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PORTUGAL - ONTEM E HOJE!

          

PORTUGAL - ONTEM E HOJE!

 

 

         Gastaram-se rios de dinheiro com a integração de Portugal à Comunidade Européia. O dinheiro era barato, a maior parte vinha de fora. Quando vier a conta, alguém vai pagar, mas isso, só no futuro! Vamos aproveitar!... A iniciativa privada logo se beneficiou, formando-se uma nova casta de oportunistas, sequiosos por lucrarem. Ei-los indo para o escritório de Ferrari, às 11 da manhã!
Enquanto isso, com a desculpa das modernas técnicas de administração, vamos privilegiar a cúpula da hierarquia, afinal o executivo tem que ser muito bem pago, além de fortemente motivado. A classe alta, como sempre, cada vez mais rica. Só que agora, dizem que nada têm. E é verdade! A maior parte de sua riqueza, rende juros enquanto dormem - no “over night”, mas lá, bem longe, em lugar seguro, nalgum paraíso fiscal. O restante não pode ser investido, pois, quem nos dá garantia?
É melhor que fique guardada a sete chaves, até porque nunca se sabe o dia de amanhã! Quando alguém lhes pergunta sobre a situação do país, sorriem e dizem – com esta crise na economia, não se pode mais trabalhar!
Mendigos quase não os há! E os pobres? Esses continuam como sempre estiveram com o cinto apertado no último buraco!... Só faltam os remediados, aqueles que vão da classe média baixa até à média alta. Bom, esses passaram da ginástica ao malabarismo. Os da alta passaram para a média, os da média, passaram para a baixa e os da baixa, passaram para a classe mais abaixo – a dos pobres! Ninguém faz nada. Uns porque não querem, outros porque não podem! Na “coisa” pública, não foi muito diferente. Precisamos inovar! Vamos fazer desta cidade, a capital européia da cultura. Mas como?
É fácil, para tanto, vamos ter que lhe mudar a arquitetura! Cava-se o solo e alargam-se ruas, interrompe-se o trânsito, os pobres vão a pé, os ricos de táxi. Tudo pelo progresso! Engenheiros da elite dominante, quase recém-formados, são contratados ou encaixados, e se não der tempo, esticam-se ruas de borracha, que além de disfarçarem o que não foi feito, ainda têm a cor como opção e os turistas vão adorar!... E os políticos? Esses, que deveriam fazer da profissão uma das mais belas do mundo, na melhor das hipóteses, nada mais são que pura utopia! Na falsidade, até ganham dos ricos. Não importam os meios, mas sim os fins. Não interessam as questões de fundo, mas as de superfície. Não interessa o porquê ou para quem, mas o por quem, que invariavelmente é a projeção da imagem que fazem de si mesmos, e com ela, garantir o voto, uma e outra vez mais. O importante são os grandes monumentos e, sobretudo, as fachadas dos grandes empreendimentos, ainda que seja só a fachada, sem nada por dentro, nem para ninguém. Depois, é só falar que foi feito. Vale tudo! É toda uma vida de exponencial crescimento para a absurda e egoísta utopia! Pura loucura! Pior, só acreditar neles! Ao se falar de políticos cuidado com o voto e com a vontade das maiorias – foi assim que Cristo morreu crucificado. A democracia pode ser comparada a uma faca – há que usar o gume certo! No entretanto, estado e empresas, empenhadas na nova cultura vão-se endividando. A casta dominante, entediada com o pouco que fazer, entrega-se ao jet set gastronômico, não tanto pela comida, mas pela marca do lugar. Mas antes disso, vamos à baixa. Lá, esperam-nos as lojas “in”, ou quem sabe, o shopping mais caro. Temos de nos enfarpelar com a grife da moda, ainda que de mau gosto ou extravagante; não importa. Neste caso, melhor ainda, porque dá mais nas vistas! É lá que estão os nossos amigos, pessoas como nós! Já os que não vieram, é porque não puderam. Enquanto suas mulheres, na cozinha de casa, fabricavam comida para vender, os maridos tentavam a sorte no carteado do clube mais próximo de casa, ora ganhando, ora perdendo, aquilo que suas mulheres ganhavam. Mas neste mundo de aparências, que mal há nisso? Nem sempre se pode ganhar, mas, pelo menos, tenta-se! É chegada a hora do terrível dilema! – O que vamos comer agora? Coitado do menu! De tão manipulado que é, mais parece papel higiênico amassado que um belo escrito de couro encadernado... Como a escolha está difícil, não vamos arriscar – o melhor é o mais caro! Na falta de uma boa conversa, alguém arrisca – que prato estarão comendo agora, os coitados do lado de fora? Algum engraçado lá do fundo responde: o que sobrou; liberdade, claro está! Agora, com a barriga cheia e patenteada precisam viajar para lugares distantes, tanto quanto possível, que lhes faça esquecer a vida vã e aquela gente triste, pobre e lamurienta, que não tiveram nem o berço, nem a educação, que deveriam.
Passaram-se trinta longos anos. E o pior – chegou a conta! Estou exausto.
