CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

UM GALINHEIRO DE AVES ESCOLHIDAS A DEDO PARA PRODUZIR AUDIÊNCIAS


Os meus amigos de longa data saberão que sou defensora da transparência, qualidade que valorizo muito no ser humano, razão pela qual procuro usá-la eu própria, quando escrevo sobre o que penso, o que sinto, ou o que sou. Pensei várias vezes se deveria ou não sê-lo hoje ao confessar-lhes que, pela primeira vez na minha vida - talvez porque tive um período relativamente longo em que estive de cama - aguentei ver, na íntegra, um programa de televisão chamado “Casa de Segredos 4”, que tanta gente conhece. Como mandei instalar uma box da MEO, na minha casa, em Londres, comecei a querer ver tudo o que era transmitido pelos canais Portugueses e fui acabar no canal 13. Não se mostrem surpreendidos e/ou consternados… Foi preciso muita coragem, eu sei, para aguentar uma série de borboletas no estômago, palpitações e revolta, por constatar, com muita consternação, que me parece quase impossível que consigamos modificar, imediata e eficazmente, os ignóbeis meios de instigação e apoio à falta de respeito pelo próximo e até à delinquência, que se verificam não só na televisão, através de certos programas, mas também em variadíssimos outros campos.

Quando comecei a ver tal programa recordo que o que despertou o meu interesse foi a forma como a mãe dum tal Tierry “chafurdou”, na 1.ª gala, num lavar de roupa suja sobre Sofia, mãe da sua neta de 6 meses, em perfeito contraste com todo o bem que a jovem em causa dizia dessa senhora, dentro da Casa dos Segredos. Isso despertou o meu interesse em analisar o comportamento dela, para tentar compreender o porquê das afirmações que fez. Excluo qualquer outro concorrente além dela e de Diogo, porque todos os outros não me mereceram qualquer atenção. A promiscuidade de comportamentos e de educação foi enorme, incluindo mesmo essa garota histérica e convencida que diziam ser a de maior valor dentro da casa, mas que sempre achei esconder atrás da sua capa de “nobreza”, uma série de fobias e de “convencimentos” capazes de arrepiar a minha sensibilidade, já para não referir os seus gritinhos e tiques de menina cheia de caprichos. “Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és”. Amiga que é de Debora, não pode, talvez, ser assim tão “boa menina”. Este cenário de diferentes aberrações contrastantes, ia provocando em mim uma revolta quase insuportável, mas aguentei firme a toda uma série de termos impróprios e atitudes duma indignidade absolutamente intoleráveis e ultrajantes, características estas constantes em quase todos os concorrentes.

O que, sem dúvida, atraiu a minha atenção, repito, foi Sofia. Ela reunia contrastes de comportamento que despertavam a minha curiosidade, dia após dia, tentando ir compreendendo uma série de porquês que, desde o início, me intrigavam. Eu sabia que esta jovem era alvo de críticas implacáveis e eu queria conhecer bem porquê.  Acabei por inseri-la num espaço aberto dum puzzle do qual todos os outros deveriam fazer parte, mas que não procurei arrumar. Daí ser-me difícil encaixá-la naquele espaço. Ela foi, realmente, diferente. Mas eu repudiei, do princípio ao fim, todas as outras peças. Eu só precisava delas para perceber melhor a Sofia. Eram peças demasiado fáceis de perceber, pela suja linguagem e atitudes. Uma demonstração triste, mas fiel, de comportamentos sobejamente à margem de qualquer comentário, infelizmente muito comuns. Confesso que “vi-me à nora”, porque colocar uma peça isolada, num puzzle vazio, não foi fácil, mas deixei-a no lugar que me pareceu mais próprio, com grande pena minha, porque fiquei sem respostas a perguntas num final de “jogo”, cujos resultados me levantaram muitas dúvidas.

Por que motivo esta jovem,  independentemente de todos os defeitos e virtudes que temos de reconhecer-lhe e liderando todas as semanas o topo de preferências, com uma elevada vantagem sobre o 2.º lugar, acaba por ser destronada por um rapaz vítima de alguns pares de bofetadas e humilhações, mas cujo comportamento, para revolta de tantas pessoas, representa um ultraje à “dignidade” da mulher, ao denunciar o que fez, na intimidade, com a jovem que lhe deu acesso directo à final? Sofia conseguiu, passo a passo, eliminar todos aqueles que não faziam parte do seu grupo preferencial. Terminado o programa e não obstante o seu inesperado 2.º lugar, na final, entre quaisquer outros ex-concorrentes das 4 Casas dos Segredos, ela continua em 1.º lugar nas preferências de quem vive este jogo. Muitos a condenam, mas muitos mais a admiram. Recordo-me que a 1 minuto da final, ela batia de longe o concorrente que venceu, nas percentagens. O que teria acontecido? Não saberei responder, mas sei que a sua página oficial, depois da sua derrota, passou de 40.800 “gostos”, mais ou menos, a perto de 80.000, neste momento. Nenhum outro concorrente, pelo que foi-me dado observar, terá tantos fãs. Contudo, ela não venceu.

