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Dias de Azar IX

- Estás a brincar só pode! – Marisa começava a ficar assustada com a ideia de dormir ao relento, ainda para mais depois de tudo aquilo que no últimos meses passara.
- Não estou, eu lembro-me de ter posto a chave no bolso quando saímos daqui…- Marisa não o deixa terminar:
- E agora? – enquanto falava olhava para o chão, esperando que miraculosamente a chave aparecesse no chão.
- Não sei…- Marisa mete-lhe as mãos nos bolsos da frente, não havia nada, estranho pensava ela, ele nunca tinha perdido as chaves de casa. Sentaram-se no chão, desanimada, iriam dormir ao relento numa noite gelada junto ao mar. Uns minutos depois, sem que Renato contasse, Marisa levanta-se rapidamente:
- Que se passa?
- Levanta-te por favor! – Marisa tivera uma ideia, verificar os bolsos de trás. Já era habito em Viseu quando moravam juntos, Renato colocar as chaves nos bolsos de trás, mas nunca se esquecia onde as tinha colocado. Renato levanta-se:
- Porquê? – Renato estava ensonado, daí nem sequer ter equacionado procurar nos bolsos de trás. Marisa mete-lhe a mão no bolso direito, nada. Mete no esquerdo, e eis que tira a chave:
- Como é que eu não pensei nisso antes? – Renato sorria.
- Já nem te sentes…- Renato não a deixa acabar, agarra-a, puxa para si:
- Aí é? Queres que te prove como me sinto? – olhou-a sedutoramente, Marisa sorriu:
-É, fizeste-me estar 10 minutos a apanhar frio porque não sentiste a chave no bolso! Claro que quero que me proves…- ambos sorriam, durante longos minutos trocaram beijos, abraços.
Entraram em casa, organizaram tudo para o dia seguinte. No dia seguinte seria o primeiro dia de Marisa na faculdade no Porto, Renato teria que lhe mostrar tudo, mas isso não o incomodava, pelo contrário, gostava até da ideia de passear pelos longos corredores da faculdade de mão dada com a sua mais que tudo. Marisa começava a sentir medo do dia seguinte:
- Estou com medo! Diz-me que isto passa…- Renato sorri-lhe, segura-lhe na mão e diz-lhe:
- Não tenhas medo, estou lá, qualquer coisa ligas e vou logo ter contigo. E lembra-te que ninguém lá morde. Para além disso não te adaptaste em Viseu? Aqui não vai ser diferente, ao inicio custa um bocadinho, mas depois crias amizades. Vou-te contar um segredo, queres?
- Obvio que sim, agora não podem existir segredos entre nós! – Renato apertava-lhe a mão, e fazia-lhes festas na cabeça enquanto falava:
- Quando vim para o Porto, sentia-me completamente deslocado. Apesar de estar muito mais próximo de casa, era estranho estar ali, sentia que as pessoas me olhavam de lado e cheguei mesmo a pensar pedir transferência outra vez para Viseu, mas acabei por fazer amigos. Não vais ser diferente meu anjo, e tu sabes bem que conseguirás te integrar. – Marisa sorria, aquelas palavras de Renato tinham-na feito entender que não valia de nada estar com medo. Tinha de se integrar e ele estava ali, como sempre esteve, não a deixaria sozinha.
Deitaram-se, Marisa virava de um lado para o outro, os nervos tiravam-lhe o sono, Renato sabia que quando ela se encontrava nervosa, era impossível dormir. Devagar aproximou-se dela, agarrou-a pela cintura, puxou-a para ele, disse-lhe:
- Eu apresento-te todas as pessoas que conheço lá, mas tens de me prometer que vais dormir esta noite e que amanhã de manhã estás calma. Sabes que não gosto de te ver assim, porque me relembra os últimos meses. – Renato mexera com os sentimentos de Marisa, esta vira-se para ele, as lágrimas corriam-lhe pelo rosto abaixo, molhando a almofada:
-Não me lembres isso por favor. Tenho medo que aquele pesadelo volte… Não consigo dormir amor, o quê que eu faço? – Renato passa-lhe a mão sobre o rosto, limpa-lhe as lágrimas:
- Nada vai voltar, não penses nisso! Primeiro meu anjo acalma-te, vou buscar um copo de água e um calmante, senão amanhã não consegues ir às aulas, e agora não há desculpa para faltares! – aperta-lhe o nariz sorrindo. Levanta-se, calça os chinelos, abre a porta do quarto e dirige-se à cozinha em passos lentos. Deixa correr a água, pega num copo e enche-o, abre uma gaveta, tira de lá um calmante, ainda mais devagar regressa ao quarto para não molhar o chão, quando lá chega, fecha a porta, caminha para a cama, Marisa continuava a virar-se agitadamente na cama:
- Querida está aqui, toma isto! – ela inicialmente recusa, não queria ingerir mais químicos, mas após uma breve conversa, Renato convence-a. Ela pega no comprimido coloca-o na boca, Renato dá-lhe o copo, esta bebe a água. Enquanto o fazia Renato observava-a atentamente, via-se perfeitamente que aqueles dois eram feitos um para o outro. Marisa olha para ele:
-Não me olhes assim, que não penso dar-te! – um riso de felicidade ecoava pela casa. Era assim que eram felizes, eram as pequenas coisas que os faziam sorrir e serem tão únicos. Renato toma a palavra:
- Aí é? – sorriu-lhe. Começa a fazer-lhe cócegas, ela ia deslizando pela cama abaixo, sorria como Renato não a via sorrir à algum tempo. O sorriso de Marisa dos últimos 8 meses era algo amargo, era quase um sorriso forçado, já que Marisa não transparecia aquilo que sentia. Era uma das muitas qualidades que Marisa tinha, mesmo que a vida lhe corresse mal, ela tinha sempre um sorriso na cara, e era isso que encantava Renato e as restantes pessoas.
