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UM DOMINGO

UM DOMINGO
Vou-te buscar de manhã cedo para o café longo do Domingo. Cumprimento-te com dois beijos nas faces como sempre o faço. Retomo a marcha em direcção ao nosso destino e, aqui e ali, coloco a minha mão na tua. Naquela que tens sempre sobre a tua perna ligeiramente virada na diagonal que se dirige para o lugar do condutor onde me encontro.
Mais à frente, tiro a minha mão da tua, para a colocar sobre aquela mesma tua perna… Começo a contar-te o sonho que terei tido contigo nessa noite. Chegados ao estacionamento próximo do “nosso café”, coloco novamente a minha mão na tua perna… agora do lado de dentro… Deslizando para cima e para baixo, com apertos bem medidos na concomitância de beijos no pescoço que me ofereces e mordidas no queixo e nos lábios que me dás e se entreabrem para receber entre eles os meus…
“Chega”, dizes tu… Tomamos o nosso café e pingo nos intervalos dos olhares e entrelaçares de dedos sobre a mesa que atrai a atenção da menina que nos atendeu.
Saímos minutos depois, na direcção do carro cuja porta do lado não te deixo abrir, encostando-te a ela quando me colo por detrás de ti, para te beijar o pescoço… E uma das minhas mãos aloja-se, exploradora, entre os teus cabelos… Para os segurar e prender com um método que leva à tua nuca a ponta dos meus dedos.
Já no carro, deitas a cabeça sobre o meu colo com a mão que se te oferece todas as vezes por baixo da tua face, bem perto dos teus lábios… Lábios que me beijam os dedos de rajada. Beijo-te, por meu lado, a orelha que te segura o afago do couro cabeludo que ainda cheira ao duche acabado de tomar. Dou-te a outra mão à lateral do teu tronco, desde os teus ombros até às ancas por cima da roupa… E no fundo das costas e da tua barriga também, por debaixo da blusa e da cintura das tuas calças estrategicamente desabotoadas por instantes, toco-te mais.
Quando te levantas, outros instantes depois, brincas com o meu queixo e eu com o teu nariz.
Sorrimos e prosseguimos na direcção da casa que te foi emprestada por um familiar prestes a chegar de férias. Chegados à entrada do prédio, damos pelos lugares vazios no estacionamento, quase sempre inteiramente lotados.
“Estaciona”, dizes-me tu. “Sobe”, convidas-me depois. “Dá-me a tua mão”, pedes-me em frente ao elevador esperado, onde quando entramos te seguro pela cintura que trago para junto da minha, apenas com fitos mútuos dos nossos olhares calados, até ao quinto piso. Sais na frente e abres a porta de entrada no apartamento. Pousas o saco na cadeira mesmo em frente e viras-te para trás com os braços erguidos à altura dos meus ombros e a tua boca na trajectória da minha.
Com uma das mãos, fecho a porta atrás de mim. Quando esta bate, batem as minhas costas nela, porque me empurras para me encostares. Levas uma das tuas mãos ao meu peito e a outra a descer pelo meu dorso até ao exterior da minha coxa… e para dentro da outra coxa depois… onde ficas em delongas com mais um fito prolongado.
Roço-te com os nós dos dedos de uma das mãos na tua face. Levo-os depois à tua boca, para que mos beijes novamente… O indicador primeiro e o médio depois. Sem tirarmos os olhos de um dos olhos do outro.
Lá em baixo, as tuas ancas balançam num “swing” de coreografia atiçadora… que me enlouquece, chego a tomar como certo...
Liberto as mãos dos nossos afazeres retribuídos e aperto-te um palmo abaixo do fundo das tuas costas, puxando-te para te colar a mim, enquanto te viro numa rotação quase completa, para te encostar à parede entre a porta e o sofá.
Levanto-te um dos braços com uma das mãos e o outro braço com a minha outra mão. Ficas em posição de rendida e consentes com o olhar que te explore o corpo quente, ora por cima, ora por baixo da roupa excedentária, continuando…
Aproximo-me de ti. Afasto-te as pernas com um dos joelhos que entre elas se encaixa, quando te mordisco o pescoço entre passares de língua faminta.
Apertas-me tu com um dos teus palmos abaixo do fundo das minhas costas também… com a força toda nos teus dedos. Levas-me o corpo para se colar ao teu. Tens-me. Empolgas-te.
Subo as mãos pelas tuas coxas. Aperto-te a cintura. Paro debaixo dos teus braços e saio deles para entrar, rumo ao peito, num território familiarizado com o encaixe das palmas e dos dedos regalados.
Acima, chego-te à colagem dos lábios. Descolo-os com a saliva da minha língua e a da tua misturadas. A tua boca começa a abrir-se e o beijo dá-se. Abre-se mais e tocam-se as línguas. Abrem-se mais ainda e fundimos com a quentura que os corpos partilham.
“Aqui não”, dizes tu. Tombo-te com uma mão no cabelo, a cabeça no meu ombro. Fecho-te com a outra na blusa, o decote que se fez abrir.
Beijo-te e digo-te que está calor. Sorris e dizes que sim… que está quente…  e levas-me pela mão para o terraço.
Debruçamo-nos na beirada do prédio, lado a lado, debaixo do sol que teima em não colaborar na descida do mercúrio do entusiasmo que pulula como uma quase fome medida no ponto mais alto das escalas da fome.
Queremos alimentar-nos de cada centímetro e de cada milímetro de toques de pele que se confunde com mais pele, temperada do sal e da pimenta contidos em ingredientes saídos das próprias carnes famintas.
Viajo para a retaguarda do teu quadril atirado para a frente. Abraço-te num abraço de mãos e de braços que não se quedam mas deslizam em todos os sentidos que a mim te dão por inteiro. Beijo-te o cabelo e as costas e levantas-te para o encosto no meu peito. E levantas um dos teus braços que dobras para me tocar na face que giras, para nos tocarmos nos lábios húmidos.
Encaixas a estonteante anatomia curvilínea em mim.
Desabotoo-te botões com pressa e abotoo-tos de volta numa pressa maior. Porque paramos num “aqui também não”…
Arranjamo-nos o quanto baste para nos afastarmos da beirada do terraço e voltarmos para dentro. Arranjamo-nos melhor e saímos. Entramos no elevador e desarranjamo-nos… para nos voltarmos arranjar no último instante que antecede a reabertura da porta no rés-do-chão que poderá ter gente.
Vamos para o carro e comportamo-nos. Só as mãos se tocam… Só algumas poucas palavras banais são ditas nos poucos quilómetros que distamos do local desejado.
Chegamos. Entramos para a garagem e deixamos que a luz se apague. Ficamos um pouco…
Dirigimo-nos para o interior minutos depois, num percurso feito através de cerca de uma dezena de degraus que começas a subir na minha frente. Interrompo-te a marcha. Agarro-te. Prosseguimos, uns ósculos depois.
Entramos. Lá dentro, tudo é lembrado. Nada é esquecido... O dia acaba de começar e demora sem pressas de acabar.
No fim, faltam sete dias… Há mais.
S.L.

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quinta-feira, novembro 10, 2011 - 18:45

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Sergio Lizardo

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