Amigos, analisei tudo isto contrariada pela minha incapacidade de levar a minha curiosidade sobre Sofia a uma conclusão definitiva, mas ela conquistou o meu coração, sem dúvida. Admirei a sua capacidade de jogar de forma ‘limpa’ e inteligente. Quanto ao seu par, o Diogo, não preciso de comentar. Quem viu o programa estou certa o terá já excluído do puzzle por não conseguir compreender um comportamento que prefiro ignorar por comum, infelizmente. O programa conseguiu atrair a minha atenção na tentativa de desvendar o fenómeno Sofia e nada mais. Ao longo de 3 meses, eles atraíram a si uma avalanche de admiradores de cenas em que a paixão serviu de alimento às suas próprias carências (digo eu….). Serão pessoas que, no fundo, conhecem onde esse sentimento pode, ou poderia, levá-las. Mas este casal acabou, dois dias depois de terem dado vida a uma história “apaixonante”, em duas posições extremamente opostas: Sofia sendo mais amada do que odiada e Diogo sendo mais odiado do que amado.

Não seria capaz de responder a quem possa desejar perguntar-me por que motivo escrevi um texto sobre um tal programa. A resposta teria de ser extraída dum outro puzzle que também nunca consegui completar: o dos meus próprios comportamentos.

Maria Letra

Submited by

terça-feira, janeiro 7, 2014 - 07:47

Prosas :

No votes yet

Maria Letra

imagem de Maria Letra
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 4 dias 21 horas
Membro desde: 11/20/2012
Conteúdos:
Pontos: 2676

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of Maria Letra

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Poesia/Tristeza TEMPOS QUE O TEMPO TE DEU 0 1.530 08/15/2013 - 11:08 Português
Poesia/Tristeza PERDÃO, MÃE! 0 4.662 08/13/2013 - 10:45 Português
Poesia/Geral O LADO MAU DA CULTURA 0 1.161 08/11/2013 - 18:00 Português
Poesia/Geral INDIFERENÇA 0 1.277 08/09/2013 - 17:52 Português
Poesia/Poetrix ESPAÇOS MEUS 0 1.771 08/09/2013 - 10:55 Português
Poesia/Amor ETERNAMENTE..., O AMOR! 0 1.094 08/06/2013 - 21:04 Português
Poesia/Paixão PAIXÃO 2 936 08/06/2013 - 10:31 Português
Poesia/Tristeza SAUDADE 0 874 08/05/2013 - 12:18 Português
Poesia/Amor JÁ NADA ME PRENDE AQUI 0 2.357 08/04/2013 - 21:28 Português
Poesia/Geral VIAJANTES SEDENTÁRIOS 0 1.215 08/04/2013 - 15:12 Português
Poesia/Geral A CULPA NÃO É DO DIA (de quem é, então?) 0 1.834 08/03/2013 - 18:46 Português
Poesia/Geral MUDAR DE RUMO 0 1.017 07/30/2013 - 20:31 Português
Poesia/Geral RELATO DUMA HERANÇA 0 624 07/29/2013 - 01:38 Português
Poesia/Intervenção AMBIÇÕES CORRUPTAS 0 1.219 07/27/2013 - 00:02 Português
Poesia/Amor MESMO QUE EM SONHO 0 994 07/26/2013 - 17:53 Português
Poesia/Geral PREPOTÊNCIA CONJUGAL 0 788 07/23/2013 - 22:22 Português
Poesia/Geral DISTÂNCIAS 0 1.368 07/23/2013 - 18:18 Português
Poesia/Geral MEUS MININO D'OIRO 0 3.234 07/23/2013 - 13:24 Português
Poesia/Geral QUANDO, PARA UMA CRIANÇA, UM POUCO DE TANTO, BASTA! 0 1.042 07/17/2013 - 11:39 Português
Poesia/Geral RIMA CAÓTICA 0 969 07/17/2013 - 00:59 Português
Poesia/Geral MINHA OPÇÃO: SER FELIZ! 1 1.663 07/16/2013 - 17:17 Português
Poesia/Geral TEU MAR AZUL - Cabo Verde 0 24.474 07/16/2013 - 12:30 Português
Poesia/Intervenção GLOBALIZAÇÃO 0 918 07/13/2013 - 18:07 Português
Poesia/Geral Poema a PABLO NERUDA 0 620 07/13/2013 - 11:57 Português
Poesia/Geral A PALAVRA 0 802 07/05/2013 - 02:16 Português