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O desejo é muito mais que um brilho no olhar...

Alvos dedos, em pele da cor do amanhecer, despem tecido gentil que cobre ombros oscilantes.
»Respiro ofegante!»
Ágeis dedos percorrem a pele a nua e fria, até que o rubor estale na face e o arrepio percorra todas as fendas.
«Sinto-me humedecer...»
O tecido não é mais que um lenço com que danço, nada mais, para além de mim, carrego no meu corpo.
«Cresço!»
Perante os teus olhos e nas tuas mãos, os meus seios crescem de acordo com a minha volúpia. Tal como tu, também eu incho no prazer...
«Sente-me!»
Como se o ponteiro dos minutos tivesse congelado, dispo-me cativa em teus olhos...
«Respiro, sôfrega...»
Tu olhas sem nada dizer... Desenhas o gesto com a ponta dos dedos, enquanto o cetim cai voluntário aos nossos pés...
As aureolas exibem bicos perfeitos, convidam a um molhar de lábios, os corpos entregam-se voluntários, um incha e o outro chupa.
«Ambos humedecemos!»
Solto os cabelos, deixo que cubram os ombros em desalinho... Os teus dedos logo ficam retidos, enquanto bebo, sedenta, o mel em tua boca...
«O desejo é muito mais que um brilho no olhar...»
Dançamos e os nossos corpos fundem-se num ritmo muito pessoal... O compasso segue o pulsar do deleite e os anseios da própria carne.
«Para a cama, é urgente!»
Tarde demais para o nosso lugar de destino, a parede mais próxima serve de abrigo. Abro-me de costas para ti e exijo que me toques...
Alvos dedos, em pele da cor do amanhecer, agarram-me as rosas que florescem no meu tronco.
»Respiro ofegante!»
Ágeis dedos despertam a corrente que alberga o teu penetrar...
«Sinto-me humedecer...»
As tuas crescentes investidas amparo na fragilidade do corpo que se expõem por inteiro...
«Cresço!»
As impurezas da superfície que nos serve de cama preencho com sons que fortalecem o teu prazer. Fechas os olhos perante a intensidade...
«Sentes-me!»
O movimento é incerto, mas sempre crescente... Perco-me...
«Respiro, sôfrega...»
Trémula em teus braços, em incompreensíveis espasmos, deixo-me abater sobre o teu pescoço... Elevada acima do nível do teu tronco, presa batendo contra uma parede nua, sinto um jorro que corre de ti para mim e de mim para ti, momento em que juntos fertilizamos uma promessa de vida.
«O desejo é muito mais que um brilho no olhar...»

Publicado no blog "Olhar Joanna" e na PEAPAZ 

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quinta-feira, julho 7, 2011 - 23:17

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Ema Moura

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