De tão cansado que estava, adormeci e sonhei. Nesse sonho, havia ido para lugares longínquos, perdidos no tempo e na História e sonhava com a terra deixada para trás. Esboçava-se então, uma terra de gente feliz! Trabalho, habitação, saúde, educação, justiça, igualdade de oportunidades, liberdade, humanismo, cultura, arte, desenvolvimento pleno e integral, individual e coletivo; era a expressão estampada no rosto daquela gente. O céu era o limite! Quando acordei, estava em Portugal. E o que vejo? Uma nova paisagem, que em nada lembrava o sonho de ontem – enormes viadutos, novas auto-estradas, arranha-céus nunca vistos, casinhas de metal no meio das praças, que afinal eram retretes, metro, máquinas, que acionadas davam: cigarros, café, refrescos, bilhetes de transporte e até preservativos, esplendorosas casas de música, arquitetadas por estrangeiros, que além de mais caras, são também mais chiques. Afinal não somos racistas! Em troca disso, ganha o desemprego e aumenta a falta de oportunidade para os jovens talentos da gente infeliz. Museus subterrâneos, parques de estacionamento em forma de caracol, elevando-se até ao céu, e, desemprego, filhos casados morando na casa dos pais, saúde só para ricos, ensino seletivo, corrupção, falta de oportunidades, indiferença, estagnação individual e raquitismo coletivo. E, desfilando pelos viadutos e auto-estradas, bólidos caríssimos, ainda por pagar, arranha-céus quase vazios, metros com uma pessoa aqui e outra ali, casas de música inacabadas, por falta de dinheiro, faraônicos estádios de futebol pelo país afora, esperando que os turistas incrementem o comércio local, justificando o investimento irracional, museus sem gente, o jovem sem preservativo, o trabalhador sem emprego, o país sem governo e aquela gente muito triste!
Os jovens de ontem – do 25 de Abril, hoje velhos! Mas existem ainda os jovens de hoje, e alguns, muito poucos, de ontem também, que acreditam que o mundo pode ser diferente. Daqueles que não têm, nem uma boa família, nem casa própria, nem carro, nem bom emprego, nem viajam, nem vestem roupas caras, nem têm muita saúde, nem comida cara e ainda assim são felizes. Que gente rica! Há pessoas, que são livres. Usufruem de uma liberdade essencial, da mais sublime; íntima, própria, pessoal, incondicional... Livres, consigo mesmos e livres para a vida! Pessoas que para serem livres, tiveram que deixar de fazer aquilo que queriam. À medida que o tempo passava, refletiam e descobriam a inutilidade de tantas coisas, que há pouco tempo atrás lhes eram indispensáveis. A tal ponto chegaram que o próprio conforto atrapalhava-os! Apesar de casa, carro e conforto, serem bens e de direito, nem por isso são tudo. Não somos só animais! Erguem-se gigantescos potentados; quando não pessoas físicas, que com ar imperialista, determinam e impõem; democracia, liberdade e paz. Fazem-se guerras em nome da paz. Paz que tem petróleo por detrás. Ditam as regras do jogo, como se fossem Deus, mas com prévias condições, como: criar novas necessidades, mercados cativos e massificação de pensamento em profusão. Ou seja, reina a bestialização do ser.
O problema de Portugal não é mais político, nem tão pouco a solução! É sim, um problema cultural–comportamental, psico-sociológico. O rico quer mais riqueza, para obter prestígio e respeito (entenda-se admiração), para alcançar o objetivo máximo – o poder. O pior defeito do pobre é querer ser rico - o pobre sonha em ser rico, porque vê neste o seu ideal! Uns e outros correm atrás do mesmo! Como se, prestígio, admiração e riqueza, fossem os bens supremos. Não havendo aqui, nem conhecimento, nem, portanto, interesse por amplos e verdadeiros valores universais da vida! É de lamentar que a plenitude política e a vivência histórica em liberdade, acumulada durante tantos anos, despertem os mesmos interesses em camadas sociais tão antagônicas, ou pelo menos, diferentes! Somos levados a pensar, que bem estar social e desenvolvimento da pessoa, se traduzem numa questão puramente “intestinal”! Quer então dizer, que nada mais existiria para além da satisfação das necessidades essenciais, e também pelas criadas, caso estas fossem plenamente satisfeitas? Que pobreza seria o mundo, caso isto fosse verdade! Senão vejamos: tal como no futebol, fomos da extrema direita para a esquerda ao extremo. Retrocedemos um pouco para a direita, e depois, um pouco mais para a esquerda. Passamos depois para o centro de esquerda. Mais tarde, para o centro de direita. Não contentes, chegamos ao centro, nem de direita, nem de esquerda, nem mesmo até de coisa alguma – seus partidários assim dizem “queremos um socialismo nem tão social-democrata, nem tão socialista, queremos sim, o nosso socialismo”. O nosso, deles, é claro! Venha quem vier, tirando os eleitos, continua o hilariante jogo, de direita, de centro e de esquerda. Qual a solução? Uma educação refletida numa consciência humanitarista.

Enquanto o individualismo permanecer e o ser não for capaz de entender, que, realizando-se no próximo, a si se realiza, tudo continuará como sempre esteve. A maior felicidade que se pode ter é fazer e ver o outro igual, feliz. Mais sublime que a natureza é a arte feita pelo ser.

E que maior arte existe, que a obra do ser?

Fernando Figueirinhas

 

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sábado, janeiro 12, 2013 - 19:28

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