Margem de erro

Isabel pensou que fosse um Dejá Vú, ou apenas um sonho pouco explícito, releu a mensagem e depois saiu de casa, junto ao portão do jardim ela reconheceu a silhueta do rapaz que amava, caminhou calmamente até ele.
- O que é que foi? – Perguntou já atrás dele, ele virou-se para a fitar.
- Queria-te pedir desculpas pelo que disse esta tarde no areeiro, sei que te magoei, ás vezes falo de mais…
- Não faz mal…
- Faz mal… Eu tento evitar que no futuro possamos sofrer que nem vejo o quanto nos magoamos no presente… Estive a falar com o Rui e… – Parecia que as palavras estavam presas. – E ao vê-lo a falar da Sam vi o quanto é bom ser-se feliz pelo menos enquanto conseguimos…
- Sam? – Perguntou a Isabel confusa.
- Samanta Maia, a afilhada dele, eles tem uma espécie de namoro para além do bar…
- Ela sabe…
- Não, ele tem medo de lhe contar e de a perder… – Confessou o Hugo. – Ao ver o medo dele entendi finalmente a sorte que tenho porque tu sabes o que eu sou, és como eu e amamo-nos mesmo assim… – Isabel sentia o ar passar nas suas vias respiratórias causando ferida devido á emoção. – Resumindo, o que me trouxe aqui é o facto de te querer dizer e não ia conseguir aguentar até amanha para o fazer…
- Força. – Disse a Isabel com a voz a falhar-lhe.
- E que tal se a partir de esta noite, deixássemos de evitar aquilo que sabemos que não vamos nunca conseguir fazer? – Perguntou ele.
- O sol nasce de novo amanha… – Sorriu ela. – Podemos tentar.
- Obrigada. – Disse ele olhando-a fixamente. – É bom ver-te antes de dormir…
- A quem o dizes… – Disse ela sorrindo. – É melhor ir dormir, já é tarde, amanha, temos aulas… – Disse ela, ele sorriu concordando e beijou-a na testa e depois afastou-se.