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UMA PEQUENA TRAVESSURA,,,
E continuo a escrever. Faço-o por capricho, pelo gosto de captar o momento, pois sei que dele depressa se faz outro e outro e outro ainda, como acontece na vida, com os amigos e com as vãs promessas de amor eterno.
Escreverei pois assim:
Há homens que, de olhar pasmado, olham as coisas, o mundo, a vida e as pessoas e, resignados às circunstâncias, se limitam a perguntar "porquê". Mas também os há, todavia, que sonham o inverosímil e perguntam "porque não".
A diferença entre a normalidade e a genialidade, reside na atitude que norteia a acção de um e de outro, não esquecendo nunca porém, que na sua imobilidade, sem se dar conta, o cobarde age também.
O "normal", conforma-se com a realidade tal como esta se lhe apresenta. Vive sem qualquer mecanismo de obturação e não só se revela incapaz de intuir a existência de outras formas de olhar, como, no cúmulo da sua cegueira, não vê, nem percebe, que navega à deriva num mar de imprevistos que se esqueceu de domar. Assim, lutando contra os ventos e as marés do inusitado, absoluto refém de um universo que criminosamente limitou à sua cobarde visão, por força da inércia, não chega a lado algum.
Já o "génio" com descarado arrojo, diverte-se a extrapolar a sua realidade. Inventa, salta de um lado para o outro, brinca com ela e desnuda-a descobrindo-a multifacetada. Vislumbra outras verdades ocultas para lá da parede que se forma entre o ângulo obtuso do "normal" e o esplendoroso arco-íris do espectro universal. Pelo percurso, ignora os brados do "normal" que o apelida de tolo, insano e irresponsável, pois sabe que no fim, aquele o aplaudirá em delírio, deleitando-se no rasto de luz que atrás de si deixará derramado.
E assim se faz a história dos homens... Dos que fazem e que, enquanto o fazem, são abomináveis loucos arrogantes, irresponsáveis agitadores do equilíbrio das coisas sãs; e dos que não fazem, por comodismo e cobardia e que, normalmente a título póstumo, se lambuzam nos caminhos pelos primeiros desbravados.
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