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Destino Improvável - Capítulo IV – A Ida a Portugal

De manhã, Manuela ainda não tinha aberto os olhos e já estranhava os ruídos que ouvia. Mais: estranhava ainda o aroma que lhe subia as narinas. No início, pensou que se encontrava no seu quarto e que Alex lhe tinha levado o pequeno-almoço, mas depois de abrir os olhos, viu que estava no sofá da sala. “Na realidade,” pensava ela “não me recordo de ter saído daqui... Adormeci no ombro de Alex!”
Levantou-se e dirigiu-se à cozinha. A mesa estava pronta para o pequeno-almoço a dois. Reconheceu o ruído como sendo de uma das máquinas do ginásio, correu ao seu quarto, tirou a roupa que trazia e vestiu o seu fato de treino. Voltou a descer as escadas e encontrou Alex na máquina de remo. Aproximou-se, beijou-o na face e disse:
“Bom dia... obrigada querido!”
“Bom dia querida... obrigada de quê?”, perguntou ele.
“Por tudo, Alex, por tudo!”, dito isto, sentou-se na bicicleta, ao lado dele. Começou a pedalar e continuou a falar “O que me deste ontem à noite? Dormi que nem um bebé!”
“Estavas exausta pela comoção, Manuela”, respondeu Alex. “Apenas te dei um chá de tília, nada mais!”
“Ainda perguntas obrigada de quê??? Se não estivesses comigo, não sei o que seria de mim!”
“Se eu não estivesse aqui, nada disto teria acontecido. Sinto-me responsável e tudo o que eu puder fazer será pouco em relação ao que fizeste por mim!”
“A decisão foi minha, Alex. Tu não me forçaste a aliar-me a ti! Quanto ao resto, isto foi um acumular de situações...”
“Tu nunca lhe deste motivos para ele tomar tal atitude! Nunca pensei... achei que ele ia ver a razão... disparate meu... como se eu não o conhecesse!”
“Agora não importa mais. A vida continua e tu tens o teu futuro aqui.”
“E tu, se quiseres, tens o teu aqui, a meu lado. Manuela, quero estar contigo sempre que precisares!”, disse isto a arfar, mais pela emoção de, finalmente, dizer o que sentia (ou, pelo menos, parte), do que, propriamente, pelo esforço que fazia na máquina de remo.
Manuela parou de pedalar e olhou. Ele apercebeu-se da direcção do seu olhar e parou também a sua máquina e olhou-a também. Por segundos mergulharam no olhar um do outro, em silêncio. Ela sentiu algo estranho que sacudiu imediatamente, receando estar a interpretar algo erradamente e ter consequências impensadas. E falou:
“Obrigada por todo o apoio que me dás. Por incrível que pareça, apesar de todos estes acontecimentos, consigo sentir-me feliz... feliz por te ter motivado para a vida. No entanto, preferia que te sentisses assim por outras razões...”
“Porquê? Achas que não és razão que mereça a minha motivação?!”, replicou ele.
Manuela estremeceu perante a pergunta. Receava-a desde o início, mas preferia não responder. Alex notou a sua reacção e não insistiu, mas a verdade é que a resposta dela era tudo o que ele queria naquele momento. Finalmente, ela ganhou forças e falou:
“Alex, eu sinto muito orgulho por teres visto em mim uma razão para saíres do teu mundo fechado, mas acredita que eu ficaria feliz se isso tivesse acontecido por teres conhecido alguém que conseguisse fazer-te feliz, o homem mais feliz à face da Terra!”
“Ok, já que falaste nisso, eu continuo...”
“O quê, tu conheceste alguém? A sério???”, perguntou Manuela, sorrindo. Mas logo a seguir, olhou para ele e viu que não era isso e parou de sorrir. “Desculpa, continua.”
“Primeiro: eu não acredito que preferias que isso acontecesse...”
“Mas..”, interrompeu ela.
“Não me interrompas, por favor! Deixa-me aproveitar que abri a boca para falar.”
“Desculpa...”
