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O fantasma da velha escola - 18

Lilith não iria à escola naquele dia pois seus pais, preocupados, haviam achado melhor que ela ficasse em repouso e a mãe resolvera não ir trabalhar para ficar com ela, que acordara várias vezes à noite, intranquila e assustada, sentindo que uma ameaça indefinível pairava malevolamente.
"O que está para acontecer?"
Ela acordara aquela manhã com a mãe lhe acariciando os cabelos e abriu os olhos.
-Mãe...
-Querida, como está?
-Esgotada.
-Seu pai e eu vamos conversar sobre o que fazer para lhe ajudar.
-Então...
-Sim, já sei de tudo. Lilith, você devia ter nos contado há mais tempo. Por que não o fez?
-Eu tinha medo, mãe.
-De que, querida?
-De acharem que eu era louca ou um monstro.
-Você devia ter confiado em nós, Lilith. Somos seus pais e amamos você.
-Mãe, desculpe. lágrimas desceram dos seus olhos.
-Está tudo bem. Não estou zangada. Hoje, você fica descansando. Quando se recuperar, nós conversamos.
A mãe perguntou se ela tinha foem e ela respondeu que não, o que a preocupou.
-Lilith, ficar sem comer não vai ajudá-la.
Lilith aceitou comer um pouco e depois a mãe a deixou sozinha.
-Chame-me se precisar, certo?
-Sim, mãe.
Esticou-se na cama, exausta demais para pensar. Toda a experiência do dia anterior fora amedrontadora. "Eu nunca devia ter concordado em participar desse maldito ritual! Sabia que não era nada além de..."
Uma sensação interrompeu seus pensamentos. Era algo que ela conhecia bem: o frio intenso junto com o cheiro pesado e opressor da morte. Abriu os olhos, sabendo que não gostaria do que veria.
-Você...falou, desanimada e nem um pouco surpresa.
-Esperava por mim, Lilith?
-Não, sua presença não é bem-vinda, principalmente depois do que você me fez passar.
-Que pena que você não aprecia a minha companhia.
-Como eu poderia apreciar sua companhia? Você é um fantasma bem ruim. Tem me perseguido e estou cansada! Deixe-me em paz!
-Não deixo não. Sabe, Lilith, ainda não acabou.
-Vá embora!
-Alguém mais vai morrer hoje, Lilith. Quer saber quem será?
-Não, vá e me deixe em paz!
-Você não vai se livrar de mim, Lilith.
Furiosa, Lilith sentou na cama e disse ao fantasma:
-Seu monstro! O que você é? De quem você pode falar? Você não é Deus ou o que quer que seja! Não é melhor do que ninguém, seu fantasma egoísta! 
-Você defende quem não merece, Lilith.Veja o que as pessoas fizeram a você. Toda a sua vida, você tem sofrido discriminação, sido chamada de esquisita, doida. Ninguém entende um poder como o seu, Lilith.
-Este poder não passa de uma maldição. Antes eu não pudesse perceber você e tantos outros que vêm me perturbar, contando-me seus ódios e problemas!
-Bem, Lilith, você vai sentir tudo o que vai acontecer.
-Vá embora, maldito fantasma!
O fantasma não foi embora, mas se aproximou mais de Lilith, fazendo-a olhar em seus olhos.
-Olhe dentro dos meus olhos, Lilith.
Lilith não soube definir o que viu naqueles olhos, pois havia muita dor, mas também muita maldade, uma maldade inconsequente, resultante de uma imensa revolta por ter morrido.
-Esqueça o que você pretende. Nada do que fizer lhe fará voltar à vida. E por que matar? Não temos o direito de decidir o destino de ninguém!
A resposta do fantasma foi uma gargalhada sinistra, que fez os cabelos da nuca de Lilith se arrepiarem. Lilith tapou os ouvidos, mas o fantasma riu mais alto e se aproximou mais dela, tocando-lhe o rosto.
Então, Lilith viu coisas que a fizeram pensar que enlouqueceria: um corredor frio e escuro, no qual almas desesperadas estendiam os braços, gemendo, rindo e chorando. As almas eram horrendas. Algumas tinham aparência emaciada e trajavam roupas de hospital. Outras apresentavam feios ferimentos.
A menina e José Afonso andavam pelo corredor, rindo malevolamente. Lilith os via acenando para ela e queria fechar os olhos, rezando mentalmente pelo fim daquele pesadelo.
-Junte-se a nós, Lilith. Junte-se a nós.
Lilith baixava a cabeça e chorava, e José Afonso perguntava:
-Quer saber quem vai morrer hoje, Lilith?