A noite acabara com aquele momento de cumplicidade mútua. Renato apenas colocará o despertador para o dia seguinte; observará Marisa dormir e agarra-a, tinha medo que tudo aquilo fosse apenas um sonho.
A noite passara serenamente, eram 6 horas e 45 minutos quando o despertador toca, Renato levantasse lentamente da cama, não queria acordar Marisa, já que esta dormia como um anjo, dirigiu-se à cozinha, tomou o seu pequeno-almoço e arrumou a sua louça. Vai à rua comprar uma rosa vermelha, corre para casa, tinha medo que ela já tivesse acordado, quando chega vai ao quarto, ela ainda dormia. Corre para a cozinha, começa a preparar-lhe o pequeno-almoço, quando acaba, vai até à sala buscar a rosa vermelha, coloca-a na bandeja e vai até ao quarto, pousa a bandeja no fundo da cama:
- Bom dia minha dorminhoca! – Marisa acorda, estica os braços, e sorri:
- Bom dia meu príncipe! Como estás hoje? – Renato sorri-lhe. Ela olha para o fundo da cama de soslaio, vê a bandeja, fica surpreendida, julgava que surpresas daquelas só em Viseu. Afinal o seu amado não perdera o romantismo, ela sabia-o, mas enquanto esteve internada, não poderia ter qualquer tipo de surpresa excepto, quando Ana dava autorização para alguns mimos. Marisa esteve inibida de certo tipo de alimentos e tinha que manter uma dieta alimentar equilibrada e em horários certos, o que para Marisa se tornava complicado, porque esta se habituara a não ter horas para comer, devido ao estilo de vida agitado que levava devido à faculdade.
- Estou óptimo e a menina? - a diferença de idades que tinham, era por vezes motivo para brincadeira. O que tornava aquela relação algo saudável.
- Também estou óptima, ter-te ao meu lado, faz-me sentir um pássaro livre, faz-me sentir a pessoa mais feliz do mundo. Já não sei viver sem ti!
- Uiii estás a admitir que sou importante é?
Entretanto o relógio da mesinha de cabeceira já marcava 8 horas, dentro de 15 minutos teriam que estar na estação de comboios para irem para a faculdade. Marisa começou por comer as torradas carinhosamente preparadas por Renato, bebeu rapidamente o leite. Levantou-se da cama, a preguiça era enorme, por ela ficava mais uns dias em casa sem se mexer. Vestiu-se rapidamente, acabou de se arranjar e partiram.
A estação era muito frequentada aquela hora, não só por estudantes das diferentes faculdades, mas também por dezenas de pessoas que trabalham no Porto. De mão dada desceram as escadas para a plataforma dos comboios, ficaram ali esperando o comboio. Era evidente que tinhas algumas pessoas olhando-os, isso incomodava Marisa, não estava habituada a ser o centro das atenções, esta voltou-se para Renato:
- Porquê que tenho a sensação que estão a olhar para nós?
- Não ligues, provavelmente é porque nunca te viram por cá, lembra-te que já apanho aqui o comboio à 8 meses e sempre o apanhei sozinho, talvez estejam a estranhar a tua presença só isso!
- Se calhar pensavam que não tinhas namorada! – Renato olhou-a com olhos apaixonados, beijaram-se. Aquele beijo fez com que muita gente deixasse de olha-los, mas não todos, as pessoas mais velhas continuavam a olha-los. Faltava pouco para as 8h27 quando uma voz masculina ao longe chama:
- Renatão!! Nova conquista? – ambos olham para trás. Marisa estava vidrada naquele rapaz baixo e magro, quem era e porque o tratava assim? Renato não contara a ninguém que era casado e que a sua mulher estava internada em Viseu à vários meses, apesar de andar sempre de aliança no dedo, nunca ninguém o questionara sobre o porquê desta. Marisa quase em surdina:
- Quem é?
- É um rapaz que conheço da faculdade, chama-se João, estuda no mesmo curso que tu. Quando ele chegar aqui apresento-te queres?
- Obvio, tenho que conhecer algumas pessoas para pelo menos me ajudarem nos primeiros dias, com as salas. – Marisa era uma miúda extremamente sociável, odiava estar num sítio sem falar com ninguém, por vezes isso tornou-se negativo, fazia amizades demasiado rápido e acabava quase sempre por se magoar. Renato conhecia essa faceta, não queria vê-la sofrer por isso tentava protege-la o mais possível.
O rapaz de á instantes chega a beira deles:
- Então mano? – Renato estica-lhe a mão para o cumprimentar:
- Está tudo óptimo e contigo? – Renato era simpatiquíssimo, nunca ninguém durante toda a sua vida se queixara dele. A educação que os pais lhe deram era obviamente muito boa, isso via-se na maneira como tratava as pessoas.
- Também! Nova conquista mano? – Marisa lança-lhe um olhar matador, dava para perceber que não gostava daquela pergunta. Renato toma a palavra:
- Nova conquista? Nem por isso, esta conquista tem mais de 3 anos, e não a pretendo trocar! – João olhava para ambos com cara de espanto. Marisa sorria de satisfação, aquele “não a pretendo trocar!”, deixava-a completamente derretida. Surpreendidíssimo:
- Jura? Não sabia, aliás sempre pensei que não tinhas namorada…- Renato não o deixou terminar:
- Não é minha namorada!

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quinta-feira, agosto 5, 2010 - 06:19

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lau_almeida

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Re: Dias de Azar IX

Muita paixão, apesar de aqui e ali notar falta de "pimenta".
Um conto bom de seguir.

Gostei

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Re: Dias de Azar IX

pimenta só nos cozinhados!xD
obrigada:^)

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