“Segundo: sim, eu encontrei a pessoa que me pode fazer o homem mais feliz à face da Terra, mesmo de todo o Universo. Sei que não é a melhor altura, depois do que tu acabaste de passar, mas essa pessoa és tu, Manuela! Só tu, se quiseres, poderás fazer-me feliz... Desculpa, mas eu sentia-me sufocado se não falasse. Isto não é tão recente como parece, já vem a crescer há algum tempo dentro de mim, apesar de eu ter tentado lutar contra esse sentimento, mas hoje eu sei que te amo e amo-te de uma forma tal que darei a vida, se necessário, para te ter junto a mim. Não penses que provoquei o meu pai para que ele tomasse esta atitude: nunca quis que tu sofresses, mas tu vais recuperar. Manuela, eu posso fazer-te muito feliz e eu sei que tu queres isso!”
Manuela ficou em silêncio. O que Alex lhe acabara de declarar não era surpresa para ela: já se tinha apercebido da admiração que ele vinha a alimentar, mas nunca pensou que ele fosse capaz de o exprimir tão cedo, principalmente depois do que tinha sucedido; e que ainda tivesse tanta certeza que ela o queria a seu lado. Alias, nem ela tinha tanta certeza ainda. O que sentia por Alex era ainda uma incógnita no seu espírito. Os seus sentimentos tinham declarado guerra à razão. A raiva que sentia pelo facto de Tony a ter abandonado apenas por ela se ter aliado a Alex, depois de tudo o que a fez sofrer durante todos aqueles anos, fez com que ela se apercebesse de que já não o amava há muito, que apenas estava com ele por respeito e por reconhecimento, por ele ter ficado a seu lado quando ela mais precisou. E... se acontecesse o mesmo com Alex? Todos estes pensamentos fizeram-na descoordenar os movimentos e quase que caía quando se apeava da bicicleta. Ela queria aproximar-se dele, mas as pernas não lhe obedeciam. Alex contemplava-a em silêncio também, já receando que, o que lhe parecera ver no olhar dela, era apenas uma ilusão criada pela sua enorme vontade que assim fosse. Contudo, quando a viu cambalear para fora da bicicleta, apressou-se a ir em seu alcance. Antevendo um colapso emocional, estendeu os braços na direcção dela. Mas Manuela estava longe de desfalecer. Ela queria também acordar para uma nova realidade e correspondeu, pousando as suas mãos nas dele.
Ficaram assim em silêncio por uns momentos. Alex não sabia o que esperar dela: se um “lamento, mas estás enganado” ou que ela se lançasse nos seus braços.
Por fim, ‘um raio de sol entrou pela janela da sua alma e começou um novo dia’: ela puxou-o para si, fez os seus braços compridos cingirem-lhe a cintura e beijou-lhe o peito no local em que se encontrava desnudado pelo decote da t-shirt que trazia vestida. As mãos de Manuela estavam agora pousadas no tronco de Alex e este fez subir as suas, acariciando-lhe as costas, acabando cruzadas na nuca. Apertou-a contra si e a sua cabeça inclinou-se sobre a dela para lhe tocar os cabelos com os lábios. Manuela sentiu-se confortável nos braços dele e chorou de emoção: ele não tinha tentado sequer beijá-la na boca, nem a tinha apertado para lhe sentir as formas do corpo, apenas para a proteger para a aconchegar! O facto de Alex ter respeitado a proximidade de uma situação desagradável, levou Manuela a ter a certeza do que sentia por ele e o que podia esperar dele também. Iriam avançando lentamente, sem pressas. Afinal, este era o primeiro dia do resto das suas vidas!
“Vamos fazer as malas e partimos depois de um lanche reforçado?”, sugeriu Manuela.
“Está bem, querida, mas agora vais sair comigo, ok?”
“Onde vamos?”
“Depois do pequeno-almoço, vamos à praia. Almoçamos uma paella por lá e, a meio da tarde, vimos para casa preparar as coisas. Combinado?”
“Por ti tudo, querido!”, sorriu-lhe.
“Se soubesses o quanto o teu sorriso me faz feliz... sou capaz de me tornar um palhaço só para teres sempre motivos para sorrir!”, seguiram ambos para a cozinha para tomar o pequeno-almoço. Aquele cheirinho de pão quente e geleia ainda invadia o espaço e ambos suspiraram, enquanto se sentavam lado a lado. “Bom apetite!”, desejaram um ao outro e sorriram mais uma vez.
