CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
Os ninguéns (Eduardo Galeano)
As pulgas sonham em comprar um cão, e os ninguéns com deixar a pobreza, que em algum dia mágico a sorte chova de repente, que chova a boa sorte a cântaros; mas a boa sorte não chove ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, nem uma chuvinha cai do céu da boa sorte, por mais que os ninguéns a chamem e mesmo que a mão esquerda coce, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o ano mudando de vassoura.
Os ninguéns: os filhos de ninguém, os donos de nada.
Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e mal pagos:
Que não são, embora sejam.
Que não falam idiomas, falam dialetos.
Que não praticam religiões, praticam superstições.
Que não fazem arte, fazem artesanato.
Que não são seres humanos, são recursos humanos.
Que não tem cultura, têm folclore.
Que não têm cara, têm braços.
Que não têm nome, têm número.
Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais da imprensa local.
Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata.
Eduardo Galeano, no livro “O livro dos abraços”. tradução Eric Nepomuceno. Porto Alegre: L&PM, 2002
Submited by
Prosas :
- Se logue para poder enviar comentários
- 3832 leituras
other contents of AjAraujo
Tópico | Título | Respostas | Views | Last Post | Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Dedicado | A charrete-cegonha levava os rebentos para casa | 0 | 2.186 | 07/08/2012 - 22:46 | Português | |
Poesia/Meditação | A dor na cor da vida | 0 | 975 | 07/08/2012 - 22:46 | Português | |
Poesia/Dedicado | Os Catadores e o Viajante do Tempo | 1 | 2.249 | 07/08/2012 - 00:18 | Português | |
Poesia/Alegria | A busca da beleza d´alma | 2 | 2.338 | 07/02/2012 - 01:20 | Português | |
Poesia/Dedicado | Amigos verdadeiros | 2 | 3.750 | 07/02/2012 - 01:14 | Português | |
Poesia/Meditação | Por que a guerra, se há tanta terra? | 5 | 1.596 | 07/01/2012 - 17:35 | Português | |
Poesia/Intervenção | Verbo Vida | 3 | 3.858 | 07/01/2012 - 14:07 | Português | |
Poesia/Meditação | Que venha a esperança | 2 | 1.611 | 07/01/2012 - 14:04 | Português | |
Poesia/Intervenção | Neste Mundo..., de "Poemas Ocultistas" (Fernando Pessoa) | 0 | 2.040 | 07/01/2012 - 13:34 | Português | |
Poesia/Intervenção | Do Eterno Erro, de "Poemas Ocultistas" (Fernando Pessoa) | 0 | 5.010 | 07/01/2012 - 13:34 | Português | |
Poesia/Intervenção | O Segredo da Busca, de "Poemas Ocultistas" (Fernando Pessoa) | 0 | 953 | 07/01/2012 - 13:34 | Português | |
Poesia/Dedicado | Canções sem Palavras - III | 0 | 1.398 | 06/30/2012 - 22:24 | Português | |
Poesia/Intervenção | Seja Feliz! | 0 | 2.026 | 06/30/2012 - 22:14 | Português | |
Poesia/Meditação | Tempo sem Tempo (Mario Benedetti) | 1 | 2.628 | 06/25/2012 - 22:04 | Português | |
Poesia/Dedicado | Uma Mulher Nua No Escuro | 0 | 3.472 | 06/25/2012 - 13:19 | Português | |
Poesia/Amor | Todavia (Mario Benedetti) | 0 | 2.232 | 06/25/2012 - 13:19 | Português | |
Poesia/Intervenção | E Você? (Charles Bukowski) | 0 | 1.913 | 06/24/2012 - 13:40 | Português | |
Poesia/Aforismo | Se nega a dizer não (Charles Bukowski) | 0 | 1.611 | 06/24/2012 - 13:37 | Português | |
Poesia/Aforismo | Sua Melhor Arte (Charles Bukowski) | 0 | 1.288 | 06/24/2012 - 13:33 | Português | |
Poesia/Tristeza | Não pode ser um sim... | 1 | 1.437 | 06/22/2012 - 15:16 | Português | |
Poesia/Aforismo | Era a Memória Ardente a Inclinar-se (Walter Benjamin) | 1 | 1.316 | 06/21/2012 - 17:29 | Português | |
Poesia/Amizade | A Mão que a Seu Amigo Hesita em Dar-se (Walter Benjamin) | 0 | 2.121 | 06/21/2012 - 00:45 | Português | |
Poesia/Aforismo | Vibra o Passado em Tudo o que Palpita (Walter Benjamin) | 0 | 2.024 | 06/21/2012 - 00:45 | Português | |
Poesia/Aforismo | O Terço | 0 | 1.320 | 06/20/2012 - 00:26 | Português | |
Poesia/Desilusão | De sombras e mentiras | 0 | 0 | 06/20/2012 - 00:23 | Português |
Add comment