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Palavras soltas - a Poesia

“...esse lixo do mundo e papéis velhos que sai dum jarrão exótico que a criada partiu...”
... “ Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso.
É possível, porque tudo é possível, que ele seja
Aquele que eu desejei para vós. Um simples mundo,
Onde tudo tenha apenas a dificuldade que advém
de nada haver que não seja simples e natural. “

Jorge de Sena
Metamorfoses seguidas de QuatroSonetos a Afrodite Anadiómena , 1963

Este será, portanto o Capítulo primeiro.

Eis um bom começo seja para o que for.
Também o é para um livro. Não virtual mas concreto, real. À antiga.
Pode ser o início de uma história que se pretende chegar a estar escrita em papel, impressa nessa maravilhosa dimensão do universo constituída por uma folha ou mais, normalmente, brancas, impregnada de símbolos, vulgarmente, negros, que se constituem em escrita inteligível após lhes termos dedicado alguma da nossa atenção e saber. Maravilhosa invenção. Quanto a isso penso que não haverá desacordo. . .
Prossigamos. Nasci em 1962. Por muitas voltas que a Terra possa dar em volta do seu oscilante eixo, no momento em que, de um conjuntinho de frases podemos partir para viajens ilimitadas em todas as áreas do saber, o nosso invólucro de seres humanos, atrofiante para algumas mentes mais amplas, deixa de ter qualquer significado. É a ” libertação das grilhetas”, citando os clássicos. Desde criança que viajo muito. Sempre sossegada no meu frenesim pelas páginas de alguns livros fantásticos que li.
Cedo senti o fascínio morno do Oriente pela voz sussurrante da Xerazade, os picos de adrenalina a pulsarem-me nas veias durante a fantástica “Viagem ao Centro da Terra”, a surpreendente psicologia humana de uma vasta galeria de personagens criadas pelos seus admiráveis autores. Incontáveis momentos de evasão e de emoção.
Mas a Poesia é que é outra história.
Os poemas, aplicando algum pensamento lógico ao tema, são estruturas formais, pequenos conjuntos de frases formados por palavras, métricamente dispostas de forma a provocarem efeitos sonoros conducentes de sensaçóes no ouvinte ou leitor.
E, se reduzirmos ainda mais a escala a aplicar, veremos que as palavras são grupos de letras separadas umas das outras por pausas, espaços vazios de som, bem como toda uma extensa parafrenália de símbolos gráficos que os homens inventaram para lerem os textos escritos com maior facilidade. Tudo isso é vasta matéria de estudo. Contudo, não os homens, mas as suas palavras por vezes escapam ao bom e tão desejado entendimento dos demais, orquestradas em versos, afastam-se por vezes do seu PROPÓSITO iniciaL e enveredam por caminhos estranhos e desconhecidos por onde ainda ninguém SE AVENTUROU.
De tal forma é poderosa a organização peculiar que conseguem construir matéria, tão concreta e amorfa ao mesmo tempo, que já Platão dedicava um lugar primordial à poesia.Era a Arte, por excelência e dito isto, tudo estará dito.

Continuemos pois, neste propósito de tentar justificar o injustificável, deitar cá para fora o sentimento, a dor de uma bexiga demasiadamente cheia, aspirar a tudo ou a nada, mediante o resultado de uma construção meramente formal.
Provocar a catarse.Expurgar a dor como pus de uma chaga purulenta.

Nada disso. O meu contexto é melancólico, tímido até.Pretensioso, um pouco.
Só pretendo escrever o que me apetece e nada mais.
Persisto em perseguir as palavras. Quero agarrá-las e manuseá-las, a serem areia a scorrer-me por entre os dedos. Tentar ser, genuinamente, leal do princípio ao fim, a qualquer coisa que seja, a um texto que ainda não escrevi.
Tenho algum receio da poesia. Por ser perigosa.
Acho ainda que é: mistificante, enganadora, implacável, esmagadora, dominadora, cruel, manipuladora e sufocante. Aérea e etérea. Volúvel e dúvida.
Magnífica.
Apodera-se do nosso raciocínio, tal como a água ensopa a areia.
Tal como o oxigénio se entranha em cada célula orgânica ou qualquer outro produto de índole estupefaciente se apodera da nossa imaginação. E há tantos. A poesia não é estupefaciente, nem químico nem natural, mas faz-nos sonhar e sonhar sempre foi considerado perigoso, seja qual for a perspectiva cultural que se escolha para analisar de que é feita a matéria sonhada, ou de que são os sonhos feitos, melhor dizendo.
Pura electricidade, perfeitamente mensurável e metodologicamente dissecada ou misticismo, projecção mental de traumas instalados no subconsciente, premonições, idealizações. É só escolher a hipótese que lhe parecer melhor.
Não sei se já têem certezas de alguma coisa na área científica.
Eu não escolho nada porque não quero saber!... Só quero poder sonhá-los.
Tal como a poesia, a beleza existe para ser admirada e não para ser compreendida. Algumas pessoas são assim também.

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domingo, fevereiro 14, 2010 - 17:45

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Vilians3

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Re: Palavras soltas - a Poesia

Tal como a poesia, a beleza existe para ser admirada e não para ser compreendida.

Nada mais, concordo.

Contudo há aqui matéria para quilómetros de texto...

:-)

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Re: Palavras soltas - a Poesia

Concordo consigo, diria até, autoestradas de textos e sua respectivas encruzilhadas!
Daí que se me ponha uma questão, sem mapa, para onde prosseguir?

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