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Nada

Da escala que se imiscui no passar do tempo, sobrou um ponto vazio, um ponto sem nada. Encontrava-me entre os outros, perdido, tão deslocado do meu tempo que até de mim estranhava, pois aquele não era o tempo do vazio, não era o tempo do nada, nem o tempo de coisa nenhuma. Era o tempo do Tudo, onde não pertencia, que o meu tempo era outro, um tempo ancestral e um tempo final, antes do nascer e depois do morrer.

Então, quem me colocara ali no meio, por engano? Eu, o centro do Tudo, eu, que era nada e coisa nenhuma. Fora engano, sem dúvida, que ninguém muda o tempo, nem mesmo o mais poderoso deus é capaz de inverter o curso desse tão todo-poderoso rio. Que as correntes correm irrevogáveis e sempre do principio para o fim, de mim, para mim, mas não por mim. Eu presencio, mas não estou presente, eu crio, mas não pertenço à Criação, que ninguém me criou, sempre existi, eu, o nada do principio e do fim, devorador de mundos e criador de universos. O omnipotente que não pertence aqui.

Então, quem se atreveu a baralhar o que é ditado, quem me pôs entre o manipulado que escrevo e pinto? Um ponto de vazio entre a Criação, um ponto de consciência nula, a branco, na tela negra e rubra do mundo. Um ponto que dilatou o tempo e o rasurou numa quebra indistinta de relativa.

O Nada implantou-se no Tudo, de braços estendidos.

"Que do Nada nasce o Tudo,
No caminho negro que descuro,
E se consome voraz até ao fim,
Canibal de si.
Até o nada ressurgir, puro,
No confim oculto do futuro
(Que reservei para mim)."

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quinta-feira, maio 21, 2009 - 21:57

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Leto

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Comentários

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Re: Nada

Muito obrigada :D

Beijinhos!

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Re: Nada

Perfeito
"Que as correntes correm irrevogáveis e sempre do principio para o fim, de mim, para mim, mas não por mim."
Já o tinha lido no teu blog e adorei, aqui vou adicioná-lo aos favoritos
Bjo

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