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Produção do Tempo - Segundo Dia

Acordo, serenamente. Serenamente, observo o lugar onde estou, o quarto arrendado, por um mês, talvez um mês, rigorosamente um mês. Não me metamorfoseei em insecto, sou o mesmo da véspera. Ainda não me vi ao espelho, mas sinto que nada de significativo há no meu corpo para assinalar. Sinto o corpo, sinto o pensamento. Penso. Penso-me. O pensamento sente-se. Algo pensa. Algo pensa-me. Procuro, agora, que o pensamento se perca, se vá perdendo, se dilua. Também a manhã. A manhã esvai-se numa lentidão suave, o ar está límpido, o céu é um azul forte. Digo tudo isto porque tudo isto se oferece para lá dos vidros da janela. Quero permanecer na cama, deitado de costas, deitado durante horas. Olhando, observando, observando tudo que há para observar, até exasperar a vista, os olhos. A mobília castanha, uma madeira gasta, polida, brilhante e baça, velha, rompida, irregular. Cómoda, guarda-fatos, cadeira, cama, duas mesinhas de cabeceira, uma pequena secretária, um espelho esbatido, tinta creme nas paredes. Paredes esboroadas, manchadas, tristes e alegres. Candeeiros: de tecto e um sobre uma das mesinhas de cabeceira. Na secretária, nada, nada sobre a secretária. A porta do quarto também é de madeira, pintada em esmalte branco, como as portadas da janela. As cortinas reflectem muitos anos e aguentam-se num barão de ferro. Não tenho livros pelo simples facto de que todos os que tinha dei-os, dei-os por necessidade. Necessidade de me libertar de tudo o que pudesse pesar-me na existência. E o peso excessivo era avaliado para além de dois ou três verdadeiramente úteis. Já não leio, releio, disse um dia Borges. Eu também releio, ou seja, leio mentalmente o que ficou na memória e o que ficou na memória ficou para sempre. Para sempre, pelo hábito de lembrar sempre a mesma meia dúzia de ideias que na verdade interessa. Todos os dias recito em voz alta essa biblioteca mental que me acompanha, todos os dias repito as palavras únicas que possuo, que ecoam pelos labirintos do cérebro. Todos os dias. Recito-as como orações, autênticas orações que me religam ao universo e me salvam, me salvam de cair em tentação agora e na hora da minha morte. Qual tentação? Não sei. Nem acredito. Mas. Estas palavras salvam-me. Melhor: têm-me salvado até agora. Múltiplas tentações. As tentações. Adoro cair em tentações. Experimentei todas as tentações. Por exemplo: a tentação da inércia, do vazio, de não pensar. Reconheço, é uma tentação sedutora, não pensar, ser levado para o vácuo, para a morte de olhos bem abertos. Penso: o que será pior, não pensar ou não olhar? A morte é não pensar? A morte é não ver? A tradição ocidental associa o conhecer e o ver. Ver o real, a visão como espelho da realidade. Pensar é o interior e olhar é o exterior? Pensar é olhar, olhar é pensar? Não há interior nem exterior? Como processa o cérebro estas operações? Como seria interessante podermos escolher encerrar algumas capacidades cerebrais durante horas ou dias ou anos. E retomá-las. Ligar e desligar. Mais, perder a consciência de que estamos ligados ou desligados. Voltarmos a ganhar consciência, e perder, e ganhar. Viver e morrer durante a vida, viver e morrer durante a morte, num eterno retorno renovável e infinito. Repito, ligar e desligar o cérebro, por vezes, com intenção e sem intenção. Dominar o cérebro. Ser dominado pelo cérebro.
Definitivamente, sou um pecador que cai em tentação.
