encontrava-se marcada pela humidade do copo e com migalhas de pão. Alex abanou a cabeça e subiu novamente. Bateu à porta e chamou:
“Manuela, podes vir aqui?”
Ela respondeu-lhe com uma voz abafada: “Já vou, Alex, um momento...”
Alex esperou uns minutos, mas depois achou que se passava algo. Avisou: “Manuela, eu vou entrar!”
Não chegou a rodar a maçaneta da porta; esta abriu-se perante ele e Alex viu Manuela desfeita em lágrimas. “Não, ele não pode ter feito isso!”, pensou Alex. Não precisava de lhe perguntar o que se passava. Envolveu-a nos seus braços e tirou-a do quarto, fazendo-a descer as escadas até à sala. Reparou que ela tinha na sua mão esquerda um papel amarrotado e deduziu imediatamente que se tratava de uma nota deixada pelo seu pai. Sentou-a no sofá e aninhou-se à sua frente. Pegou no lenço que sempre trazia no bolso, lavado e engomado, e enxaguou-lhe as lágrimas, suavemente, com uma mão, enquanto que a outra afagava as mãos dela que se encontravam cruzadas à frente dos joelhos.
“Vou buscar-te água...”, disse Alex, mas logo se calou e voltou à posição inicial, pois Manuela agarrou com força a mão que afagava as suas.
“Fica aqui, por favor!”, pediu ela. “Não me deixes!”
“Nunca te deixarei, Manuela. Tens-me sempre ao teu alcance... então anda comigo até à cozinha. Faço-te um chá, queres?”
Ela não respondeu. Seguiu-o até à cozinha, sentou-se num dos bancos do balcão, bem ao lado de Alex, enquanto este enchia o bule com água. Enquanto esta aquecia, ela passou-lhe o papel amarrotado para as mãos. Alex tremia enquanto pegava nele e o abria: temia ler o que tanto a tinha magoado e a revolta que sentia contra o seu pai, transformava-se em ódio. Finalmente ganhou forças e leu-o para si próprio:
“Manuela, quando leres esta nota, já devo estar no aeroporto para ir no próximo avião com destino a Portugal. Parti mais cedo porque não suporto a tua traição ao tornares-te aliada da decisão do meu filho, de Paulo e de toda aquela família. Quando precisaste, fui eu que te apoiei e agora abandonaste-me.
Quando chegar a Portugal, vou contactar o Dr. Patrício, assinarei uma procuração e será com ele que vais tratar do divórcio. Tenho uma exposição em Itália e é para lá que seguirei. Quando regressar, não quero ter a necessidade de entrar em contacto contigo pelo facto de ainda existirem assuntos pendentes. Adeus. Tony”
Tony tinha deixado bem claras as suas intenções e não parecia haver ‘volta atrás’ na decisão tomada.
Alex não precisou de pedir a opinião de Manuela: pegou no telemóvel e ligou para o do Paulo. Este atendeu:
“Alex, hombre! Deixa adivinhar, vais dizer-me que podes começar mais cedo...”
“Não Paulo, pelo contrário, ia pedir-te um alongamento do prazo. Manuela vai precisar de mim em Portugal e não sei quando poderei regressar”, respondeu Alex.
“Aconteceu algo?”, perguntou Paulo, receando saber a resposta.
“Sim, o meu pai foi embora...”
“Meu Deus... Eu e a Carmen vamos aí depois de jantar... Sacana!... Desculpa Alex, sei que ele é teu pai, mas...”
“Não peças desculpa, o meu sentimento por ele é bem pior. Ele não tem o direito... logo falamos. Paulo... obrigado!”
“Ora essa Alex, para que servem os amigos?”, despediram-se e Alex desligou.
“Manuela, eles vêm cá logo à noite, depois de jantar.”
“Obrigada Alex, mas não era preciso... tu podes regressar na data prevista”, respondeu ela.
“Não, eu quero estar contigo, enquanto precisares de mim”, replicou Alex.
“O assunto do divórcio deve estar resolvido até ao fim de Outubro. Também quero resolver isto o quanto antes. Alex, eu não sei se devo pedir-te isto...”
“Pede o que quiseres. Farei o impossível, se necessário”, respondeu ele.
“Não quero impossíveis. Nunca pedi isso ao teu pai e não é a ti que o vou fazer...”
“Ele nem o possível fez... fala!”
“Não te importas que eu regresse contigo em Novembro e fique a viver nesta casa até encontrar algo para mim?”, perguntou ela, por fim.
“Manuela, não precisas de pedir nem de procurar nada!”, respondeu. “Esta casa será sempre tua.”
“Não sei como vão ser distribuídos os bens, na partilha...”
“Sendo assim, também posso ter que fazer-te o mesmo pedido...”, respondeu Alex. “Se a casa ficar para ti, posso ficar aqui durante uns tempos?”
“Tens razão, não temos necessidade de fazer este tipo de perguntas, um ao outro”, esboçou um sorriso triste, estendeu-lhe a mão e continuou “Estás a revelar-te uma pessoa completamente diferente da que eu conheci, Alex!”
“Espero que para melhor!”, brincou ele.
“Para uma pessoa formidável, Alex, és maravilhoso!”
“Me hace falta una babete...”, brincou ele mais uma vez. Queria animá-la a todo o custo, mostrar-lhe que a vida continuava e, se ela quisesse, com perspectivas fantásticas. Fê-la sorrir mais uma vez e isso fez despertar os seus sonhos.
Depois de um jantar simples, preparado por Alex, arrumaram a cozinha e esperaram a chegada de Carmen e Paulo. Desde a chegada deles até irem embora, Manuela foi acarinhada por todos de uma forma tão intensa que, apesar de um pouco sufocada, ela sentiu-se amparada, com conforto e forças para seguir em frente.
Depois de eles irem embora, Alex sentou-se ao lado de Manuela, no sofá e pegou na mão dela. Ela não podia sentir-se só e ele estava ali para tudo o que ela precisasse. Ela adormeceu com a cabeça no seu ombro, depois de ter chorado compulsivamente. Pediu-lhe desculpa, fechou os olhos e, quando Alex ouviu a sua respiração mais pesada e profunda, não sabia o que fazer: se continuar ali e adormecer com ela ou deitá-la confortavelmente no sofá e cobri-la com uma manta. Decidiu-se pela segunda hipótese, pensando no bem-estar dela e contrariando a sua vontade de ficar junto dela.

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segunda-feira, maio 25, 2009 - 21:12

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