CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

Se temos o poder de criar, se nos fazem felizes o céu e a eternidade... Porque não?

Observo o transeunte. A sua corrida compenetrada, o seu stress, a sua preocupação, a sua consciência - Corre.

Corre para algo que lhe é tão vital e tão inútil.

Compromissos a cumprir, honra a defender, imagem a construir, lar a sustentar, vida a garantir, felicidade a atingir.

Luta desenfreado e a cada objectivo alcançado, logo outro se pré-figura mais adiante.

A satisfação encontra-a na ilusão da realização daquele objectivo proposto ou que se propôs. Satisfá-lo caminhar no encalço. Satisfá-lo o vencimento das etapas que se sucedem.

Atingido o objectivo, porém, a satisfação desvanece-se. Apenas um breve orgulho de vitória o regozija. Breve, porque logo, logo, verifica que apenas venceu uma obrigação, apenas fez o que se esperava que fizesse. Agora, lá no horizonte, a vida clama outra vez por ele. Lá à frente, incorporada noutro objectivo, noutra obrigação criada, noutra necessidade inventada, impele-o a continuar.

Pergunta-se porquê. Para que corre ele; para onde vai.

Respondo-lhe que apenas se cumpre. Respondo-lhe que esse universo, essa teia de compromissos, a sua consciência atormentada, são a razão porque se diz vivo.
São a sua própria vida, o sustento do seu ser, a certeza do seu eu.
Congregam uma energia vital feita da conjugação de uma miríade de factores extrínsecos e intrínsecos, nos quais realiza a sua identidade.

Quando o seu corpo se consumir, quando morrer, essa energia dissipar-se-á - a desintegração do seu ser tal como é, será inevitável. Persista o que persistir, o seu Eu jamais será. Essa consciência de si diluir-se-á no tempo.

O espírito poderá ser etéreo ou eterno, mas eu não o sou com toda a certeza. Este espírito, esta alma, estas linhas... São minhas. Mas é tão certo isto, que sou tão Eu, quanto certo é que desintegrada a minha humanidade, desaparecerei.

Não mais viverei. Não mais sentirei enquanto Eu. Serei outra coisa, outro quem - simplesmente matéria ou composta matéria - O que for. Não serei mais Eu.

Existirei talvez. Sem vida, vogarei porventura na memória de alguns. Mas ser-me-á então indiferente, pelo simples facto de que não vivo.

Esse Eu que, dizem, estará no céu, não serei Eu. Esse, Eu que permanecerá na memória do Mundo não serei eu.

O eu é finito. É o lampejar de luz no candeeiro, que irremediavelmente se apaga quando a lâmpada se funde.

A electricidade, a energia, ou a vida, continuará ali - troque-se a lâmpada e a luz reviverá. Mas a lâmpada inicial... essa, não mais tornará.

O meu Eu, o teu Eu, são a lâmpada. A electricidade está lá, mantém-se, mas a luz...
A existência é como a electricidade - está lá sempre, a vida é que não.
Que há de extraordinário nisto afinal? Porque teimarmos em cindir a vida da existência'
Faz-nos mais felizes isso de sabermos que nos apagamos e pronto?

Não, isso angustia-nos. Rouba-nos felicidade, atormenta-nos e faz-nos morrer vivos.

Por isso, digo:
Esqueçamo-nos disso. Inventemos, arroguemo-nos o direito à criação, sejamos felizes. Que diabo, que há de mal nisso?

Viva vida, viva a criação, viva a eternidade, os santos, os anjos, Deus e tudo mais que queiramos.
 

Submited by

domingo, fevereiro 27, 2011 - 12:18

Prosas :

No votes yet

miguelmancellos

imagem de miguelmancellos
Offline
Título: Moderador Música
Última vez online: há 7 anos 1 semana
Membro desde: 07/29/2010
Conteúdos:
Pontos: 372

Comentários

imagem de antonioduarte

Adorei o seu texto.Muito bom;

Adorei o seu texto.Muito bom; muito entendimento repartido pela criação dos momentos mais lindos; onde, a felicidade, incita, ao caminhar das coisas mais simples.

Parabéns. PALMAS!

A eternidade é a procura satisfatória.

Grande abraço.

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of miguelmancellos

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Poesia/Geral E se fosse eu, afinal, Deus? 1 377 07/30/2010 - 01:48 Português
Poesia/Geral Como dizer... 1 474 08/02/2010 - 01:42 Português
Poesia/Paixão Onde andarás tu? 1 357 08/02/2010 - 01:45 Português
Poesia/Alegria Hoje de manhã. 1 434 08/02/2010 - 03:27 Português
Poesia/Geral Sobre tudo e sobre nada. 1 442 08/03/2010 - 23:52 Português
Poesia/Meditação Não te deixes impor, nem imponhas - Antes cria e deixa criar! 2 638 08/04/2010 - 01:44 Português
Poesia/Meditação A obra de arte 1 386 08/04/2010 - 23:29 Português
Poesia/Pensamentos Há magia no ar. 1 418 08/05/2010 - 00:11 Português
Poesia/Geral Porque escrevo eu? 1 328 08/05/2010 - 00:12 Português
Poesia/Geral Esta noite 1 444 08/07/2010 - 18:42 Português
Poesia/Aforismo Memória 1 470 08/07/2010 - 18:43 Português
Poesia/Geral Porquê? 1 264 08/08/2010 - 18:48 Português
Poesia/Geral A dois... 1 436 08/10/2010 - 01:56 Português
Poesia/Pensamentos Um bocado de sabedoria 1 330 08/10/2010 - 01:58 Português
Poesia/Aforismo Á janela do tempo 0 434 08/10/2010 - 23:13 Português
Poesia/Pensamentos Somos... 1 500 08/11/2010 - 07:21 Português
Poesia/Geral Ilusões 2 382 08/13/2010 - 00:53 Português
Poesia/Geral Noite e Dia 1 401 08/13/2010 - 22:38 Português
Poesia/Geral Voarei 1 506 08/15/2010 - 18:20 Português
Poesia/Geral Saudades de um Universo primordial - Finalidade de mim? 1 438 08/16/2010 - 09:02 Português
Poesia/Geral Tu que passas 0 522 11/18/2010 - 16:31 Português
Poesia/Geral O que sei eu? 0 586 11/18/2010 - 16:32 Português
Poesia/Aforismo A vida flui… O momento, eterniza-o a memória 0 679 11/18/2010 - 16:32 Português
Poesia/Geral Sobre tudo e sobre nada. 0 856 02/07/2011 - 22:32 Português
Poesia/Geral Só sou o que suponho ser 0 563 02/11/2011 - 02:00 Português