Depois de uma manhã de praia, ainda de Verão apesar de já se encontrarem no início de Outubro, dirigiram-se à esplanada do restaurante onde tinham encomendado a paella. Foram servidos com toda a simpatia típica do Andaluz. Já eram clientes e o cafezinho ao fim da refeição foi tirado com o devido cuidado para que saísse cremoso, ao gosto dos portugueses. Foram pagar e despediram-se dos donos e dos empregados com um “Hasta pronto” muito amistoso, já que estavam de partida para Portugal, mas com o intuito de voltarem em breve.
Assim que chegaram a casa, apressaram-se a fazer as malas. Não havia necessidade de levarem tudo o que tinham trazido e, assim que acabaram, dedicaram-se a cobrir os móveis com lençóis, protegendo-os do pó que se poderia acumular até Novembro.
Estava tufo pronto. Eram 17 horas. Depois de comerem um lanche abundante, Manuela telefonou a Carmen, para mais umas palavras de despedida.
“Carmen querida, era só para dizer que vamos partir agora. Queria mandar um beijinho muito grande para todos vocês, em especial para os mais pequeninos e... mais uma vez, obrigada por tudo! Vocês são uns amigos espectaculares.”
“Somos amigos, simplesmente, Manuela. Os amigos são assim ou não são amigos. Mas... estou eu enganada ou sinto um cheirinho de entusiasmo na tua voz? Estás um pouco mais animada...”
“Há que enfrentar a realidade, Carmen. Eu já estava preparada: ou o Tony se aliava a nós ou ia considerar-me uma traidora. Foi esta última que perdurou e eu tenho que aceitar e seguir em frente. Vocês e Alex também têm dado um apoio fantástico e não me deixaram cair no abismo. Para além disso, tenho uma novidade para vocês...”
“A sério??? Conta lá, mujer!”
“Voltarei para cá com Alex, em Novembro. Não vai ser preciso adiar a data de início do trabalho dele e eu vou esperar aqui pela entrada do próximo ano, altura em que a minha transferência será oficializada: virei trabalhar para a dependência de Sevilha.”
“Oh querida, não fazes ideia o quão feliz nós ficamos com tão boas novas! Vou já contar a todos. E tu e Alex, vocês podem contar com todo o nosso apoio.”
“Vais ter que me aturar mais tempo do que possas imaginar.”
“Não me importo nada, querida. Vamos estar mais tempo juntos, como eu sempre ansiei.”
“Pois... e melhor ainda sem o Tony. Sei que vocês nunca simpatizaram com ele e têm os vossos motivos.”
“É verdade...”
“Bem querida, Vou desligar agora. O Alex manda cumprimentos para todos também.”
“Beijinhos para ele também. Tenham uma boa viagem, queridos!”
Manuela desligou e fixou o seu olhar no de Alex... estava impenetrável como era habitual. Ela adivinhou o motivo e falou-lhe:
“Esperavas que lhe contasse?”
“Contar o quê?”
“Sobre nós... sobre... o que sentimos um pelo outro...”
“Não querida, Eles são nossos amigos, mas acho que devemos manter a nossa privacidade. Não sei qual seria a reacção deles. Para além disso, acho que tu ainda não estás segura do que sentes por mim...”
“Tu achas isso??? Tu pensas, por ventura, que eu iria atirar-me para uma relação de olhos fechados?!”
“Não é isso, querida, desculpa se me expressei mal.”
Manuela aproximou-se mais de Alex, levantou os braços e colocou a cara dele entre as suas mãos, não permitindo, assim, que ele desviasse o olhar do dela. E, desta vez, ela conseguiu mergulhar no seu olhar, sentindo a profundidade calma, depois de ter passado por uma superfície agitada. Adorou esse momento e desejou ficar assim muito mais tempo... mas não podiam: deviam partir agora para fazerem a viagem durante a noite, para não sofrerem o calor do dia nem o tráfego da auto-estrada. Apenas lhe explicou antes de baixar os braços:
“Alex, eu já não amava o teu pai há muito tempo. O que havia ultimamente era respeito e reconhecimento, apenas. Não penses que eu deixei de amá-lo agora para te amar a ti. Nem sequer penses que estou a ver se dá certo entre nós. Se eu tivesse ainda esse receio, nunca teria aceite esta relação contigo.