Um insecto percorre, em voos rasantes, o tecto do quarto. É impossível acompanhá-lo com o olhar. Tento e desisto. Sinto frio, está frio, é Novembro. A pálida cor do início da tarde penetra pelo quarto, em tons, pelo contraste, róseos. As cortinas agitam-se de modo indelével, alguma corrente de ar acelera a algidez do ar. Permaneço imóvel, apenas mexendo os globos oculares. Não disse ainda que a roupa da véspera está pousada na cadeira e um copo está na mesinha de cabeceira sem candeeiro. Não disse, porque só agora reparo, que o meu rosto está ao espelho, pendurado, o rosto ou o espelho, na parede da secretária. Olho-me, o cabelo curto ou comprido, não sei, a barba de 48 horas, a pele branca como sempre, branca e perfeita. Tudo no meu rosto é ausência de espanto, tudo é serenidade. É possível que Aristóteles preferisse o espanto à serenidade para fundar uma escola, é possível que eu, humildemente, prefira a serenidade, a insustentável leveza da serenidade. Estou vivo, continuo vivo para descrever o quarto. Serenamente, observo o lugar onde estou. O tecto é branco, o meu rosto olha-me, olho fixamente o meu rosto. Rosto de todos os rostos possíveis. olhamo-nos ou um rosto desconhecido que é o nosso nos olha e, por vezes, esse estranho aniquila-nos com o seu olhar desconhecido, profundo e grave. Desconhecido e ambíguo e sibilino. Ali aquele rosto conspícuo perturba-me, não o identifico e, desviando o olhar, ele sempre regressa inexorável ao olhar do meu olhar. Talvez haja uma serenidade espantada, talvez. Um espanto sereno em todo este universo, que é o quarto arrendado por um mês. O tecto branco, repito, manchado, maculado pelo tempo, húmido, um mar branco sobre o meu corpo em repouso. Sobre o meu corpo um mar invertido quase me afoga. Mexo agora os braços, as pernas, inclino a cabeça. O dia será dedicado a estes exercícios, simples e banais. Olhar, a eterna ditadura do olhar. Todas as perspectivas são possíveis, todos os mundos são alternativos, as descrições contingentes e maleáveis. Platão falou do olhar, o olhar inteligível. Não é esse o meu olhar. Não há essências nem acidentes.
O quarto está situado numa avenida. Da avenida chegam sons distantes e urbanos. Pessoas circulam, transportes públicos rolam pelo asfalto. Alguém grita para a vida, alguém enterra a melancolia, alguém sonha por entre as sombras e a luz esvaída de um dia de Outono, um dia comum com gente dentro, dentro do dia, gente arrastando-se, arrastando-se célere para…a vida inevitável…, a alegria, a felicidade da alegria.
O insecto continua vivo e vivo voa feliz, voa com um zumbido cortante que não me perturba, confesso. Ele sabe da minha presença, deste volume que ocupa espaço. Pousa, por vezes, nas minhas mãos e desaparece sem rastro. Volta e desaparece, A sua superioridade é nunca perder-me de vista, ver-me sem ser visto. Nada posso contra ele. Sabe onde estou, sempre. Amarguradamente, nunca sei se estou só ou acompanhado. Nada sei de essencial, sabe tudo o insecto, tudo o que interessa a um insecto, o que vale para ele tudo.
Decidi não levantar-me, não comer, não beber, não urinar, defecar, lavar-me. Decidi ficar aqui até anoitecer. Também não dormir, apenas ficar neste quarto, este lugar arrendado por um mês. Como não tenho livros - dei-os, já o disse -, sirvo-me da minha biblioteca mental. Não é uma verdadeira biblioteca, porque é mais caos do que ordem, e por muitas outras razões. Uma biblioteca é ordem, organização, mundo, cosmos, princípio, regra. É apenas uma expressão que me agrada, que inventei porque me agrada e mais nada, agrada-me porque retirando tudo o que não é, é. É, serve. Os livros são incompletos, há folhas desaparecidas, há frases retiradas e colocadas noutros livros, autores trocados…Afinal apetece-me estabelecer comparação! Frases que mudam de significado com o tempo, frases que desaparecem, livros que desaparecem, autores que desaparecem. Temas confusos, novos autores e livros e palavras que aparecem e se confundem e volta a aparecer o que desapareceu e a desaparecer o que aparece de repente. Tudo é, de facto, desordem, caos, descontinuidade, ausência de regra, de princípio. Uma biblioteca que não tem livros, tem um fluido que corre incerto por um espaço fluido, incerto, inapreensível, inaudito. Mas, por instantes, a biblioteca organiza-se, a ordem regressa, tudo é certo e preciso, os livros, os textos, as frases, as palavras, um universo ganha vida e domina-me, autores mobilizam-se como retratos em álbuns de família a que voltamos para recordar o que somos e o que não somos. Álbuns que abrimos e fechamos continuamente…
São 4 horas da tarde. Leio as ideias que me afloram à mente. As palavras pedidas para consulta. Que posso saber? Que devo Fazer? Que posso dizer? O que posso comunicar? O que me é permitido esperar? O que é o homem? Quem sou? Onde estou? Por que comemos, qual a finalidade de dormirmos? O que significa sermos animais gregários ou de rebanho? Temos um inconsciente que nos domina? O complexo de Édipo é real? A energia é igual à massa vezes a velocidade da luz ao quadrado? Em cada célula humana há 46 cromossomas? O ser humano é dominado por pulsões? O todo é percebido antes das partes que o constituem? A matéria atrai matéria na razão directa das suas massas e na razão inversa do quadrado das suas distâncias? Etc, etc, etc?
