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Sam Alister e o Misterioso Caso do Cliché Sem Solução

O único som que se ouvia naquele escuro quarto, á parte dos passos de Sam Alister, era o do tempo a passar.

O corpo do conde Van der Brunnen estava estendido no chão, as marcas que apresentava nas costas eram leves mas numerosas. Algumas eram antigas, muito antigas, outras eram recentes, mas nenhuma tinha sido a causa da morte. Isto intrigava Sam Alister. Na sua longa carreira de detective já se havia deparado com muitos mistérios parecidos, pessoas proeminentes assassinadas nos seus escritórios, com a porta trancada por dentro. Afinal, isso era um cliché. Mas este caso, apesar de aparentemente igual a esses em todos os aspectos, tinha particularidades. Primeiro não havia suspeitos. O conde já vivia isolado do mundo há vários anos, sem nenhuma família, amigos ou conhecidos. Depois não havia motivos. Por mais que Sam investigasse o passado da vítima não encontrava nada, mesmo que rebuscado, que pudesse ser a causa do assassínio. E por fim, mais estranho que tudo, não havia pistas. Seria de esperar que um cenário destes estivesse repleto de detalhes pouco mais que invisíveis, mas tão deslocados que quase gritavam a solução. Nada… Tudo o que havia era um velho morto no seu escritório... e um som profundamente irritante...

Sam voltou a percorrer a sombria divisão com o olhar, á procura de algo, mas sem grande concentração, o relógio de pêndulo estava a dar com ele em doido.

Viu os livros nas estantes de carvalho absolutamente arrumados, as carpetes mais limpas do que se tivessem sido lavadas na véspera, a secretária exactamente como o conde a tinha deixado antes de morrer. Nada disso era uma resposta.

No canto, quase escondido pelas sombras, a maldita máquina de retalhar tempo continuava o seu infernal “tic tac”.

Sam tentou pensar, percorreu todas as hipóteses possíveis numa situação daquelas, mas nenhuma encaixava.

O ruído repetitivo estava a enlouquecê-lo… ecoava na sua cabeça, dentro dos seus pensamentos, parecia preencher todo o espaço disponível...

Qual seria a resposta?

Tinha que haver uma, mas onde…

“Tic Tac…”

Maldito hino á mortalidade…

“TIC TAC…”

E então surgiram as perguntas…

“TIC…”

….como é que Sam tinha chegado ali…

“…TAC”

…qual a estrada que havia tomado…

…TIC…

…que marca de carro tinha…

…TAC…

…quem eram os seus pais…

…TI…

…teria família…

…IC…

…uma casa…

…TA…

…como tinha noção de que tudo aquilo era um cliché ?

…AC…

E aí percebeu...

...T…

…nada no seu mundo era real…

...I…

…o conde só estava morto num sentido metafórico…

…C…

…e o seu assassino só existia como uma personificação.

…T…

Dirigiu-se ao relógio…

…A…

..abriu a porta de vidro…

…C…

…e lá dentro…

…T..

…mais negro que uma noite sem lua…

…I…

...encontrou o assassino.

…C…

E o mundo terminou ali.

...TAC.

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sábado, maio 23, 2009 - 17:09

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