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A dignidade da exaustão
voce acorda com os olhos ressequidos
onde se veem as pequenas crostas de remela,
à sua frente há o computador
jazendo a dois passos pequenos da cama
na qual voce dorme e desperta há mais de 15 anos,
o calor enxerta na sua pele
o visco de um suor que vencera
a brisa do ventilador que não pára
e algumas pessoas,já tão cedo,
palavream sobre a manchete do dia
na mesa do café matinal.
"Homem é assanidado por não sei quem em não sei onde"
há os livros da universidade
lhes acenando de modo a não esquecer-se
das responsabilidades.
com olhos curvos voce os contempla
e se despe,visto isso,a ansia
escondida tímida dentro da alma,
e há a necessidade involuntária de não existir
nem para si nem para ninguém,
contudo todos olvidam o seu sublime desejo
de não ir mais adiante.
mas voce existe e é dono de uma vida
que não pedira.deve resguardá-la
até as últimas consequencias
e desgaste de si mesmo,
pois,quando olha ao seu lado vendo que
há somente os livros,as converas
sobre as manchetes e o pão matinal a ser comido,
sente que não se morre
por nada senão pela própria
sensação de vida.
a escova dos dentes gira laboral
frente a sua boca,
uma imagem difusa do seu rosto
com barba se reflete no espelho
ofuscado pela umidade,
corre escuma branca ao canto
do seus lábios muito rubros
e,com os leves jatos d’água
que descem rápidos pela torneira,
voce higieniza as
partes sujas molhando-as.
todos voltam os olhos para si
quando,desde o arrastar das sandálias,se anuncia
a sua chegada à mesa.
o pequeno cão de estimação
também se acordara cedo
e vira-lhe os olhos como os outros
ao se mostrar,alto e inexpressivo, à porta.
voce os cumprimenta com a timidez
singular que lhe acompanha desde criança
e,na força de uma cordialidade nostálgica
e pouco sincera,voce lhes diz "bom dia".
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