O relógio do corredor bate cinco horas da tarde. O tempo passa. Na casa não há ninguém. Agora não há ninguém. Todos os dias ouço vozes. De manhã muito cedo, ao fim do dia também. Vozes de outros hóspedes como eu, pessoas que não conheço, que nunca vi. Trabalham entre a manhã e o fim do dia, como aliás quase toda a gente. É assim que presumo sem ter uma grande certeza. Vozes suaves, vozes fortes, ríspidas, duras, ténues, finas, grossas. Imagino pessoas de meia idade, jovens, velhas, homens, mulheres, pessoas que nunca vi, imagino-as, nunca as verei, imagino-as. Não tenho um horário certo de me levantar, de me deitar. Nem de comer, nem de passear, de vadiar ou de outra coisa qualquer. Não me cruzo com os outros hóspedes nesta casa. Repito, não conheço ninguém, aqui ninguém me conhece. Não simpatizo, não antipatizo, não amo, não odeio, sou indiferente perante os outros que existem, sei que existem e ao sabê-lo sei tudo o que interessa saber. Existem como vozes que ouço. Contudo, apercebo-me, e só agora me apercebo, que essas vozes não me são totalmente indiferentes. Soube descrevê-las, classificá-las, imaginar os corpos, quem sabe, imaginar o carácter que produzem essas vozes. Era capaz, com algum rigor, de identificar o número de moradores que habitam debaixo do mesmo tecto, de parte dos seus hábitos, de muitas partes dos seus hábitos, do horário de trabalho de alguns deles. Poderia, se quisesse, saber muito mais, se quisesse poderia saber as suas profissões, os seus sentimentos, as ilusões que vivem, as graças e desgraças que hão-de suportar um dia. Se quisesse poderia dedicar-me a uma investigação profunda, tão proficiente que talvez mesmo soubesse mais do que os próprios, unindo pormenores que escapam aos seus autores. Poderia fazer a transição das vozes para os objectos pessoais, dos objectos pessoais para os passos nos quartos ou no corredor, dos passos para os ruídos, pequenos sons, um bocejo, um arrastar de uma cadeira, um candeeiro que se acende no decorrer da noite, um jornal ou um livro caído no chão, o tipo de lixo que fazem, o modo como batem com as portas, os palavrões oportunos e inoportunos durante os diálogos que mantêm entre si. O silêncio, o eloquente silêncio. Toda esta panóplia, todo este manancial de elementos significativos, e muitos outros, me dariam a inteligibilidade perfeita dos seres dos quais tudo sei mas nunca os vi. De outro modo: dos quais tudo poderia saber sem nunca os ter visto. Seria uma tarefa própria de um detective, simultaneamente perigosa e fascinante. Seria uma tarefa própria de um escultor. Seria uma tarefa própria de um arqueólogo. Seria uma tarefa possível, possível, possível. Um entretenimento para uma vida. Um projecto de grande dignidade. Mas estou apenas a falar para o espelho, confessando ideias que irrompem na obscuridade progressiva e enleante do quarto. Não conseguimos estancar a corrente do pensamento, da linguagem, da imaginação, da memória. Na biblioteca mental requisito em meu nome esta citação de Nicholas Blake, Um homem tem de falar a si próprio quando se encontra sozinho sobre gelo movente, sozinho no escuro, perdido.
