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Due sentimenti
-Castigo. Máximo e Jade vão para a sala do director da escola. –Bradou a professora de matemática.
-Sim .-Disseram os dois em coro, olhando fixamente um para o outro.
Desde que se conheceram que nunca se deram bem. Sempre a gozar com o que o outro faz, e sempre a desanimar, quando o outro precisava precisamente do contrário. Enquanto vão até à sala que fica do outro lado da escola, nenhum profere uma única palavra. Ambos preferiam assim. Não conseguiam suportar a voz, um do outro e então faziam um favor a si mesmo e não eram simpáticos. Chegaram à sala.
-Entrem. –Disse a directora.
-Olá professora Deolinda.
-Olá meninos. Outra vez por aqui? Já começa a ser exagero não?
-Já sabe como é que nós somos… -Começou a Jade.
-Não nos suportamos e por qualquer coisita começamos logo a discutir. –Terminou o Máximo.
-Pois, mas eu não vos posso deixar ir outra vez, apenas com um recado para casa.
-Ai não? –Entreolharam-se os dois delinquentes e imediatamente desviaram o olhar.
-Parece que não. Estou a ser muito pressionada por todos os professores. Eu vou ter de vos dar um castigo exemplar, para que outros não cometam o mesmo erro que vocês.
-Então e que castigo… -J (lê-se Jei) estava receosa do castigo que fosse, e nem sequer queria terminar a pergunta.
-É que é esse? –Terminou o Max. Eles sempre terminavam as frases um do outro, mas só eles é que não se apercebiam disso.
-O castigo vai ser que vocês irão ajudar as auxiliares educativas a limpar todas as salas e afins da escola. Todos os dias durante um mês. A começar a partir de hoje. –A directora falava como se fosse um juiz a sentenciar dois criminosos que cometeram o pior crime que poderiam cometer.
-Mas eu nem avisei os meus pais! –Falou rapidamente o Max.
-Certamente a professora já os avisou, não é? –Inquiriu a J, já habituada aos castigos da professora Deolinda.
-Sim, tens razão Jade, já avisei os vossos pais. Podem ir.
E então, um pouco chocados com o castigo, saíram da sala. Visto que já não teriam mais aulas hoje, foram logo ter com as auxiliares para elas lhes dizerem o que é que tinham para fazer.
-Pois bem, vocês podem ir à arrecadação buscar baldes, vassouras e afins para limpar todas as salas de aulas. E é só isso que têm de fazer. –Falou docemente a auxiliar.
-Só?! –Ecoaram os dois em simultâneo. Mas como sabiam que não poderiam discutir, porque se não o castigo iria agravar e muito. Dirigiram-se até à arrecadação. E apesar de começarem a discutir para ver quem é que entrava primeiro, lá entraram, os dois ao mesmo tempo. Mas então, sem se aperceberem, a porta fecha-se e apenas dava para abrir por fora.
-Ei! Estamos presos! Socorro. –Gritava Jade batendo na porta.
-É inútil, não vais conseguir chamar ninguém.
-Porque é que desistes logo? Nunca encontrarás uma mulher assim com… -E ao mesmo tempo que começa a dizer isso, vira-se para o encarar, mas tropeça numa vassoura e cai. Mas felizmente o Máximo estava lá e agarrou-a. Estavam bem juntinhos, e então, quando se olham nos olhos, Jade não consegue evitar e cora. Mas esta situação não foi nada indiferente ao Max que estava um pouco rosado, mas nada demais. As suas bocas estão entreabertas, ambos olhavam para a boca do outro, era tão apetecível. E então, começaram a diminuir o espaço que os separava. Até que a Margarida (a auxiliar) abriu a porta e ao ver aquela cena sorriu.
-Vocês não sabem que a porta só se abre por fora? –Perguntou casualmente a auxiliar, fingindo não ter percebido o que se passa ali
-Ah, não, não sabíamos. Ainda bem que nos abriu a porta. –Disse a Jade afastando-se do Máximo indo para fora da arrecadação. –Nós vamos já limpar as salas.
-Okay, eu vou ficar à espera.
E então, a auxiliar sai de ao pé deles e antes que Max pudesse dizer algo, Jade diz muito impaciente.
- Passa-me aí a vassoura. Eu vou varrer as salas e tu lava-las, pode ser?
-Er… claro. –Ele não percebeu o porquê de tanta pressa.
“Não me importava nada de continuar naquela arrecadação” –Pensou Max. –“ Mas eu não posso pensar isto. Eu não quero saber dela.” –E então fez o que ela queria.
Começaram a limpar uma das 25 salas. Eram muitas, mas o trabalho nem era nada complicado.
-J, achas que vamos demorar muito para terminar a limpar as salas todas?
-Ainda agora começámos.
-Sim, eu sei… eu só queria falar. Não gosto de fazer tarefas calado. –Disse ele, exibindo um magnífico sorriso que fazia até os mais durões tornarem-se mansinhos.
-Ah okay. –Ela não sabia o que é que havia de fazer, nem falar. Mas decidiu arriscar. –E então, como tem corrido o ano?
-Relativamente a quê? Aos estudos?
-Sim, quer dizer, não era bem isso… era mais… -A Jade estava envergonhada por ir perguntar.
-Então, estás com vergonha J?
-Claro que não. Porque é que iria ficar com vergonha contigo? –Disse ela, tentando dar uma resposta o mais convincente possível.
-Então… não terminaste a tua frase… -Ele estava a divertir-se imenso com esta situação.
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