Alex baixou-se para lhe beijar a testa e seguiu beijando-lhe as faces. Manuela pressentiu o receio de estar a ir longe de mais e dirigiu a sua boca para a dele. Ele olhou-a, leu o assentimento no seu rosto e beijou-lhe os lábios. O beijo passou de terno a profundo, quase imediatamente, num abraço em os corpos de ambos se encaixaram na perfeição.
A primeira paragem deu-se em Cádiz, para um jantar leve. De mão dada, à saída do restaurante, olharam-se e sorriram. Tinham uma viagem longa pela frente e um problema a resolver à chegada a Portugal, mas estavam juntos e, naquele momento, era tudo o que importava. Manuela sentia-se protegida, amparada por Alex e tudo o que a esperava perdia parte do pesar que tinha no início, quando ela leu a nota deixada por Tony. Essa tinha ficado para trás, à porta da casa de Málaga, para ser levada junto com o lixo doméstico.
“Queres que conduza eu, agora?”, perguntou-lhe Alex, vendo-lhe o cansaço no rosto. Estavam a sair de uma estação de serviço na auto-estrada, onde tinham parado para tomar um café.
“Sim, por favor, querido...”, respondeu ela e, em seguida, beijou-o ternamente.
A viagem desde Vila Real de Santo António até passar o Alto Alentejo tinha sido feita com calma, pouco trânsito, mas os faróis dos carros que se cruzavam com eles em sentido contrário tinham-lhe cansado a vista e ela não se sentia à vontade para conduzir, naquele momento.
Alex sentou-se no lugar do condutor e ela, a seu lado, encostou a cabeça nas costas do assento e fechou os olhos.
“Queres recostar o assento e descansar um pouco, meu amor?”, perguntou-lhe Alex.
Ao ouvir esta expressão pela primeira vez vinda de Alex, sorriu e respondeu:
“Não, minha vida, quero estar acordada contigo e usufruir da nossa união. Apenas fechei os olhos para acalmá-los. Sentir-te a meu lado já é muito bom...”
“Mas espero que não seja o suficiente e queiras ainda mais, em breve...”
“Claro que não é o suficiente!”, respondeu ela, abrindo muito os olhos em direcção a ele. “Quero muito mais e quero que saibas disso!”
“Pronto, querida, agora já despertaste, sei que não vamos dormir nunca mais...”, replicou ele sorrindo.
Ela entendeu e sorriu também. A mão de Alex estava sobre a alavanca das velocidades. Ela pousou a sua sobre a dele e foi assim que fizeram a maior parte do percurso.
Quando chegaram a casa, separaram-se à entrada para os respectivos quartos. Antes de entrar, Alex perguntou a Manuela:
“Querida, queres que esteja presente quando telefonares ao advogado?”
“Isso é pergunta que se faça, querido?”, replicou ela. “Quero que estejas comigo sempre, a toda a hora! Só te vou dar uma folga para tratares das tuas coisas enquanto eu trato das minhas.”
Alex sorriu, mas viu que ela falava a sério, embora com uma disposição ainda mais jovial que no dia anterior. Ela sentia-se protegida por ele, mais segura e, melhor ainda, feliz. Como já não se lembrava de se sentir com Tony.
Alex sentia-se bem por provocar esta mudança nela e olhou-se ao espelho. Ele próprio estava com muito melhor aspecto. Enquanto arrumava as suas coisas, pensava nela, como seriam os próximos dias na sua companhia. Sensações percorriam-lhe o corpo em turbilhão. Sensações que não eram estranhas de todo, mas que já havia muito tempo que não as tinha. Encontrava-se no WC da suite a arrumar as suas coisas de higiene pessoal na estante quando começou a sentir um rubor na sua face. Tinha o pressentimento de que estava a ser observado. Desviou-se para se olhar novamente ao espelho e verificar se esse rubor se tinha exteriorizado. Quando ficou de frente para o espelho que se encontrava na parede, acima do lavatório, viu algo assombrador: o rosto da sua falecida namorada, sorrindo e que lhe dizia “Adeus, sê feliz, muito feliz!”. Viu um beijo esboçado nos lábios dela e não aguentou olhar mais: estava a ser doloroso o discernimento entre a visão e a realidade. Voltou-se para trás em busca do objecto reflectido no espelho. Fechou os olhos durante segundos e, quando os abriu de novo, viu Manuela à sua frente, sorrindo.
“Parece que acabaste de ver um fantasma, querido! Só que em vez de empalideceres, ganhaste umas cores muito saudáveis...”