Perdido, não. Não estou perdido, sei onde estou e estou serenamente, há horas, no meu quarto. Este dia é dois de Novembro. Estou tão certo desta verdade como estou certo da verdade de não saber qual é o dia da semana. Não sei nem estou interessado em saber. Não tenho nenhum motivo para ocupar a mente com preocupações desse tipo. Mas sei o dia e o mês, não o ano. Com rigor, e é talvez o mais espantoso, também não sei o ano em que estamos, embora saiba com uma margem de erro de dois, três anos. Os dias da semana não me preocupam, é-me indiferente se é segunda, terça, quarta, quinta, sexta, sábado ou domingo. Somente o mês e o dia correspondente. Não encontro nenhuma justificação para explicar cientificamente este fenómeno de amnésia interesseira, mas não é importante. Contudo, é curioso não desprezar, também, os dias e os meses. Enfim, é assim, o que há ainda para dizer? Ainda qualquer coisa com propósito: seria mais perturbador no dia seguinte ninguém morrer ou no dia seguinte ninguém saber o dia, a semana, o mês, o ano? Ignorância total sobre o calendário, o tempo sem registo, ausência de datas, de referências, de marcações, de celebrações, de festas, de efemérides, registos sem tempo, tempo sem tempo…, nada, nada, nada para fixar, reter, lembrar, nada, nada! E o mesmo dos lugares, cidades, vilas, aldeias, freguesias, ruas, estradas, também ignorância total. Aniquilar, o mais possível, o espaço e o tempo, Fluir, navegar. Da minha parte, sei, ainda, que estou num quarto, arrendado, o quarto está no segundo andar de um prédio situado numa avenida de uma grande cidade. Um quarto numa cidade grande ou grande cidade, e eu estou lá muitas vezes, e muitas outras vezes não estou. Quer dizer, estar no quarto é não estar na cidade, é estar apenas no quarto. E estar na cidade é não estar no quarto, digamos assim. Estou no quarto a qualquer hora. Estou na cidade a qualquer hora. Sem objectivos ou finalidades, como uma peça, já o disse, de uma engrenagem que funciona normalmente. Resumindo: sei as horas, os meses, se é dia ou noite, ignoro os dias da semana, sei de alguns lugares, sei que me encanto do que não sei e do que não quero saber, sei que talvez possa deixar de me situar no tempo e no espaço e então voar. Sim, voar. Como as moscas, os insectos voadores…Talvez amanhã!
Mas ainda é cedo. A mosca poisa sobre a dobra do lençol. Uma certa intimidade me aproxima dela, dois seres vivos num diálogo possível. Ela voa, eu quero voar. Eu quero voar, ela voa. Há aqui alguma coisa de conivência. Sonho muitas vezes que voo, mas não sou pássaro, um humano que aprendeu a voar e voa. Quando sonho que voo prolongo o sonho – sei-o fazer –, prolongo-o o mais possível, por minha vontade não voltava a acordar. Quero dizer, não voltava a acordar sem saber voar. Só posso voar no sonho. Sonhando que voo voo, voo numa irrealidade real ou numa realidade irreal. É assim que entendo o sonho. Não me interessam muitas explicações sobre os sonhos. Não me interessam as explicações freudianas, não me interessam as explicações pré e pós-freudianas. As técnicas psicanalíticas não me preocupam, não me preocupa conhecer-me cientificamente, não quero saber mais de mim do que posso saber sem pensar muito sobre mim, sem pensar sobre o mundo para saber de mim. Reconheço, para ser sincero, que nem sempre fui assim. Ainda ontem pensei de mais, pensei sobre muita coisa, toda a noite a ocupei a pensar. Amanhã será igual. Sei que será igual. Não pensar é apenas um desejo para concretizar no futuro. No fim do mês do quarto arrendado, será esse o meu futuro. Não pensar, como é maravilhoso pensar não pensar, não pensar! Quando sonho que voo – estou de novo a pensar –, não sou um humano que voa, afinal no sonho não sou humano. Mas coisa, coisa que voa, coisa voante entre outras coisas. Alguém disse – sei quem foi – que cada personagem dos actos do sonho é a personagem que sonha. Mas não somos nós uma síntese dessas personagens múltiplas, contraditórias, efémeras, contingentes, relativas, emergentes, precárias, sem unidade? Não somos nós máscaras possíveis de circunstâncias possíveis até ao infinito? Somos, afirmo que somos, afirmo o que já disse: não há nenhuma essência, não há nenhum acidente.
Cai a noite, cantam agora todas as fontes, sozinho no escuro, perdido e achado (a biblioteca não tem horário de encerramento), vou tentar dormir, afogar-me no cansaço, confundir-me nas sombras, pairar, o quarto existente numa penumbra melancólica e bela. Desligar, o mais possível, totalmente? Voltar a ligar mais tarde para criar o destino – um destino feliz, é o que queremos. Bem, vou sonhar que voo, voo com a mosca, companheiro dela. Não me metamorfoseei em insecto, mas – bela ironia kafkiana – metamorfoseei-me em humano.

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quinta-feira, janeiro 15, 2009 - 12:07

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Carlosfrazao

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