-Não. 
-Mas vai saber. Ouça e sinta.
Tapar os ouvidos foi inútil. Ela ouvi perfeitamente Marcão e Alfredinho discutindo feio, acusando-se, dizendo-se as palavras mais impronunciáveis.
-Tudo culpa sua, cavalgadura!
-Mas você concordou, não foi, sua besta?
-Concordei porque você me convenceu!
Lilith fechou os olhos. Mesmo assim, continuou vendo os fantasmas da menina e de José Afonso a rir sardonicamente, Marcão e Alfredinho se insultando e os alunos ao redor olhando, loucos para saber qual seria o resultado da briga que estava se tornando uma baixaria completa.
-Pois quer saber, Marcão? Sou mesmo uma besta! Só uma besta como eu para se deixar convencer pelo José Afonso e por você!
-Cale a boca, seu nerd de merda! Todos estão nos olhando!
-Pois que olhem, ouçam e saibam! Eu estou farto de guardar tudo isto!
-Guardar o que, Alfredinho? perguntou uma menina.
-Alfredinho está só viajando, gente.desconversou Marcão.
-Não, seu covarde idiota! Não estou viajando! É bom que todos saibam que você e eu não valemos nada! Cansei de ser covarde, ouviu? Nós somos dois lixos, e o José Afonso também era!
-Do que você está falando? a menina não se aguentava de curiosidade.
-Muito bem, a verdade é que o José Afonso me convenceu a sair escondido de noite e ir com ele à velha escola para investigarmos se ela é mesmo assombrada! O que eu não sabia é que o Marcão e ele estavam planejando me pregar uma peça para me filma com medo e me expor na Internet!
-O quê?!Alfredinho, como você entrou nessa! Acreditar no José Afonso! Todos sabem que ele adorava pregar peças nos outros! observou um rapaz.
Marcão estava vermelho de pura raiva por ver os olhos de todos sobre ele.
-Então, vocês estavam com o José Afonso?indagou outro rapaz.
-Sim! O José Afonso e eu tínhamos subido a escada de onde a menina teria caído e, como não vimos nada de anormal, achei melhor descer, mas ele ficou, dizendo que filmaria mais um pouco. Então eu desci e fiquei esperando por ele. Foi aí que ouvi um gemido e fui ver o que era. Era o Marcão, que tinha torcido o pé pulando o muro! Sabem o que vi ao iluminar o rosto dele com a lanterna? Que ele estava com maquiagem de caveira! Então, adivinhei o plano dos dois!
-Foi nessa noite que o José Afonso morreu? uma mocinha estava incrédula.
Marcão se ajoelhou, derrotado, enquanto Alfredinho, quase histérico, bradou:
-Foi! O Marcão e eu o ouvimos gritar e fugimos como dois covardes! Esta é a verdadeira história! Fugimos sem saber se ele estava vivo ou morto e não íamos dizer nada!
-Marcão, o José Afonso era seu amigo!horrorizou-se a mocinha.
-Será que não foi o fantasma da menina que empurrou o José Afonso? Então, a escola é mesmo assombrada!gritou alguém.
Lilith se sentia como se estivesse em um pesadelo, pois via claramente Marcão e Alfredinho se encarando com ódio mortal e os outros estudantes olhando-os com surpresa e horror.
-Meu Deus, não quero mais ver.pediu Lilith, as lágrimas descendo dos seus olhos.
Inútil. Ela continuou vendo os dois jovens se lançando farpas pelos olhares furibundos, xingando-se:
-Maldito!
-Cachorro! Cachorro sem-vergonha, covarde e nojento!
Um dos dois se cansou e falou:
-Vou embora daqui! Não piso mais nesta escola!
-O que, covarde? Você vai fugir e me deixar sozinho aguentando todos me odiarem? Não, você vai ficar aqui, pagando também!
-Eu já paguei, portanto, vou embora!
O que dissera que não ficaria mais na escola foi se afastando, indo até à escada.Lilith adivinhou e berrou:
-Não, não desça a escada!
Ela sabia que era inútil gritar, pois ele não podia ouvi-la.
Ao chegar até à escada, o rapaz olhou para trás, falando para os colegas:
-O que é que vocês estão olhando? Vão para o inferno, entenderam? Nenhum de vocês é grande coisa! Na hora H, cada um só pensa em salvar a própria pele!
-Meu Deus!gritaram todos.
Lilith começou a gritar, porque sabia antes de todos os que estavam presentes que ele morrera.

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quinta-feira, setembro 3, 2015 - 18:35

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