Alex esboçou um sorriso e beijou-a nos lábios. Ela sentiu ainda o rubor que o invadia, mas não disse nada. Compreendia estas reacções, muito comuns nos jovens.
“Se te contasse o que acabei de ver, não acreditavas...”, respondeu ele.
“Testa-me!”, replicou ela. “Por muito incrível que seja, tenho a certeza que tem lógica, uma explicação...”
“Estás a falar como se soubesses...”
“Talvez saiba... Queres contar-me?”
Alex contou-lhe a sua visão e ia estudando as expressões faciais de Manuela.
“Acreditas em mim?” perguntou-lhe ele.
“Porque não havia de acreditar?! Acredito e compreendo o motivo de teres tido esta visão. Vem comigo...”, pegou-lhe na mão e trouxe-o de volta para o quarto dele. “Tens aí alguma foto dela onde o rosto esteja bem visível?”
Alex dirigiu-se à mesinha de cabeceira, abriu a gaveta e tirou uma foto que se encontrava bem guardada no fundo da mesma. Ele tinha-a deixado lá para evitar a tentação de olhar para ela todos os dias, de cada vez que abria a gaveta e não a tinha levado quando partiram de férias: quis evitar regressar ao passado, pois agora apenas queria pensar num futuro próximo. Mostrou a foto a Manuela e olhou-a.
“Diz-me Alex, a imagem que viste no espelho era assim, como na foto?”, perguntou-lhe.
“Não acredito! Não posso acreditar! Não, era este rosto...”, fitou Manuela e continuou. “Era o teu rosto que eu via no espelho e não o dela! Porquê?”, perguntou assustado.
“Tem calma. O que aconteceu tem uma explicação lógica, tal como eu pensava.”
“Consegues compreender”, perguntou-lhe atónito.
“A tua vontade criou a ilusão. Tu querias libertar-te da culpa, recebendo a aprovação dela para seguires com a tua vida para a frente. Contudo, o rosto feminino que tens visto ultimamente e com mais frequência é o meu... Entendes?”
“Acho que sim, agora sim. Tu queres dizer que aquilo que eu pensei ver e ouvir era fruto da minha própria vontade de que ela aprovasse a minha relação contigo...”
“Sim, foi isso, mas não te preocupes. Sei que, onde quer que esteja, ela está a desejar-te felicidades. Agora, Alex, sempre que regresses ao passado, será para reviveres todas as boas memórias e nunca mais te sentirás culpado pelo que aconteceu!”
“Assim será, Manuela...”, respondeu-lhe.
“Humm... parece que não estás muito convencido, meu amor...”
“Depois do que tu me disseste, mais convencido que nunca... vida minha!”, disse e beijou-a.
Beijo terno, no início, mas depois foi-se tornando mais intenso, abraçando-a, de forma que os seus corpos se confundiam num só. À parte emocional do abraço, juntou-se o factor sensual, explorando corpos com as mãos e os lábios e ali ficaram a amar-se profusamente.
Enquanto Alex reunia todo o seu material informático e didáctico, Manuela preparava o almoço. Assim que este ficou pronto, pôs a mesa para ambos e foi chamá-lo ao quarto. Ele largou imediatamente o que tinha em mãos e foi lavá-las. Seguiu-a para a cozinha, respirando fundo, para tentar adivinhar o que ela tinha preparado.
“Hummm... estiveste com este trabalho todo a fazer o empadão e não me chamaste para te ajudar... vou castigar-te!”, disse-lhe sorrindo
“E... que castigo será esse?”
“Será algo a que não resistirás...”, respondeu-lhe e deu uma gargalhada.
“O teu riso... sabes que é a primeira vez que te vejo e ouço rir? Fico tão feliz ao ver-te assim! Apetece-me...”
“Não digas, faz!”
Manuela pousou o tabuleiro do empadão no centro da mesa, pousou-lhe as mãos sobre os ombros, obrigando-o a baixar-se e beijou-o apaixonadamente.
“Acho que vou rir muito mais”, disse isto, riu-se e beijaram-se outra vez.
O beijo estava a tornar-se intenso, mais uma vez. E, mais uma vez, se amaram esquecendo, por momentos, o almoço que os esperava.

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segunda-feira, maio 25, 2009 - 22:14

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